Partidos de centro-direita evitam embarcar de “bate-pronto” em uma candidatura de Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência da República e veem espaço para a construção de um nome alternativo para 2026. De acordo com lideranças ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, ainda há desconfiança de que a pré-candidatura de Flávio não vai se sustentar até o fim e que se trata somente de uma estratégia momentânea de comunicação para manter o nome Bolsonaro na liderança da oposição.

Partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o Republicanos, adotou o tom de cautela ao falar de um apoio a Flávio e deve aguardar uma definição maior do cenário para se posicionar. Três dias após Flávio anunciar a intenção de concorrer, Tarcísio ainda não deu declarações públicas sobre a decisão. O governador é defendido por parte do centrão como nome para o ano que vem. O presidente da sigla, Marcos Pereira, foi convidado para uma reunião com Flávio, mas não deve participar.

Em agosto deste ano, Pereira havia demonstrado entusiasmo com a possibilidade de Tarcísio concorrer à Presidência. “Quem sabe, se a conjuntura permitir, teremos um candidato a presidente, não é, Tarcísio?”, afirmou em uma festa do partido. A jornalistas, no domingo, 7, Flávio disse que, assim que conversou com o seu pai na última terça-feira sobre ser candidato à Presidência, reportou a decisão a Tarcísio. Segundo o senador, o governador teve uma reação “muito boa”.

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, tampouco se manifestou publicamente. Kassab é um dos maiores defensores da escolha de Tarcísio, e a sigla conta ainda com a pré-candidatura do governador do Paraná, Ratinho Jr., que apareceu como um dos mais competitivos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última pesquisa CNT/MDA, divulgada em 25 de novembro.

Flávio tem mantido conversas constantes com integrantes do Centrão, como o presidente do PP, Ciro Nogueira, e tenta captar o apoio do espectro, inclusive, com uma possível composição de um vice de chapa. Além do PP, o senador tenta buscar apoio de partidos como União Brasil, PSD e Republicanos. Considera, no entanto, pouco provável o endosso formal de siglas como o MDB, com o histórico de liberar as bancadas estaduais.

Segundo uma ala do Centrão, a expectativa é de que o bloco espere até o ano que vem para decidir como se portar na eleição presidencial e que “em dezembro, nunca se decide um nome”. É levado em consideração que Flávio “tem diálogo com muita gente” e pode se fortalecer, mas que, por outro lado, tem uma eleição tranquila para mais um mandato de oito anos como senador do Rio de Janeiro. Há avaliações de que é improvável que o parlamentar deixe de lado o pragmatismo de uma reeleição segura para “entrar em uma bola dividida” na disputa contra Lula.

Ao mesmo tempo, há avaliações de que o anúncio da pré-candidatura de Flávio mobiliza as atenções para a família Bolsonaro até o início do ano que vem, o que representaria um acerto do ponto de vista da comunicação, avaliam, porque “deixa a chama acesa” e mantém o nome do ex-presidente em evidência.

O senador anunciou na última sexta-feira, 8, que recebeu o aval de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para concorrer à Presidência e ser o nome do bolsonarismo na disputa. No mesmo dia, integrantes da família Bolsonaro, como Eduardo e Michelle, foram às redes sociais defender a escolha. No fim de semana, o “filho 01” de Bolsonaro disse à TV Record que o “preço” para não continuar com a sua pré-candidatura é ter a liberdade de seu pai, com o nome dele nas urnas.