Política

CNJ cobra explicação da vice-presidente do TRT-ES por mensagens de Whatsapp

Magistrada é acusada de compartilhar vídeos de "extremistas políticos" e conteúdo depreciativo contra ministros do STF; defesa nega

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TRT-17 e a desembargadora Chamberlain
Foto: Reprodução/TRT-17

A vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (TRT-17), Marise Chamberlain, responde a um processo disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) devido a mensagens enviadas em um grupo de Whatsapp com magistrados do Espírito Santo.

Segundo a reclamação apresentada por desembargadores do tribunal, Chamberlain estaria “mantendo comportamento inadequado em grupo de WhatsApp associativo” (o Anamatra-17), compartilhando vídeos de “extremistas políticos” e conteúdo depreciativo contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

À reportagem, a defesa disse que “a magistrada sempre agiu de forma imparcial e isenta, com respeito incondicional aos valores democráticos”.

Conforme o documento, a vice utilizava linguagem intimidatória e agressiva contra os magistrados do grupo, “demonstrando comportamento incompatível com a magistratura” e falta de comprometimento com a “imparcialidade judicial”.

Os desembargadores afirmam que a magistrada “nas redes sociais, não se preocupa em reproduzir publicações de idolatria e apologia aos atos e atores do movimento da extrema-direita que graça no país, instigando, ainda que de maneira subliminar, os cidadãos contra o Estado Democrático de Direito e seus respectivos mecanismos de exercício da cidadania”.

Tendo em vista a ordem natural de sucessão à presidência do TRT-17, que levaria Chamberlain ao comando da corte, os reclamantes argumentam que as atitudes “antiéticas” da desembargadora são incompatíveis com o cargo.

Devido aos “potenciais riscos à administração judicial” que os desembargadores alegam que a eleição da magistrada poderia representar, eles pediram ao CNJ o afastamento liminar dela, ou ao menos de cargos diretivos.

Ao final do processo, também solicitam a aposentadoria compulsória de Chamberlain ou sua vedação permanente de ocupação de cargos de direção.

Apesar de reconhecer a “gravidade” do que foi narrado, o corregedor nacional, ministro Mauro Campbell Marques, negou a liminar para afastar a vice-presidente do cargo e deu 15 dias para que ela se manifeste. A decisão foi assinada no último dia 8.

O que diz a defesa de Chamberlain

O advogado de Marise Chamberlain, Ludgero Liberato, disse que “apresentará defesa escrita, nos autos, demonstrando que a magistrada sempre agiu de forma imparcial e isenta, com respeito incondicional aos valores democráticos”.

Também pontuou “que o pedido para que a desembargadora seja impedida de disputar a presidência do TRT, formulado há mais de um ano da data da eleição, carece de fundamento jurídico e revela verdadeira tentativa de interferência na autonomia do Tribunal Regional do Trabalho a quem competirá, no momento adequado, eleger seus integrantes”.

Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.