Política

“Coloca mais lenha na fogueira”, diz Casagrande sobre prisão de Bolsonaro em meio ao tarifaço

Governador avaliou o impacto da decretação da prisão do ex-presidente nas negociações das tarifas impostas por Trump

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Renato Casagrande governador ES tarifaço
Renato Casagrande, governador do Espírito Santo. Foto: Hélio Filho/Secom

O governador Renato Casagrande (PSB) mostrou preocupação com a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em meio às negociações sobre o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros.

Em entrevista nesta terça-feira (05) à Record News, o governador avaliou que a decisão tomada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, nesse momento, aumenta a polarização.

Segundo Casagrande, isso pode prejudicar o esforço que o governo e o setor empresarial vêm fazendo para encontrar uma saída às novas tarifas, que entraram em vigor hoje (06).

“Dizem que nada é tão ruim que não possa piorar, né? (…) De fato, a decisão nesse momento, às vésperas da incidência (do tarifaço), como o argumento do presidente Trump é político e ideológico, isso naturalmente coloca mais lenha na fogueira da reação do presidente Trump com o Brasil e polariza mais”, disse Casagrande ao ser questionado se a prisão impactaria nas negociações.

A prisão domiciliar de Bolsonaro foi decretada na última segunda-feira (04). Moraes alegou que o ex-presidente descumpriu, pela segunda vez, medidas cautelares impostas pela Suprema Corte.

Na decisão, o ministro apontou que Bolsonaro utilizou as redes sociais de aliados e dos filhos para divulgar mensagens com “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”.

A decretação da prisão veio um dia após o ex-presidente participar, por meio de videochamada, de uma manifestação em Copacabana (RJ), convocada por bolsonaristas.

A Casa Branca repudiou a decisão e prometeu retaliações a quem auxiliar ou incentivar a conduta do ministro Moraes – a quem chamou de “violador de direitos humanos”.

“STF não pode ser humilhado”

Casagrande evitou analisar o mérito da decisão do STF, mas defendeu que o momento de aplicar a decisão pode ser melhor avaliado. Ele disse também que a Suprema Corte não pode ser humilhada.

Lógico que nós não podemos ficar analisando o mérito da decisão do Supremo Tribunal Federal e do ministro Alexandre de Moraes (…) Lógico também que o STF não pode ser enfrentado e humilhado. Então, o momento da tomada de decisão é que pode ser avaliado, para poder diminuir a energia dessa polarização, porque a polarização atrapalha todo o ambiente econômico e as saídas que o Brasil tem que ter”, afirmou.

Casagrande citou a obstrução que a oposição tem feito no Congresso após a decretação da prisão:

“A polarização do jeito que está no Brasil hoje torna o terreno estéril. Você vê que hoje (ontem) o Congresso está engessado, com a Mesa Diretora dominada, as comissões paralisadas (…) Por exemplo, a votação da isenção do Imposto de Renda, que está no Congresso Nacional. Nesse ambiente de travamento de pauta, não vota uma matéria como essa”.

Para o governador, há quem se beneficie desse ambiente de corda esticada: “Essa polarização interessa algumas pessoas, acho até que a decisão da prisão domiciliar do presidente Bolsonaro alimenta o debate e os apoiadores do ex-presidente com mais energia”.

E, por fim, defendeu o diálogo: “Então, é necessário que a gente possa encontrar pessoas de um lado e de outro com capacidade de fazer diálogo e criar um ambiente de mais equilíbrio”.

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.