Com quem vai ficar o ninho socialista?

Congresso do PSB da Serra

Na eleição de 2018, quando o governador Renato Casagrande (PSB) venceu em 1º turno, ele tinha em sua coligação 18 partidos e o grande questionamento, naquela época, era como o governador iria acomodar todas as legendas de sua base em seu novo governo.

Passaram-se três anos, alguns partidos se afastaram um pouco do governador, outros se achegaram, teve quem deu uma voltinha na oposição e depois retornou e, às vésperas de mais uma eleição, quando os partidos se movimentam para fechar coligações, federações e decidir a vida, um novo questionamento volta ao cenário político: como o governador vai fazer para manter partidos com candidaturas presidenciais tão divergentes em seu palanque, caso seja candidato à reeleição?

A vinda do presidenciável do PDT ao Estado expôs o que o partido espera de Casagrande: que ele dê palanque a Ciro Gomes na campanha em troca do apoio do PDT ao projeto do PSB, seja ele o de reeleição do governador ou de outro nome apoiado por ele. O desejo é legítimo, uma vez que o PDT faz parte da base aliada e do governo, comanda o maior município do Estado e tem a 11ª maior bancada na Câmara Federal. A aposta dos pedetistas é que a dobradinha se repita, uma vez que o governador Casagrande apoiou Ciro no 1º turno das eleições de 2018.

A questão é que outros partidos, também da base aliada ou com certa aproximação com Casagrande, também com presidenciáveis, também com muito a oferecer em termos de aliança (recursos dos fundos para campanhas e tempo de TV), têm o mesmo desejo.

Questão: PSDB

Em outubro, quando o governador gaúcho Eduardo Leite esteve no Estado em sua campanha para as prévias do PSDB – o governador paulista João Doria o venceu e será o candidato do partido à Presidência da República –, o PSB e o PSDB falavam na possibilidade de um palanque duplo no Estado.

Uma vez que os socialistas não terão candidato à Presidência da República, a proposta era que o palanque do PSB no Estado pudesse abrigar os presidenciáveis do PDT, Ciro Gomes, e do PSDB, João Doria. Para que isso vingasse, porém, seria necessário não ter o PT na coligação, por exigência do PSDB, conforme noticiou a coluna.

Questão: PT

Jackeline e Lula
Crédito: arquivo pessoal

Hoje, o PT não faz parte do governo Casagrande. Mas também não é da oposição, mantendo uma boa relação com o Palácio Anchieta, principalmente com seus representantes nos legislativos capixabas.

O senador Fabiano Contarato, que pode ser candidato ao governo do Estado, anunciou hoje a desfiliação da Rede Sustentabilidade para se filiar ao PT. Além de ter um nome forte, no cenário nacional, disputando o Palácio Anchieta, o PT quer ter um palanque no Estado para a pré-candidatura do ex-presidente Lula.

O PSB, por sua vez, sabe que uma candidatura de Contarato ao governo divide os votos da esquerda. E é por isso que há um esforço concentrado para que Contarato e o PT estejam com Casagrande. Uma solução seria a formação de uma federação, debatida nacionalmente, entre PT, PSB e PCdoB – o que o governador, que é também secretário-geral nacional do PSB, é contra. Outra saída seria o PT coligar com o PSB e abrir mão da candidatura ao governo.

Mas para o PT abrir mão de ter um palanque próprio e apoiar Casagrande, o governador teria de apoiar Lula à Presidência e tirar Sérgio Moro (Podemos) do seu palanque. “O Podemos faz parte do governo do Renato (Casagrande). A gente sabe que dentro do governo começa um projeto pró-Moro. Isso pode nos distanciar. Já abrimos o processo de discussão sobre isso. Claro que depende do PT nacional, mas não vai ter espaço para palanque neutro. E isso pode colocar o PSB numa situação difícil”, disse a presidente do PT no Estado, Jackeline Rocha, à coluna De Olho no Poder.

Questão: Podemos

Gilson Daniel e Sergio Moro
Crédito: Arquivo pessoal

Da mesma forma, o Podemos também não quer dividir um palanque com o PT no Estado. “Não existe hipótese do Podemos estar no mesmo palanque do PT”, disse à coluna o presidente do Podemos capixaba e também secretário estadual de Governo Gilson Daniel, logo após ser nomeado pelo Podemos nacional para ouvir as demandas dos prefeitos de todo o País e ajudar na formação do plano de governo de Moro.

Mas Gilson, ao menos, já definiu o rumo do partido. “Nós ficaremos com Casagrande. Isso já está resolvido internamente no partido. Todas as nossas lideranças são Casagrande”, disse o secretário, que contou que irá trabalhar para que Casagrande apoie Moro à Presidência.

À medida que as eleições se aproximam, aumenta a pressão para que o PSB e o governador Renato Casagrande definam o rumo que irão tomar. Seja qual for, não irão conseguir agradar a gregos e troianos, ainda que Casagrande já tenha dito, em entrevista para a JP News Vitória, que pretende liderar um projeto de frente ampla. Quem quer estar na pele da cúpula do PSB?

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Ex-goleiro da Seleção se filia ao PSB

Casagrande, Carlos Germano e Ted Conti
Crédito: Ascom / Ted Conti

O ex-goleiro do Vasco e da Seleção Brasileira na Copa de 1998, Carlos Germano se filiou na tarde deste domingo ao PSB, após receber convite do deputado federal Ted Conti. A princípio, Germano diz que não é candidato a nada, mas está à disposição do partido. O ex-goleiro é de Domingos Martins e tem um projeto de base no Estado para revelar talentos locais do futebol.

A filiação ocorreu durante encontro estadual do PSB, em Vila Velha, e contou com a presença de Ted e do governador Renato Casagrande, além dos deputados Eustáquio de Freitas e Dary Pagung, entre outras lideranças socialistas. Duas coisas chamaram a atenção: a ausência do deputado Bruno Lamas (PSB) e a presença do emedebista Hércules Silveira. Nos bastidores, Hércules estaria à procura de um novo abrigo para deixar o MDB.