“Governador vai criar condição para poder apoiar Moro”, diz Gilson Daniel

O secretário estadual de Planejamento, Gilson Daniel, que é o presidente do Podemos no Estado, saiu bastante animado do encontro com o governador Renato Casagrande (PSB) e o presidenciável do seu partido, o ex-ministro Sergio Moro. Segundo ele, foi ratificado o apoio e o compromisso que o Podemos tem com Casagrande, que ficou de “criar condições” para retribuir o apoio a Moro.

“O Podemos do Espírito Santo já tem um compromisso fechado com Casagrande. Renata Abreu (presidente nacional da legenda) e Sergio Moro vieram firmar esse compromisso. Eles conversaram sobre diversas pautas, Moro recebeu muitas orientações do governador em pautas nacionais, como no campo econômico, nas reformas, nas questões sociais. Foram vários assuntos”, afirmou.

E acrescentou: “O governador não declarou ainda se é candidato à reeleição. Mas ele disse que o Podemos está organizado, que está na chapa dele e que vai criar condições para poder apoiar o Moro aqui, para ter uma força política do Moro aqui no Estado. Estaremos no palanque de Casagrande, automaticamente nós vamos ter um movimento do Moro no palanque de Casagrande”, afirmou o secretário, sem titubear.

Questionado se o compromisso permanece o mesmo caso o PSB federe com o PT e se iria dividir o palanque com petistas, Gilson Daniel disse que sim. “A questão nacional não influencia na decisão do Podemos estadual. O PDT tem o Ciro Gomes, que também vai estar no palanque. “Nós não temos candidatura majoritária (ao governo). Nossa candidatura majoritária é Casagrande e Moro”, garantiu Gilson. Ele disse que também está em discussão o lançamento de um nome ao Senado, mas que isso será definido mais pra frente.

A posição do presidente do Podemos com relação à possibilidade de dividir o palanque de Casagrande com outros presidenciáveis mudou com relação ao ano passado. Logo que foi nomeado pelo Podemos nacional para ouvir a demanda de prefeitos na formação do plano de governo de Moro, a coluna De Olho no Poder questionou o secretário sobre o mesmo assunto, no que Gilson respondeu: “Não existe hipótese do Podemos estar no mesmo palanque do PT”, cravou à época.

Já o PT, não parece ter flexibilizado nem um milímetro sobre a resistência que tem em dividir palanque com o ex-ministro Sergio Moro. Em novembro passado, a presidente do PT capixaba, Jackeline Rocha, em entrevista para a coluna De Olho no Poder, disse que não teria espaço para Casagrande declarar um palanque neutro e que não teria condições de dividir o palanque com Moro e seus apoiadores. “Isso pode nos distanciar”, disse Jackeline, à época, referindo-se à relação entre PT e PSB.

A visita de Moro ao Estado e, principalmente, o encontro com Casagrande, provocou ruídos entre socialistas e petistas. Alguns foram parar até nas redes sociais. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, publicou, na sexta-feira (11), em seu Twitter: “O projeto da Federação é importante para o PT e para as forças populares. Seguimos debatendo internamente com PSB, PCdoB e PV. E a perspectiva é positiva sim, apesar dos que jogam contra. Em 10 dias teremos nova reunião”, disse Gleisi, sem citar nomes.

A Juventude do PSB emitiu nota defendendo o governador. “O Podemos compõe a base do governo com um de seus principais quadros, o ex-prefeito de Viana, Gilson Daniel. O governador já recebeu Ciro Gomes, Eduardo Leite, João Doria, Cabo Daciolo, e, bem recentemente, o ex-governador baiano e senador Jacques Wagner, do PT”, diz trecho da nota. Que continua:

“Casagrande sempre se destacou como um progressista, foi e é um dos governadores críticos das ações do governo Bolsonaro e, nem por isso, fecha as portas do Palácio Anchieta para seus ministros ou até mesmo para o Presidente. Assim funcionam as democracias”, diz o documento.

Casagrande concordou!

E o assunto da visita tende a render. Na manhã deste sábado (12), o subsecretário estadual de Políticas sobre Drogas, Carlos Lopes, fez uma postagem no Twitter que contou com a concordância do governador, o que pode acirrar ainda mais os ânimos entre socialistas e petistas durante a semana.

“O PT quando esteve no poder fez aliança até com satanás, agora vem querer regular quem o governador recebe? Me poupem desse falso moralismo ou puritanismo ideológico!”, escreveu. No comentário, Casagrande respondeu: “Boa afirmação, amigo!”.

Em entrevista para o programa “De Olho no Poder”, na rádio Jovem Pan News Vitória, Casagrande já tinha se mostrado bastante resistente sobre a formação da federação. O mercado político avalia que Casagrande tem mais a perder do que a ganhar com o arranjo. Casagrande defende a formação de uma base ampla, com partidos de centro, esquerda e direita, para o pleito de outubro. A federação com o PT o limitaria, em parte, nesse projeto.

Embora ainda não tenha batido o martelo e dito que é candidato à reeleição, Casagrande garante que vai liderar um projeto para apresentar à sociedade.

Moro curtiu!

O ex-ministro Sergio Moro aproveitou a vinda ao Espírito Santo para subir ao Convento da Penha e, no almoço, comer moqueca capixaba. E parece ter gostado bastante, porque fez questão de postar em seu Twitter. Assim como também postou um trecho do 7º Encontro Folha Business, evento da Rede Vitória em parceria com a Apex Partners em que falou sobre “O que esperar da Terceira Via”.

 

Manato não curtiu!

O ex-deputado e pré-candidato ao governo Carlos Manato que não gostou nada da presença de Moro em terras capixabas. Tanto que estava compartilhando postagem em que chama Moro de traidor e compara o tamanho de uma das agendas do ex-ministro com uma sua, apoiada por Bolsonaro.

O presidente do Podemos e anfitrião de Moro no Estado, Gilson Daniel, porém, disse que todos os encontros marcados tiveram boa adesão. Lideranças do partido compartilharam vídeo do encontro da sigla com Moro, que ocorreu na manhã deste sábado em Vila Velha após o café da manhã com Casagrande. O vídeo mostra que o local estava lotado.