PP quer indicar vice-governador ou nome ao Senado

O deputado federal Josias da Vitória (Cidadania), que coordena a bancada federal capixaba, se filia ao PP no próximo dia 11, aqui no Estado, com a presença do presidente nacional da legenda, o ministro Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira.

Em se tratando da relação com os governos federal e estadual, a mudança partidária muda muito pouco para Da Vitória. Embora o deputado esteja deixando um partido de oposição ao governo federal para um que está na base aliada, Da Vitória já tinha uma relação de proximidade com o presidente Jair Bolsonaro, o que deve ser reforçado com sua ida para o PP.

No Estado, assim como o Cidadania, o Progressista faz parte da base aliada de Casagrande, tem indicações na gestão, como o secretário de Desenvolvimento Urbano, Marcus Vicente (presidente estadual do PP), além de outros nomes em cargos menores.

O que muda, porém, são as pretensões do novo partido com relação ao pleito de outubro. Tudo indica que o PP vai continuar caminhando com Casagrande. Mas, a legenda quer fazer parte da eleição majoritária, seja indicando o nome do vice na chapa do governador ou indicando o nome ao Senado, contando, claro, com o apoio de Casagrande e da frente ampla que o socialista quer formar.

Da Vitória justifica a intenção do novo partido. “O PP é um partido muito grande, vai ser muito importante para a eleição de governo do Estado. Nós não estamos com uma missão de ter candidato a governador mas temos sim a missão de estarmos participando de uma eleição majoritária, de Senado ou de vice. O partido tem todos os requisitos e direitos de dialogar com o candidato a governador sobre isso”, disse Da Vitória ao programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, na rádio Jovem Pan News Vitória (90.5 MHz), nesta quinta-feira (17).

O PP, hoje, tem a quarta maior bancada no Congresso Nacional. Segundo Da Vitória, a tendência é que aumente com novas filiações que devem ser feitas no período da janela partidária.

“Não é uma decisão do Da Vitória, mas do partido. O PP é muito grande, vai ter uma boa construção para 2022, e entende que merece, sim, nas composições que possa fazer para a eleição de governo do Estado, ter candidato a senador ou a vice-governador, porque tem tamanho para que possa dialogar sobre isso”, disse Da Vitória.

O pleito é legítimo. A questão é que outros partidos da base aliada do governador têm o mesmo pleito. Um deles, por exemplo, é o Podemos, do secretário de Planejamento Gilson Daniel. O secretário já disse, anteriormente, que quer indicar um nome à única vaga de Senado que estará em jogo nesse ano. Embora o Podemos não tenha o mesmo peso no Congresso que o PP, Gilson é um dos nomes fortes do governo Casagrande. Ele ocupa uma das principais secretarias, tem influência sobre diversas áreas da gestão e assento permanente na cúpula do governo.

O Podemos e seu presidenciável Sergio Moro são, aliás, os pivôs dos desentendimentos entre o PSB e o PT que, nacionalmente, negociam formar uma federação. A visita de Moro ao Estado e o fato de ter se reunido com o governador geraram reclamações da ala petista e, pelo menos por ora, a federação subiu no telhado.

Além do Podemos, o MDB também quer o apoio de Casagrande e da frente ampla para a vaga de Senado. A senadora Rose de Freitas é pré-candidata à reeleição e, desde que assumiu o comando do partido no Espírito Santo, tem feito gestos de aproximação com Casagrande – quando o ex-deputado Lelo Coimbra estava à frente do partido, o MDB estava mais próximo do ex-governador Paulo Hartung e fazia críticas contundentes à gestão Casagrande.

Nessa semana, Casagrande se reuniu com a senadora e a cúpula do MDB em Brasília. A pauta da reunião não foi informada, mas gerou burburinhos no mercado político de que a discussão possa ter girado em torno de uma possível aliança entre MDB e PSB, visando as eleições de outubro.

É fato que, numa construção de frente ampla, uma chapa pode ter vários candidatos. Mas, a pressão para que Casagrande “adote” um único candidato e o apoie tende a aumentar.

Da Vitória migra para o PP no dia 11 de março / crédito: Assessoria de Comunicação

Questionado se o nome do PP a disputar o Senado será o dele, Da Vitória não cravou. Mas também não descartou. “A princípio, sou pré-candidato a deputado federal, tenho focado muito na atuação do mandato, não posso decidir uma eleição majoritária sem diálogo com partidos, com os membros. Mas, vou estar escalado para o que o partido precisar”.

Perguntado também se estará no palanque de Casagrande, Da Vitória respondeu: “Só se ele não quiser. O PP está no governo dele, tem uma relação muito próxima, o governador tem boa relação e parceria com o partido”.

Da Vitória x Meneguelli

O deputado federal foi questionado se, na possibilidade de ser mesmo candidato a senador, como ficaria a disputa em seu reduto eleitoral, Colatina, uma vez que o ex-prefeito Sergio Meneguelli é cotado para disputar o mesmo posto, pelo partido Republicanos.

Da Vitória disse que é natural os partidos e os pré-candidatos se movimentarem agora, mas que até a data do registro de candidatura, muita água ainda vai rolar. “Até o registro da candidatura é uma eternidade. Naturalmente, não só ele (Meneguelli), mas todos os candidatos podem se encontrar num diálogo mais à frente”. Da Vitória sinalizou para uma possível composição com o ex-prefeito.

Da Vitória x Evair

O deputado federal Evair de Melo (PP), que é vice-líder de Bolsonaro na Câmara Federal, também tem sido cotado para disputar o Senado. E como não consta, até o momento, de que o deputado irá mudar de partido, Da Vitória foi questionado sobre uma possível disputa interna pela vaga.

“Eu fico muito feliz se tiver o Evair como um pré-candidato a senador. Ele é vice-líder do presidente da República. Entendo que um partido precisa dialogar muito pra oferecer uma chapa majoritária, alguém que complementa, para dar segurança e garantir uma eleição”, disse Da Vitória. Questão é saber se Evair sairia como candidato ao Senado numa chapa comandada pelo governador, que é seu alvo, dia e noite, de críticas e ataques.

Da Vitória descartou a possibilidade do partido, nacionalmente, fazer qualquer ingerência no Estado. Ou seja, ainda que o PP feche com Bolsonaro para a reeleição, no Espírito Santo, o PP ficaria livre para decidir seu melhor caminho. Esse é o acordo, segundo Da Vitória. Só o tempo dirá se ele será cumprido.

Na íntegra

O deputado federal também falou sobre a relação do Congresso com o STF, sobre impeachment de ministros, previsão das obras federais no Estado, projetos para a área de segurança e sobre a coordenação da bancada federal capixaba. A entrevista na íntegra pode ser ouvida aqui: