PTB com aliado de Casagrande e deputado quer criar o Dia da Hipocrisia

Adilson Espíndula / crédito: Ales

Confusão no PTB: partido volta para as mãos de aliado de Casagrande

A confusão que se estabeleceu na presidência do PTB nacional chegou ao Estado também e pode mudar os rumos do partido em terras capixabas. Na última segunda-feira (07), o então presidente do PTB-ES, Bruno Lourenço, foi destituído do comando da sigla e ontem o partido voltou para as mãos do deputado estadual Adilson Espíndula. Ex-presidente do PTB de Vitória, o vereador Anderson Goggi foi nomeado secretário-geral.

Adilson era presidente estadual do PTB até 2020, quando foi destituído pouco depois das eleições municipais. O partido, que já tinha feito alianças em diversos municípios, sofreu ingerências. Em Vitória, por exemplo, estava tudo combinado para caminhar com o deputado Fabrício Gandini na disputa à Prefeitura da capital, mas, de última hora, o partido foi para a aliança com Capitão Assumção. Roberto Jefferson proibiu coligar com partidos de centro-esquerda.

Adilson é aliado do governador Renato Casagrande e, se continuar na presidência, deve levar o partido para apoiar o socialista, frustrando assim os planos da família Manato e do PL. O PTB foi o único partido, até então, que fechou aliança com o PL e garantiu legenda para a deputada federal Soraya Manato disputar a reeleição.

O PTB também é, ou era, o grande trunfo do ex-deputado Carlos Manato em sua filiação ao PL. Ele sempre disse que iria se filiar no mesmo partido do presidente Bolsonaro para ser candidato ao governo e que para não pesar o PL com duas candidaturas majoritárias – a dele ao governo e a de Magno Malta ao Senado –, Manato prometeu levar uma sigla junto, o PTB, para contribuir com o tempo de TV, fundo partidário e com a chapa.

Se o partido permanecer nas mãos de Adilson, o PL vai perder seu único aliado até agora, a direita vai perder um partido para a eleição e Soraya vai ficar desabrigada, correndo o risco de não conseguir um partido a tempo para disputar a reeleição, já que o PL, partido em que está seu marido, fechou as portas para ela. A janela para a troca partidária se encerra no dia 1º de abril.

“Ato será anulado”

O advogado do PTB nacional, Luiz Gustavo Pereira da Cunha, disse que o ato que destituiu Bruno Lourenço e filiou o deputado Adilson Espíndula é ilegal e será anulado. Ele explicou que Graciela Nienov foi destituída da presidência do diretório nacional e que um novo presidente – Marcus Vinicius Neskau, ex-genro de Roberto Jefferson – foi eleito no último dia 11.

A destituição de Graciela veio após o vazamento de áudios de um grupo de conversas em que, supostamente, Graciela estaria conspirando contra Jefferson. Desde então começou uma guerra no partido e tanto a destituição quanto a escolha de um novo presidente foram parar na Justiça, com diversas decisões liminares em várias instâncias do Judiciário.

Fato é que não se pode dizer ao certo quem está no comando do partido. Porque embora o grupo de Jefferson diga que desde o dia 11 de fevereiro o presidente é o Neskau, Graciela ainda está com as senhas para fazer as filiações no sistema e é o nome dela que consta como presidente do PTB no TSE.

“Ela foi destituída, ela está com as senhas e ela tem ciência judicial que não preside mais o partido. Ela está cometendo crimes na esfera eleitoral, na cível e na criminal ao destituir os diretórios”, disse o advogado que acusa Graciela também de falsificação de documentos.

Ele disse também que Adilson Espíndula pode ser expulso do partido. “Esse ato de tirar o presidente Bruno e colocar o deputado é ilegal e será anulado assim que a gente obtiver a senha, o que deve ocorrer amanhã (quarta-feira). E informo: o deputado estadual ao aceitar esse cargo, ele se juntou ao bando de traidores e automaticamente será encaminhado ao Conselho de Ética para a sua expulsão do PTB do Espírito Santo”, disse o advogado.

Bruno Lourenço e Tenente Assis, que até então estavam no comando do partido no Estado, estão em Brasília. De lá, Neskau gravou um vídeo para os militantes capixabas.

Adilson foi procurado ontem, em seu celular e por meio de sua assessoria de imprensa, mas não retornou aos contatos. A mudança nos diretórios estaduais não ocorreu apenas no Espírito Santo. Em pelo menos outros 11 estados também ocorreram trocas no comando.

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Mais uma arma no combate à violência contra a mulher

Celular e tornozeleira / crédito: Secom-ES

O governo do Estado lançou ontem, no Dia Internacional da Mulher, o programa Mulher Segura, que consiste em aplicar no Estado mais uma ferramenta para combater a violência contra a mulher e os crimes de feminicídio. De janeiro a fevereiro deste ano 22 mulheres foram assassinadas, um aumento de 57,1% no índice de crimes contra mulheres se comparado ao mesmo período do ano passado, quando 14 foram mortas.

O programa consiste em monitorar, por meio de tornozeleiras eletrônicas, agressores de mulheres e potenciais feminicidas, por decisão da Justiça. A mulher, possível vítima dos ataques, vai ficar com um smartphone e os dois aparelhos são interligados a uma sala de monitoramento da PM. Se o agressor se aproximar da mulher, a PM é acionada e a mulher é avisada pelo celular, que vai lhe dar uma rota de fuga. A nova tecnologia foi antecipada com exclusividade pela coluna De Olho no Poder em dezembro.

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Deputado quer criar o Dia Estadual da Hipocrisia

Capitão Assumção / Crédito: Lucas Costa – Ales

O deputado estadual Capitão Assumção protocolou projeto de lei na Assembleia que cria o “Dia Estadual da Hipocrisia” a ser comemorado na segunda-feira de Carnaval.

Assumção justifica que o projeto é um protesto às cenas de aglomeração que ele relata ter visto durante o Carnaval. Embora os desfiles de escolas de samba tenham sido adiados e as prefeituras da Grande Vitória terem cancelado o Carnaval de rua, Assumção diz que o projeto é necessário “ante o risível cenário promovido no Carnaval, onde muitas aglomerações, shows, eventos, não utilização de máscara, álcool em gel e distanciamento social foram constatados, tendo o aval do Poder Executivo Estadual”, justificou.

E continua: “Resumidamente, o que se viu no Carnaval de 2022 foi o espetáculo da hipocrisia por parte daqueles que se diziam (ou ainda têm a coragem de se dizer) pró-vida, pró-ciência e contra o negacionismo. Diante desse cenário, a proposição em apreço serve como um ato histórico de protesto”. O projeto foi lido na sessão desta terça-feira (08) e está tramitando na Comissão de Justiça.