Casagrande descarta chapa puro-sangue na disputa ao governo

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Mesmo afirmando que só irá decidir a vida na primeira quinzena de julho, o governador Renato Casagrande descartou a possibilidade do projeto que ele lidera ter chapa puro-sangue na disputa ao governo. Segundo ele, não vai se repetir o que aconteceu em 2018: quando ele e a vice-governadora, Jacqueline Moraes, os dois do PSB, formaram uma chapa para a eleição.

“Não, não tem essa possibilidade nessa eleição, não. Os partidos vão sentar em julho e dentro do projeto vão debater esse assunto (nome do vice). A questão de eu ter sido candidato a governador com a Jacqueline foi uma anormalidade momentânea, a conjuntura momentânea que permitiu isso. Mas isso não é o normal. O normal é você fazer composições”, disse o governador ao ser questionado pela coluna “De Olho no Poder” sobre a possibilidade de ter novamente uma chapa puro-sangue.

O governador deu entrevista à coluna na manhã deste domingo (26), durante o evento de entrega da primeira etapa da Rodovia das Paneleiras, que liga Vitória a Serra, e anúncio das obras do viaduto do Complexo de Carapina – as obras vão custar R$ 76 milhões e a previsão de entrega da obra completa (são três etapas) é para dezembro deste ano.

Amanhã (27) Casagrande vai a Brasília para uma reunião da cúpula do PSB que vai tratar das eleições em todos os estados, inclusive no Espírito Santo. “A reunião é do núcleo da direção do PSB para tratar de todas essas questões relacionadas às campanhas de todos os estados”.

Questionado sobre o impasse entre o ninho socialista e os petistas, Casagrande disse que ainda não há definição sobre qual será a decisão do PT. Ao menos, ele ainda não foi informado. Em todo o país, em apenas três estados a dobradinha PT-PSB ainda não está resolvida – além do Espírito Santo, em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

“Nós tivemos uma conversa com o PT e o PT está numa reflexão. Agora é um processo que está na mão do PT para tomar a decisão. Não teve nenhuma definição, se não o presidente do partido teria me informado. É legítimo o PT querer ter candidatura e eles vão tomar a decisão que possam compreender ser a melhor”.

Com relação ao nome para o Senado, o governador disse que também será decidido em julho. “Agora em julho eu defino minha situação, minha posição, e em julho a gente discute a questão do Senado”. Questionado se a senadora Rose de Freitas estaria mais próxima de ser apoiada pelo governo, Casagrande desconversou: “A Rose é uma pessoa próxima, o Ramalho foi meu secretário, o Da Vitória é aliado. Chegando em julho a gente vai sentar e fazer conversas”.

Casagrande citou apenas o nome dos três, o que leva a crer que hoje, na disputa ao Senado, estão MDB, PP e Podemos. Partidos como PSDB e PT, que também estariam cotados, não foram citados pelo governador. No evento, dos três citados, apenas Ramalho estava presente.

O socialista disse que vai anunciar se será candidato à reeleição ou não somente na primeira quinzena de julho, sem citar o dia. A coluna apurou que já tinha sido ensaiada uma data na primeira semana. Mas foi desmarcada.

Discurso de continuidade

Durante o discurso, no evento, o governador citou as obras que têm feito pelo Estado desde o início da sua gestão, começando pela Leitão da Silva: “Desenterramos uma cabeça de burro e inauguramos a Leitão da Silva”, disse Casagrande, afirmando que tem feito “obra de mobilidade que a Região Metropolitana não via há muito tempo”.

Embora não diga, claramente, que é candidato à reeleição, o discurso, em praticamente todos os eventos, é de continuidade. “Só tem sorte quem trabalha. Só tem sorte quem ora a Deus e quem trabalha. Ter continuidade de políticas públicas é fundamental. Se tiver continuidade, daqui a mais quatro, cinco anos pode ter certeza que esse estado estará entre os cinco menos violentos do Brasil”, disse citando o empenho do governo em reduzir o número de homicídios.

“Não tem sido fácil governar, passamos pelo vale mais profundo das nossas vidas. Ninguém de nós aqui achou que iríamos passar pelo que passamos. Tivemos medo, mas o medo foi enfrentado com coragem, com mãos dadas, com tolerância para combater os poucos intolerantes, com paciência para combater os poucos impacientes, com equilíbrio para combater os poucos desequilibrados e com realização pra gente atender aos exigentes”.

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Sinais, fortes sinais…

Embora a obra inaugurada faça parte de Vitória, nenhum representante da Prefeitura da capital esteve presente. A assessoria do governador disse que enviou o convite, mas representando Vitória estavam apenas três vereadores: Denninho Silva (União), Karla Coser (PT) e Anderson Goggi (PP).

Durante o discurso, Denninho parabenizou o prefeito da Serra, Sergio Vidigal (PDT), e também o ex-prefeito de Vitória João Coser (PT). Os dois estavam no palanque. “Quero parabenizar Vidigal, um dos melhores prefeitos desse estado do Espírito Santo, indiscutível. (…) João Coser, é indiscutível o trabalho que esse homem fez na cidade de Vitória e quando prefeito foi um guerreiro, um amigo, parabéns por tudo que você fez”.

Ele também elogiou o deputado Alexandre Xambinho e Casagrande. “Governador, tem que ter peito para fazer o que o senhor está fazendo em todo o estado do Espírito Santo, sobretudo na cidade de Vitória. Em nome da cidade de Vitória, parabéns! Continue assim porque Deus é contigo”, disse Denninho. O vereador está no União Brasil, que tem pré-candidato ao governo – Felipe Rigoni – e na Câmara é aliado do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), que é adversário de Casagrande.

Ontem (25), Denninho reuniu diversas lideranças para um evento em apoio à sua pré-candidatura a deputado estadual. O pré-candidato a governador pelo Republicanos, o deputado Erick Musso, estava presente.

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“Prefeito da capital só quer ficar na política eleitoral”, diz vice-governadora

A vice-governadora Jacqueline Moraes não poupou as palavras em seu discurso no evento e citou a ausência do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, acusando-o de só fazer “política eleitoral”. Ela também parabenizou o ex-prefeito João Coser. A solenidade ocorreu numa tenda na Rodovia das Paneleiras, que liga a BR-101, na Serra, à avenida Fernando Ferrari, em Vitória.

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“Em Vitória, nós precisamos entender que tem político que fica o tempo todo em uma política só, a eleitoral. Como o prefeito da capital só quer ficar na política eleitoral, nós temos aqui um prefeito de oito anos, parabéns Coser, por estar aqui com a gente comemorando”, disse.

Em outro momento, Jacqueline parabenizou o prefeito da Serra, Vidigal. “Que alegria estar na Serra, a gente é muito bem acolhido aqui. Não tem política eleitoral. Vidigal é esse líder, um dos prefeitos mais bem avaliados da Grande Vitória”, afirmou. Embora o elogio tenha sido para Serra, ficou claro que o alvo era atingir o prefeito de Vitória.

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Respeito às mulheres

Em seu discurso, o deputado Bruno Lamas chamou a atenção das câmaras de Vitória e da Serra por episódios envolvendo desrespeito às mulheres, na figura das vereadoras da Casa. Na última semana, a vereadora de Vitória Karla Coser (PT) e a vereadora da Serra Raphaela Moraes (Rede) foram hostilizadas por colegas de parlamento. Karla foi chamada de “mimada”, “sem noção” e “sem legitimidade para falar” e Raphaela foi chamada de “hipócrita e descontrolada”.

Bruno também esclareceu sobre ser o mais aplaudido pela plateia durante o evento. “Disseram que eu trouxe torcida, não trouxe. São amigos e amigas”. Os “amigos” de Bruno eram os mais efusivos.

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Abraço para controlar o tempo

Crédito: Secom

Com um palanque concorrido, o governador criou uma estratégia para delimitar o tempo que cada liderança falaria: quando o orador já tivesse ultrapassado o tempo de fala, ele chegaria e daria um abraço. Teve alguns, como a deputada Janete de Sá, que receberam mais de um abraço, mesmo assim continuaram com o discurso.

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Fazendo arte

O governador, que ainda está usando uma bota imobilizadora por ter machucado o pé durante uma partida de futebol, ao anunciar obras de pista de skate, soltou: “Eu, quando sarar minha perna, vou aprender a andar de skate, para poder quebrar a outra perna”.