Arnaldinho e Marcelo Santos na defesa de Ramalho: candidatura ainda é uma incógnita

Coronel Ramalho / Crédito: Hélio Filho

A convenção do Podemos, partido que está na base do governador Casagrande, está marcada para sexta-feira (29), às 19h, na Câmara de Vila Velha. Mesmo faltando tão pouco tempo para o evento que deveria selar as definições do partido, ainda é uma incógnita a pré-candidatura do ex-secretário estadual da Segurança Pública Alexandre Ramalho.

Ontem (26) estava marcada uma reunião da Executiva do Podemos para definir coligações, chapas, candidaturas e para debater o cálculo das possibilidades de vagas. A reunião seria no auditório de um shopping, mas foi cancelada após um encontro entre o presidente estadual da legenda, Gilson Daniel, e o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), que ocorreu na segunda (25).

Nos bastidores, o encontro teria ocorrido após movimentações no mercado político darem conta que o nome de Ramalho poderia ser rifado da disputa ao Senado. Haveria uma tentativa de convencer, por parte de algumas lideranças do Podemos e de outros partidos da base aliada, o ex-secretário a desistir da majoritária e ser pré-candidato a deputado federal.

Para tentar manter viva sua pré-candidatura, como reação aos burburinhos, Ramalho acionou alguns aliados, entre eles o prefeito de Vila Velha. Arnaldinho confirmou o encontro com Gilson Daniel, disse que os dois falaram sobre os cenários estadual e nacional e também sobre a pré-candidatura ao Senado de Ramalho. Arnaldinho disse que apoiaria o nome do ex-secretário ao posto, ainda que de forma avulsa.

“Conversamos sobre Ramalho, eu me posicionei. Falei que é um bom nome, um bom quadro e que tem meu apoio para disputar o Senado, mesmo que não conte com o apoio do governador. Lógico que seria melhor na chapa do governo, mas já que não tem essa possibilidade, já que foi batido o martelo com a senadora Rose, ele tem a possibilidade de ser candidato avulso, com apoio do nosso partido. Hoje ele é o candidato mais viável para disputar o Senado”, disse Arnaldinho.

Questionado se uma candidatura avulsa criaria algum constrangimento para o governo, Arnaldinho disse que não. “Não muda nada, o Podemos é Casagrande”, afirmou o prefeito na noite de ontem à coluna, durante a posse da nova diretoria do ES em Ação.

O compromisso declarado do prefeito Arnaldinho a Ramalho não é pouca coisa. Vila Velha é o segundo maior colégio eleitoral do Estado, perdendo apenas para Serra. Mas, se não bastasse, Ramalho tem também outro aliado disposto a lutar por sua pré-candidatura: o bem articulado deputado estadual Marcelo Santos (Podemos).

O vice-presidente da Assembleia tinha um compromisso de apoiar o deputado federal Da Vitória (PP), caso ele viesse mesmo ao Senado. Porém, como já estaria pacificado que o PP não indicará nome na majoritária, Marcelo, agora, apoia também Ramalho. “Não há prejuízo nenhum para o governador, nós vamos declarar apoio a ele”, disse Marcelo à coluna na noite de ontem. Ele também faz coro de que a candidatura de Ramalho é viável.

Se por um lado não haveria prejuízo para o governo, quanto ao Podemos não se pode dizer o mesmo. Se optar por uma candidatura avulsa ao Senado, o partido vai ficar sem receber o tempo de TV da coligação e também parte do montante dos recursos para a campanha. Segundo aliados, Ramalho teria menos de 20 segundos de TV, enquanto Rose de Freitas, na chapa do governo, teria mais de um minuto. Também há a possibilidade de não poder fazer material casado na campanha.

Encontro com o governador

E foi para refletir essas questões que Ramalho foi chamado ontem para um encontro com o governador, após provocá-lo para dar uma posição sobre o caso. Casagrande teria explicado essa situação a Ramalho, sobre a desvantagem que sua candidatura ficaria com relação às outras, se optasse em disputar de forma avulsa.

O governador também teria citado que tem o Podemos como um de seus principais aliados e não gostaria que o partido – leia-se também Gilson Daniel – fosse sozinho para a disputa. Mas, Ramalho se manteve firme em não abrir mão do Senado e nem cogita descer para o pleito à Câmara Federal.

Se Ramalho cedesse à pressão e resolvesse disputar para federal, isso traria mais tranquilidade à chapa. Os “calculadores” do mercado político avaliam que o Podemos não teria votos suficientes para eleger mais que um deputado e há a possibilidade de não eleger nenhum. Com Ramalho na chapa, a previsão que se faz é que poderia conquistar até duas cadeiras.

Arnaldinho e Marcelo devem tentar uma agenda com Gilson Daniel ainda nesta quarta-feira para defender que, seja qual for a decisão, seja tomada antes da convenção. A avaliação é que seria muito ruim Ramalho ir para o evento sem saber se será candidato ao Senado ou não.

O que tem a favor

Mas, se por um lado da balança pesam os pontos negativos de não contar com o apoio do governo, por outro há também os positivos. Ramalho tem a seu favor o fato de ser um nome novo a ser testado no mercado político, tem seu trabalho à frente de uma das secretarias mais delicadas do Estado e, como principal bandeira, a segurança pública. O fato de ter uma candidatura avulsa pode até lhe render votos a mais dentro da PM, de onde vem, uma vez que boa parte dos policiais se identificam com a direita e com o bolsonarismo.

Outro ponto é que, com a pré-candidatura do ex-prefeito Sergio Meneguelli (Republicanos) ameaçada, há quem avalie que Ramalho poderia lucrar e ganhar musculatura, já que na possibilidade da ausência de Meneguelli, parte do eleitorado – o que está mais à centro-direita e que não vota em Magno Malta de jeito nenhum – poderia migrar para ele.

Ramalho poderia contar também com um apoiador de peso. O PP, outrora concorrente pela mesma vaga, pode ser um apoiador informal do coronel da PM, se ele conseguir viabilizar sua candidatura. Ramalho poderia contar, inclusive, com o apoio de Da Vitória, já que seria quase impossível que o deputado apoie Rose de Freitas, com quem tem uma rixa antiga.

Em tempo: O coordenador da bancada federal capixaba foi outro que bateu ponto ontem no Palácio Anchieta.