Briga na extrema-esquerda: PSTU e PCB em pé de guerra

O pré-candidato ao governo do Estado pelo PSTU, Capitão Sousa, se reúne na próxima quinta-feira (28) com dirigentes do PCB para tentar fechar um acordo e um apoio à sua sigla. As duas legendas estão no campo da extrema-esquerda, tem ideais revolucionários e socialistas, mas podem ficar separadas por conta de divergências entre as cúpulas nacionais.

No final de maio, o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) divulgou um manifesto em suas redes sociais intitulado “Por que não é possível uma frente eleitoral com o PCB”, dando como justificativas apoios do PCB na década de 1960 e até a posição com relação à guerra entre Rússia e Ucrânia.

“O PC apoiou o governo burguês de João Goulart em 1963 e 1964, impedindo um papel independente da classe operária perante esse governo e desarmando a reação das massas ao golpe militar. O PC apoiou diretamente o primeiro governo Lula, entre 2002 e 2005. O PC manteve o apoio ao governo petista, mesmo depois da crise política causada pela reforma da Previdência em 2003”, diz trecho do documento do PSTU.

O texto ainda cita o posicionamento internacional da sigla: “O PC e o PCdoB no Brasil defendem a invasão de Putin sobre a Ucrânia. Nós defendemos a resistência ucraniana contra a invasão russa. Estamos apoiando diretamente sindicatos operários que são parte dessa luta na Ucrânia”. O texto diz ainda que é contra a aliança do PT com a “burguesia” (Alckmin).

O PCB (Partido Comunista Brasileiro) foi duro ao rebater a nota do PSTU que já de início chamou de mentirosa, em seu portal na internet. “Diante das mentiras e acusações promovidas nesse artigo, na suposta tentativa de justificar a não constituição da frente eleitoral entre PSTU, PCB e UP, nos sentimos no dever de responder às falácias e incorreções desse texto, assinado por um dirigente nacional do PSTU”.

O PCB afirma que foi procurado pelo PSTU para formar uma chapa, oferecendo a vice. Mas que não deu certo. “Esse artigo é de uma hipocrisia muito grande: nos bastidores, buscaram uma aliança; como não aconteceu, jogam para a plateia com acusações infundadas”.

“É uma mentira absurda, totalmente desrespeitosa e falsificadora, dizer que o PCB desarmou a população e que não estimulou qualquer tipo de reação ao Golpe. Diversas lideranças comunistas foram presas, torturadas e tiveram seus mandatos parlamentares e sindicais cassados. Nosso partido foi posto na ilegalidade e nosso secretário-geral à época figurava como primeiro na lista dos perseguidos pelos militares que tomaram o poder em 1964”, diz trecho da resposta.

Quanto a Lula, diz que o próprio PSTU apoiou a reeleição do petista, mas que o PCB rompeu com o apoio antes do episódio do mensalão, além de ter feito “duras críticas” à reforma da Previdência. Por fim diz que: “é mentirosa e cínica a declaração de que apoiamos o governo Putin e o estado russo no conflito militar na Ucrânia”.

Ainda vai ter casamento?

Mesmo com as divergências nacionais, no Estado, os partidos querem estar juntos. Maurão, dirigente do PCB, disse que esse ano não vai fazer convenções porque a legenda não terá candidatos, mas que vai apoiar outros.

“Infelizmente no ano do nosso centenário não teremos candidatos. Estaremos nas ruas fazendo campanha para nossa candidata à Presidência da República, a professora Sofia Manzano”. Questionado sobre os apoios no Estado, afirmou: “Por enquanto (apoio) somente a Gilberto para Senado e Camila Valadão para deputada estadual, ambos do Psol. Estamos com posição fechada com a candidatura do Capitão Sousa, no entanto, o PSTU nacional lançou nota recomendando a não coligação com o PCB. Estamos avaliando se ainda é possível”, afirmou.

Sousa também está na expectativa. “A gente entende que a nota do PSTU foi apenas para a questão nacional. Tanto que aqui os dois partidos não se opõem a andarem juntos. Outra questão é que a minha pré-candidatura é da Revolução Brasileira e o PSTU cedeu a sigla. Há um desconforto, mas acredito que vamos conseguir superar as divergências”.

Ao menos é com esse espírito que Sousa vai para a reunião com o PCB na quinta. O PSTU ainda não fechou nenhuma coligação. A convenção do partido está marcada para o próximo dia 30, às 16 horas.