Presidente da Rede entra no governo Casagrande e sela aliança

Laís e Marina em evento no Estado: aliança com o governo do ES

A porta-voz (presidente) da Rede capixaba, Laís Garcia, entrou na gestão do governador Renato Casagrande (PSB). Ela foi nomeada para presidir a Escola de Serviço Público do Espírito Santo (Esesp) – autarquia do governo que é ligada à Secretaria de Gestão e Recursos Humanos (Seger).

A nomeação de Laís foi publicada no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira (01). Laís é servidora efetiva da Prefeitura da Serra, onde atua como professora, e estava de licença sem vencimento desde o dia 29 de agosto do ano passado. Ela foi cedida pela prefeitura para atuar no governo do Estado.

Laís é o nome da Rede para compor o governo. Ontem (31), o ex-deputado Marcos Bruno (Rede) tomou posse como diretor-presidente da Ceturb-ES, conforme a coluna noticiou na última segunda-feira, mas, segundo o partido, a indicação dele não entrou na cota partidária. Teria sido uma escolha pessoal do governador Renato Casagrande (PSB).

A Rede, que federou com o Psol, teve candidatura própria ao governo do Estado. O ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos, que até então era a maior liderança política do partido, disputou a eleição e contou com o apoio da legenda para não nacionalizar a eleição no Estado.

Ou seja, embora a Rede nacionalmente tenha feito parte da coligação do Lula, no Estado, Audifax teve a autorização de ficar neutro e não ser obrigado a apoiar nenhum candidato a presidente da República, o que lhe gerou muitas cobranças durante a campanha, marcada também por inúmeros ruídos.

Isso porque, embora a Rede estivesse com o Psol, os dois partidos caminharam separados: Audifax não apoiou o candidato do Psol ao Senado (Gilbertinho Campos) e nem os psolistas subiram no palanque de Audifax.

O primeiro turno terminou com Audifax em quarto lugar, com 135.512 votos. Já no segundo turno, o posicionamento da Rede foi mais incisivo e a legenda editou uma resolução nacional proibindo que, nos estados, houvesse apoio partidário a candidatos ligados ao bolsonarismo.

Contrário à decisão do partido, Audifax deixou a legenda e declarou apoio a Carlos Manato (PL), adversário do governador Renato Casagrande (PSB) no segundo turno. Já a Rede, na pessoa de Laís, apoiou Casagrande, com direito à declaração pública e pedido de voto. Sua entrada nos quadros do governo sela de uma vez a aliança da Rede com Casagrande e com o PSB.

Fusão à vista?

Ao menos quatro redistas do Estado – entre eles, Gustavo de Biase – e nomes de expressão nacional do partido, como o senador Randolfe Rodrigues, subscrevem um documento em que aponta a necessidade da Rede avaliar se continua ou não como partido autônomo.

Criada há 10 anos pela agora ministra Marina Silva, a legenda não conseguiu, mais uma vez, ter um bom desempenho nas urnas e uma fusão com outro partido de esquerda tem sido avaliada. No documento é apontado um diagnóstico do partido.

“Se alcançamos sucesso em pautar a sustentabilidade no cenário político nacional, do ponto de vista estritamente quantitativo, não fomos tão bem-sucedidos em termos eleitorais. Chegamos às vésperas do nosso Congresso sem ter viabilizado a Rede como um partido orgânico e capaz de impulsionar os valores que nos propusemos a construir. A Rede não conseguiu eleger uma bancada numericamente expressiva em 2022 e tampouco conseguiu manter importantes parlamentares que passaram pelo partido desde a sua fundação”, diz um dos trechos.

Um exemplo que constata o que foi apontado no documento, ocorreu no Estado, com a migração do senador Fabiano Contarato, eleito pela Rede, para o PT. Outros eleitos pela Rede fizeram a mesma mudança.

A preocupação com a cláusula de barreira também consta no documento: “Apesar dos esforços da atual direção, as condições e a conjuntura necessária para o avanço, principalmente eleitoral da Rede, são extremamente difíceis para a próxima batalha de superação da cláusula de barreira, tendo em vista o tamanho da sua bancada federal, a sua baixa inserção na sociedade civil, a falta de enraizamento nos estados e as suas direções pouco orgânicas, com raras e honrosas exceções”.

E continua: “As fragilidades orgânicas e as dificuldades para enfrentar a cláusula de barreira para o próximo período mostram a necessidade da Rede, justamente nestes seus 10 anos de existência, como sugere seu estatuto, avaliar se deve continuar a existir como partido na próxima quadra política”.

E fala da necessidade de inaugurar “um debate fraterno sobre o futuro da Rede Sustentabilidade enquanto partido autônomo. É preciso avaliarmos, com respeito e franqueza, se o fortalecimento das pautas e dos valores que nortearam o movimento criativo da Rede pode ter terreno mais fértil em uma fusão com outro grande partido de centro-esquerda”.

Questionado sobre com qual partido a Rede, que já é federada com o Psol, poderia se fundir, De Biase disse que o debate ainda será intensificado para definir. “O manifesto foi nesse sentido”.

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