Secretaria da Justiça vai investigar se Capitão Assumção violou tornozeleira eletrônica Secretaria da Justiça vai investigar se Capitão Assumção violou tornozeleira eletrônica Secretaria da Justiça vai investigar se Capitão Assumção violou tornozeleira eletrônica Secretaria da Justiça vai investigar se Capitão Assumção violou tornozeleira eletrônica
Assumção ergue sua tornozeleira / crédito: reprodução TV Ales
Assumção ergue sua tornozeleira / crédito: reprodução TV Ales

A Secretaria de Estado da Justiça vai investigar se o deputado estadual Capitão Assumção (PL) violou a tornozeleira eletrônica durante sessão na Assembleia Legislativa na tarde desta terça-feira (07).

Durante discurso, na tribuna da Ales, Assumção reclamava do uso do equipamento quando levantou a perna esquerda, onde está a tornozeleira, e falou: “Só um instantinho que está atrapalhando um negócio aqui, vou retirar aqui. Depois eu coloco de novo”, disse o deputado, colocando depois um objeto preto em cima do púlpito.

Logo depois, erguendo o objeto retirado da sua perna, ele falou: “Não estão respeitando o Poder Legislativo. (…) Sabe por que estou usando essa porcaria aqui que não serve para nada? Porque eu cometi o terrível crime de opinião”, esbravejou o deputado.

Procurada, a Sejus, que é a responsável pela manutenção do equipamento e pela fiscalização do cumprimento das medidas cautelares (uso da tornozeleira), informou, por nota, que a princípio o equipamento não foi violado:

“A Secretaria da Justiça (Sejus) informa que não houve registro de violação do equipamento. Em princípio, o vídeo mostra a retirada do carregador móvel, que não compromete o monitoramento da tornozeleira. A Sejus ressalta, no entanto, que a Diretoria de Movimentação Carcerária e Monitoramento Eletrônico fará uma melhor análise do caso”.

O secretário estadual da Justiça, André Garcia, também conversou com a coluna e disse que pediu um relatório sobre o episódio. “Será averiguado se, de fato, houve a violação do equipamento ou descumprimento do protocolo de uso”. Garcia disse que, pelas imagens, não dá para cravar se houve violação do equipamento.

Segundo ele, a avaliação dos técnicos é feita remotamente, sem a necessidade de ir até o deputado, e o relatório deve sair até amanhã. Quando há violação da tornozeleira, a Sejus é informada pelo sistema de monitoramento.

“Os técnicos é que vão analisar no relatório de monitoramento. Pode não ter ocorrido violação alguma. Acho até provável que não houve. Se for constatada a violação, cabe à Sejus encaminhar a informação para o MP e para o Judiciário“, afirmou.

O Ministério Público também foi procurado e informou, em nota, que “o inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que tem a atribuição constitucional para adotar as medidas legais que entender cabíveis”.

Pela imagem, não fica nítido se ele retirou realmente a tornozeleira, a bateria ou a capa do equipamento. A coluna De Olho no Poder procurou o deputado, que não atendeu as ligações. Sua assessoria também foi procurada e disse que não estava presente no episódio.

Parlamentares do mesmo partido do deputado também não souberam dizer, ao certo, se a tornozeleira foi retirada. Lucas Polese disse que Assumção retirou a tornozeleira toda.

Já o delegado Danilo Bahiense, que estava na Mesa Diretora (ao lado da tribuna) no momento do discurso do capitão, disse que é impossível retirar a tornozeleira. “Não tem como tirar a tornozeleira não, ele deve ter tirado uma capa ou alguma outra coisa. A bateria também é lacrada, se tirar descobre na hora”.

O uso da tornozeleira foi determinada em medida cautelar imposta pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. O deputado é suspeito de integrar, segundo o STF, uma milícia digital no Espírito Santo, com propagação de fake news, denunciação caluniosa e ameaças contra o Supremo. No dia 15 de dezembro, ele foi alvo de operação da Polícia Federal que cumpriu mandado de busca e apreensão em seu gabinete na Ales.

Veja o momento em que Assumção retira o que parece ser parte da tornozeleira:

Fala da procuradora repercutiu

Os deputados Callegari (PL) e Lucas Polese (PL) repercutiram a entrevista exclusiva que a chefe do MPES, Luciana Andrade, deu ontem à coluna De Olho no Poder, após Callegari sair em defesa de Assumção na sessão de abertura dos trabalhos da Assembleia.

Ele disse ser inadmissível ter um colega com tornozeleira e cobrou atitude da presidência. A procuradora-geral de Justiça, Luciana Andrade, rebateu, afirmando que “a lei é para todos”.

“Li uma matéria muito icônica, de que ‘a lei vale para todos. Exatamente. Mas todos são todos. Todos incluem: procuradores do Ministério Público, todos incluem ministros do Supremo Tribunal Federal. Todos são todos”, disse Polese em seu primeiro discurso na tribuna.

Callegari relembrou sua fala e enfatizou que todos os deputados precisam ser respeitados em suas ideias. “Ontem fiz referência à tornozeleira que o Assumção carrega no pé. Não foi uma agressão ao Ministério Público, foi uma referência ao golpe que nossas prerrogativas está sofrendo”.

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.