VÍDEO: Nervoso, Meneguelli diz ter sido esculhambado por falta de terno e gravata

Sergio Meneguelli, bravo, na sessão de ontem / crédito: Lucas Costa

O deputado estadual Sergio Meneguelli (Republicanos) subiu o tom contra o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (Podemos), durante a sessão de terça-feira (09). O motivo? O terno e a gravata que o deputado se recusa a usar no plenário da Ales.

Desde o início da legislatura, Meneguelli tem frequentado as sessões de camiseta, calça jeans, jaqueta e tênis All Star. Ele chegou a pedir autorização à Mesa Diretora – alegando questão de saúde, uma vez que passou por uma cirurgia no abdômen no início do ano – para continuar vestindo camiseta e foi autorizado para abrir mão do traje formal temporariamente. Mas, ao que parece, essa permissão está próxima de acabar.

Logo no início da sessão de ontem, Marcelo Santos anunciou que vai fazer uma reunião com o Colégio de Líderes para tratar sobre a questão das vestimentas no plenário.

“Teremos de fazer uma reunião do Colégio de Líderes com relação ao traje de acesso a esse Parlamento. Com relação ao respeito que temos ao plenário, que não é diferente no Tribunal de Justiça, que não é diferente no Ministério Público, que não é diferente no Tribunal de Contas, não é diferente em nenhuma Casa de Leis”, afirmou.

Marcelo entrou no assunto após notar que um outro parlamentar, assim como Meneguelli, também não estava de terno e gravata. O deputado Alcântaro Filho (Republicanos) vestia uma camiseta com um paletó.

“Em homenagem ao deputado Alcântaro, ao Sergio Meneguelli, que são duas figuras que eu respeito muito, mas, enquanto presidente da Casa, vou fazer valer a lei e a ordem e, nesse caso, a próxima reunião do Colégio de Líderes será para tratar dos trajes que dão garantia de acesso ao plenário, conforme é no Congresso Nacional, no município de Colatina, em Cariacica, em Aracruz ou em qualquer outra região representando o Legislativo”, concluiu Marcelo, sendo elogiado, logo após, pelo deputado Callegari (PL).

Meneguelli ouviu as falas de Marcelo e ficou indignado. Na primeira oportunidade que teve de subir à tribuna e discursar, soltou os cachorros: “Não gostaria que um assunto tão banal como esse, sobre trajes, fosse discutido em plenário, mas queria justificar que em momento algum eu estou desrespeitando a lei. Quero desafiar um deputado desta Casa que apresente algum artigo de que a gente é obrigado a usar terno e gravata”, disse Meneguelli.

Meneguelli e Alcântaro de camiseta / crédito: Lucas Costa/Ales

Além do desafio, Meneguelli foi para o enfrentamento: “Se o senhor (Marcelo) fizer um projeto de lei dizendo que eu sou obrigado a vir de terno e gravata, eu vou vir (sic). Caso contrário, vocês vão me barrar no plenário, o que é um desrespeito. Um vem com roupa de polícia e vocês não falam nada, outro vem com chapéu, ninguém fala nada. Mas agora, o senhor me chama a atenção publicamente como se eu tivesse desrespeitando a lei, e eu não estou”, desabafou.

Durante o discurso, ele ainda alfinetou alguns colegas: “Se vocês gostam de usar Giorgio Armani, Hugo Boss, eu respeito. Se vocês gostam de ser almofadinhas, eu respeito. Mas, o meu estilo é esse, é All Star. Não vou mudar minha personalidade para agradar as aparências”.

O deputado também criticou o presidente da Casa alegando ter sido “esculhambado” na frente de todo mundo.

“Tive a preocupação de fazer um documento, apresentar à Mesa, para vocês me darem uma resposta, e o senhor pega e esculhamba eu (sic) e o deputado Alcântaro publicamente como se nós fôssemos mendigos. Ou o senhor faz a lei ou eu vou continuar vindo do jeito que eu quero vir”, disse Meneguelli chegando a pedia ajuda às deputadas.

Veja o vídeo com o discurso de Meneguelli:

De fato, o Regimento Interno da Ales é omisso sobre o tema. Não há uma regra escrita sobre as vestimentas dos deputados, mas há uma regra de costume que é seguida pelos pares. Já houve uma tentativa anterior de se abolir o paletó e convencionar apenas o uso da camisa social e de gravata, mas não prosperou, como já noticiou a coluna.

Questionada, a Assembleia informou, por meio de sua assessoria, que a reunião do Colégio de Líderes deve ocorrer na próxima segunda ou terça-feira. Sobre os trajes disse que “o padrão das vestimentas utilizadas no plenário, seja por deputados, deputadas ou demais servidores e colaboradores, foram fixados por costumes ao longo da história (direito consuetudinário) e agora será tratado no Colégio de Líderes, que decidirá sobre a questão”.

Além do uso de terno e gravata, os líderes também deverão tratar sobre o uso de chapéu, por parte do deputado Pablo Muribeca (Patriota), e da farda militar, por parte do deputado Capitão Assumção (PL), já que o regimento também não aborda esses dois pontos.

Até por uma questão de isonomia, o presidente da Ales vai precisar dar uma resposta a essas duas questões também que já foram abordadas por Meneguelli e por outros deputados.

Não é a primeira vez que Marcelo Santos reclama da roupa alheia durante a sessão da Ales. Na legislatura anterior, ele chegou a chamar a atenção, no microfone, de servidores que não estariam vestidos a rigor para acessarem o plenário. O deputado Alcântaro, que ontem foi citado nominalmente pelo presidente, não se pronunciou na sessão a respeito.

 

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