O Partido Progressista está prestes a integrar a gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) em Vitória. O convite já foi feito e, se for aceito, o vereador Anderson Goggi (PP) deve ocupar uma cadeira no primeiro escalão da prefeitura, mais precisamente, a cadeira de secretário de Cultura.
O martelo deve ser batido ainda nessa semana, uma vez que a articulação está bem costurada, dependendo apenas de alguns ajustes. Além de aumentar a base aliada do prefeito na Câmara de Vitória, se o PP passar a integrar a gestão significa também que o partido, que faz parte do governo Casagrande, deverá apoiar o prefeito Pazolini numa eventual disputa à reeleição, no ano que vem.
O convite ocorreu na semana passada durante uma reunião que contou com a presença do secretário de Governo de Vitória, Aridelmo Teixeira; do presidente do PP na capital, Marcos Delmaestro; além de Pazolini e Goggi. O vereador e o presidente municipal do PP confirmaram que a entrada da legenda na gestão está sob negociação.
“Nós tivemos uma agenda na semana passada e o prefeito fez uma oferta a ele (Goggi) para ser secretário de Cultura. Ele quer, mas tem alguns entraves ainda a serem resolvidos. Eu estive lá para acompanhar, como presidente municipal do PP”, disse Delmaestro.
“Foi feito o convite e o partido está avaliando. Foram feitas algumas colocações e ficamos de conversar novamente para fechar ou não. Eu sou candidato à reeleição, então também tem a questão do tempo, porque seis meses antes vou precisar me desincompatibilizar do cargo, caso vire secretário”, disse Goggi.
Hoje, o PP não faz parte da gestão (não conta com nenhuma indicação) e tem uma postura independente na Câmara de Vitória – embora o vereador vote com a prefeitura na maioria dos projetos e tenha uma relação respeitável e amigável com o prefeito.
De uns dias para cá, porém, Goggi tem inclinado o discurso e o mandato na defesa de Pazolini e da gestão, na Câmara de Vitória. Nas redes sociais, também é possível ver mais postagens ao lado do prefeito. A sinalização é sutil, mas já aponta para o rumo que o partido deve tomar a partir de agora e no ano que vem.
“A partir do momento que fechar a parceria, aí vamos começar a entender esse mercado. Aí vai começar o namoro”, disse Delmaestro referindo-se à união entre Republicanos e PP na capital e confirmando que, mantendo a parceria, PP vai apoiar Pazolini nas eleições municipais de 2024.
Nos bastidores, também teria sido colocado na mesa, durante a reunião, a possibilidade do partido conversar, mais lá na frente, sobre a indicação do nome para compor uma eventual chapa com Pazolini. Ou seja, o PP quer participar da definição do nome do vice, ainda que o escolhido não seja do partido.
Publicamente, Pazolini não tem tratado das eleições. Em conversas anteriores com a coluna, disse que a eleição está muito longe, que está focado no mandato, que não se decidiu ainda. Mas, nos bastidores, as articulações políticas estão ocorrendo e já há algum tempo.
Almoço com deputados federais
Em meados de março, Pazolini almoçou com os deputados federais do PP – Da Vitória e Evair de Melo. Na época, Da Vitória ainda não tinha assumido o comando estadual da legenda e o burburinho era que o encontro poderia iniciar uma negociação para a filiação do prefeito, uma vez que a relação de Pazolini com membros da cúpula do Republicanos estadual não era das melhores.
Os dois lados negaram uma eventual mudança partidária e disseram à coluna que a pauta do encontro foi a discussão de projetos para a capital. Mas o episódio mostrou mais que isso: deu sinais de uma aproximação com potencial tanto para tirar o prefeito da principal cidade do Estado do isolamento político, quanto fazer estremecer a parceria antiga que o PP tem com o Palácio Anchieta.
A coluna já registrou anteriormente que Da Vitória tem estado distante do governo do Estado. Como coordenador da bancada federal capixaba, Da Vitória costumava participar de agendas do governo, principalmente as que contavam com a participação de ministros do governo federal. Mas, até nessas, Da Vitória tem faltado.
Nos bastidores, há um incômodo – e não só do PP – com relação ao tamanho que o PT ganhou no governo Casagrande. E a insatisfação é maior quando se cogita a possibilidade do Palácio Anchieta apoiar o PT na disputa pela Prefeitura de Vitória – o que deve forçar os partidos de centro-direita que estão no governo a buscar um outro palanque.
Além da questão ideológica, o PP se aproximar de Pazolini também acende um sinal amarelo no Palácio. Embora haja um esforço de diversos atores para reconciliar a relação entre o governador Renato Casagrande (PSB) e Pazolini, não é intenção do partido do governador apoiar o prefeito numa eventual eleição. Pelo contrário.
Em conversas com a coluna, o PSB estadual disse que não deve ter candidato próprio para disputar a capital, e o PSB de Vitória defendeu que o principal objetivo da legenda é tirar a prefeitura do comando de Pazolini.
Portanto, a reconciliação em andamento entre o governador e o prefeito seria para manter uma relação republicana entre os entes, mas não a ponto de chegar a um apoio formal em 2024, com direito a abraços públicos, subida em palanque e pedido de votos. Isso, não.
Questionado se a aproximação com Pazolini não poderia gerar um mal-estar no governo e se teria sido conversada previamente, Delmaestro negou. “Pelo que eu vejo aqui dentro, há muita tranquilidade sobre isso. Nunca vi Renato (Casagrande) tocar nesse assunto. E o partido também é soberano, não tem que dar satisfação sobre os movimentos que faz na esfera municipal”, disse o presidente que atua numa assessoria especial da Casa Civil no governo do Estado.
veto a primeiro suplente
A coluna apurou que entre os entraves que podem impedir que Goggi vire secretário estariam dois pontos principais: o primeiro seria a garantia de que Goggi terá autonomia para tocar a secretaria. A pauta de Cultura faz parte das bandeiras do vereador, principalmente com relação ao Carnaval. Goggi defende uma participação maior do poder público nos investimentos para essa área.
Outro ponto seria com relação a quem irá ocupar sua cadeira na Câmara de Vitória. Goggi não quer que o 1º suplente, Baiano do Salão (PTB), assuma. Ele quer que a vaga seja preenchida pelo 2º suplente, o Ronalt Ribeiro (PTB).
O motivo estaria ligado à eleição passada, quando Goggi pediu licença da Câmara para fazer a campanha e disputar uma vaga de deputado estadual. Baiano assumiu e, segundo Goggi, na campanha teria ajudado outro vereador e não ele.
“Nós demos a oportunidade dele ser vereador e na campanha ele ajudou Denninho a se eleger. Então, se for para ele assumir a cadeira fica complicado”, disse Goggi.
Hoje, a Secretaria de Cultura é comandada por Luciano Gagno. Ele chegou a deixar a pasta, em julho do ano passado, após se envolver numa polêmica envolvendo a comunidade LGBT+, mas retornou um mês e meio depois.
A coluna tentou contato com o prefeito e sua assessoria para se manifestarem sobre o assunto, mas ainda não houve manifestação. A coluna também não conseguiu localizar o suplente Baiano do Salão.
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