Troca de secretários aponta que Vidigal deve disputar a reeleição

Sérgio Vidigal / crédito: Prefeitura da Serra

Na última sexta-feira (10), o governador Renato Casagrande (PSB) anunciou uma troca em seu secretariado: a partir de dezembro, a Secretaria Estadual de Turismo será comandada pelo jornalista Philipe Lemos (PDT), que hoje ocupa a mesma pasta, porém na Prefeitura da Serra.

Philipe entra no lugar de Weverson Meireles, que volta para a gestão municipal. Porém, não na pasta de Turismo, que por ora ainda não tem substituto. Mas entra como chefe de gabinete do prefeito Sergio Vidigal (PDT). Weverson é presidente do PDT no Estado e seu retorno como braço direito do prefeito aponta para uma só sinal: que Vidigal deve concorrer à reeleição no ano que vem.

Foi numa entrevista à coluna De Olho no Poder, em fevereiro deste ano, que o prefeito disse que não disputaria novamente a Prefeitura da Serra. Ele disse, porém, que participaria do processo eleitoral, dando a entender que apoiaria alguém.

“Quando eu assumi, eu disse desde o início que não estava nos meus planos e até o momento não mudei de ideia. Isso não significa que eu vou governar de qualquer jeito e que não vou participar do processo. Até porque na Serra, nos últimos sete mandatos, cinco são do PDT”, disse Vidigal, à ocasião.

O mercado chegou a especular alguns nomes e a coluna noticiou que a ida de Philipe Lemos para a Serra, com direito à casa nova e tudo, seria um indício de que o jornalista poderia suceder Vidigal na disputa. Com uma boa votação na primeira eleição que participou – no ano passado, Philipe disputou vaga à Câmara Federal e teve 45.260 votos –, o estreante foi para o comando da Secretaria de Turismo da Serra.

Depois, a filiação do presidente da Câmara da Serra, Saulinho da Academia, ao PDT, trouxe à tona as possibilidades que o partido tinha em mãos, já que o vereador também quer concorrer a prefeito, no ano que vem.

Philipe Lemos / crédito: arquivo pessoal

Mas, fato é que o PDT nunca descartou a possibilidade de Vidigal disputar um quinto mandato, nem mesmo quando o próprio prefeito não parecia muito animado com a ideia.

Articulação política

Há pelo menos 45 dias o PDT e o governador estariam conversando sobre a troca de secretários. Nos bastidores, Vidigal teria pedido o retorno Weverson para contribuir na coordenação política e administrativa da gestão. Mas não só para isso.

Weverson é presidente do partido que, em sete mandatos, esteve cinco no comando da Serra – o maior município do Estado e o único, da Grande Vitória, comandado por um gestor de centro-esquerda.

À frente da legenda, Weverson será o responsável por organizar os diretórios municipais, ajudar na formação de chapas de vereadores competitivas e, o principal, articular alianças para que seu partido continue na prefeitura por mais quatro anos.

Então, a troca de secretários, com Weverson retornando como braço direito de Vidigal, seria para preparar o terreno já visando as eleições do ano que vem. E por que isso aponta para uma tentativa de reeleição? Assim como um comandante não reuniria seu exército se não estivesse disposto a lutar, da mesma forma, dificilmente Vidigal convocaria seu principal articulador político se não estivesse disposto a entrar no jogo.

Weverson Meireles em evento no Palácio Anchieta / crédito: Hélio Filho

Com a saída de Weverson, o PDT corria o risco de perder o espaço no governo, já que teria partido de Vidigal o pedido de mudança. Num diálogo com o governador, a saída encontrada foi “subir” Philipe para o cargo estadual. Vidigal, assim, trouxe para perto seu articulador político e ainda manteve o espaço no primeiro escalão de Casagrande.

Uma trinca se formando?

As articulações políticas do PDT envolvem principalmente dois partidos: o PSB de Casagrande, de quem o PDT é aliado; e o Podemos, cujo diálogo tem sido aprofundado nos últimos dias. A costura vai no sentido de alinhar os três partidos para que formem dobradinhas nas eleições municipais do ano que vem.

O presidente estadual socialista, Alberto Gavini, em entrevista para a coluna em agosto, disse que o partido iria pleitear ser vice nas chapas de reeleição de aliados da Grande Vitória. Citou Serra, Vila Velha, Cariacica e Viana – em Vitória, o partido vai ter candidatura própria.

Em Vila Velha e Viana, quem está no comando é o Podemos, que vai apostar na reeleição dos dois prefeitos – Arnaldinho Borgo e Wanderson Bueno. Um dos cotados para ser vice de Arnaldinho, por exemplo, é o administrador Carlos Aurélio Linhalis, o Cael, que é do PSB e foi comandar a Secretaria de Planejamento de Vila Velha. Ele também é pai do deputado federal Victor Linhalis (Podemos), ex-vice-prefeito.

Já na Serra, o prefeito Vidigal conta com um aliado: o deputado estadual Alexandre Xambinho, que já usou a tribuna da Ales diversas vezes para defender o prefeito das críticas ácidas do deputado e também pré-candidato a prefeito da Serra Pablo Muribeca.

Xambinho anunciou na semana passada que ficará no Podemos. Nos bastidores, também haveria a cotação do Podemos ocupar a chapa de vice numa eventual formação com Vidigal. É claro que a definição de vice é a última a ser feita, ou pelo menos, a última a ser anunciada, mas isso não impede que as articulações aconteçam. E, ao que tudo indica, estão a todo vapor.

Em tempo: O fato de Philipe Lemos deixar uma pasta na Serra para atuar numa secretaria estadual não significa que ele esteja fora do pleito municipal.

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