“Queremos que ele vá mais longe”, diz presidente nacional do PSB sobre Casagrande

Carlos Siqueira na Ales / crédito: Ascom-PSB

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, ao participar do “Encontro de filiados do PSB”, ontem (02), em Vitória, sinalizou que o partido tem voos maiores para o governador Renato Casagrande (PSB). O evento confirmou a pré-candidatura do deputado Tyago Hoffmann (PSB) a prefeito de Vitória.

No discurso para uma plateia de militantes, na Assembleia Legislativa, Siqueira disse que Casagrande precisa ir mais longe e se projetar nacionalmente, justificando que o governador capixaba é uma das principais lideranças do partido nacionalmente.

“Hoje, uma das principais lideranças do PSB é Casagrande, é nosso companheiro, nosso secretário-geral, é uma figura fenomenal e está pela terceira vez à frente do governo do Estado. Ele precisa ir mais longe, nós queremos que ele vá mais longe. E depende de vocês, em dar apoio a ele para que ele saia do governo muito fortalecido e possa se projetar no plano nacional”, disse Siqueira, sob aplausos.

Hoje, o PSB capixaba cogita que Casagrande deixe o governo em 2026 para disputar uma das duas vagas ao Senado. Porém, isso não impediria que o debate nacional fosse feito e que o nome de Casagrande, em 2026, fosse considerado para uma chapa presidencial, conforme relatou à coluna o presidente estadual da legenda, Alberto Gavini:

“Hoje, o projeto dele (Casagrande) e do PSB é ir para o Senado, mas não está descartada a possibilidade de colocar o nome dele à disposição para uma candidatura a vice ou a presidente da República”, disse Gavini sobre o governador que hoje completa 63 anos.

Segundo o dirigente, porém, isso não será tratado agora. “Isso não dá pra falar agora, temos que avançar em 2024, ver o tamanho que vamos sair. Sabemos que não é hora de discutir isso, hoje Casagrande está entre os nomes mais fortes do partido, junto com Alckmin (vice-presidente da República), o ministro Márcio França e Flávio Dino, que irá deixar o partido para entrar no STF”, avaliou Gavini.

Casagrande, que está em Dubai para a COP28, participou do evento de forma virtual

Siqueira também veio ao evento – que contou com lideranças e deputados do PSB, além de representantes de outros partidos e poderes, como a vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane (PRD), e a secretária de Governo, Emanuela Pedroso (Podemos) – para avalizar a pré-candidatura do deputado Tyago Hoffmann (PSB) a prefeito de Vitória.

Segundo ele, a candidatura de Hoffmann é pra valer, mesmo diante da pressão do PT para que os socialistas apoiem o deputado João Coser na disputa pela Capital. Em janeiro, o PSB vai discutir a política de alianças com outras legendas, visando as eleições, e montar o seu programa.

Logo após o evento, Siqueira falou, com exclusividade, à coluna De Olho no Poder. Citou Casagrande, Hoffmann, mas também a pressão para que o presidente Lula coloque, no lugar do ministro Flávio Dino que irá para o STF, um nome do partido, para que o PSB não perca espaço.

Encontro dos filiados do PSB / crédito: Ascom-PSB

Leia a entrevista na íntegra:

DE OLHO NO PODER – O senhor disse que Casagrande precisa ir mais longe e ganhar projeção nacional. Qual é o projeto do PSB para o governador do ES?
CARLOS SIQUEIRA – Ainda é cedo para anunciar isso. É preciso primeiro que ele termine bem esse terceiro governo – e acho que ele terminará muito bem – e aí a gente anuncia.

Mas seria a possibilidade dele disputar a Presidência, por exemplo?
Vamos aguardar. Agora é hora de falar das eleições municipais.

Aqui cogita-se que em 2026 Casagrande irá disputar o Senado, o PSB tem planos maiores para ele?
Vamos tratar das eleições municipais, que ainda falta um ano. Depois a gente fala dos projetos futuros, porque os projetos futuros a gente deve trabalhar ainda internamente. Depois, em momento oportuno, a gente anuncia quais são esses projetos.

Em Vitória o PSB tem a pré-candidatura do Tyago Hoffmann, mas o PT pleiteia o apoio para João Coser, por conta do apoio do PT a Casagrande no ano passado. Há possibilidade do partido recuar na candidatura própria para apoiar o PT na Capital?
As eleições são em dois turnos, talvez na conjuntura que se vê em Vitória, o mais provável é um apoio no segundo turno para quem for ao segundo turno. Se for o Coser é bom, se for o Tyago, melhor ainda. Então temos que fazer esse acordo. Pelo que percebi, a pré-candidatura do Tyago é para valer.

Então, não há possibilidade de retirar a candidatura dele?

O Casagrande apoia, a militância está muito animada, então ele está se lançando pré-candidato. E a decisão é aqui também. Eu não acho ruim terem duas candidaturas do mesmo campo, porque podem no segundo turno estarem juntas.

Acho que pode ser inclusive necessário, pelo que estou inteirado da conjuntura aqui do Espírito Santo, a direita, a extrema-direita ainda está com seus tentáculos bem fortes, bem fincados aqui. Então é preciso examinar as coisas com maior profundidade, para fazer uma projeção realista e não antecipar o segundo turno no primeiro, porque pode não ser bom para ninguém, nem para o PT e nem para o PSB.

Mas essa decisão, da disputa na Capital, vai passar por um acordo nacional entre PT e PSB?
O que nós fazemos na direção nacional é aprovar ou desaprovar as coligações. A escolha dos candidatos é do município, validada pelo Estado, e as coligações são o que nós aprovamos ou não. E aqui me pareceu que quer lançar para valer.

É porque às vezes tem uma negociação para uma dobradinha, do PT apoiar o PSB numa capital e o PSB apoiar o PT em outra…
Mas nós vamos apoiar o PT em alguns lugares também. Eles vão nos apoiar em alguns e nós vamos apoiá-los em vários, temos muito lugar para apoiar o PT. Temos uma ótima relação com o PT, essa semana a presidente Gleisi nos visitou lá na sede, conversou e as conversações continuam.

Tyago Hoffmann (ao centro) foi confirmado como pré-candidato a prefeito de Vitória

O senhor falou que o PSB está preparando 2024 com um olho em 2026. Quais os planos do partido para 2026?
Nós precisamos fazer uma boa bancada em primeiro lugar. Não adianta eleger prefeito que não tenha compromisso com os futuros candidatos a deputado federal. É ter prefeitos mais orgânicos, prefeitos que tenham mais compromisso partidário.

Mas o partido pode ter candidato próprio a presidente da República em 2026?
Não sei, é cedo para falar, vamos falar uma eleição por vez. Vamos nos preparar para fortalecer e em 2026 falamos sobre eleição presidencial.

O Alckmin quer ser candidato a presidente…
Ele nunca me disse isso. Encontro ele quase toda semana, ele nunca me falou isso.

Com a ida do ministro Flávio Dino ao STF, o PSB vai pleitear indicar um nome no Ministério da Justiça, para não diminuir o tamanho do partido no primeiro escalão do governo?
Pleiteio, mas a decisão é do Presidente (Lula), quando ele voltar vai decidir isso. Mas, é claro que ninguém quer perder espaço.

E quem seria o nome de vocês?
Tem o próprio Capelli (atual secretário-executivo da pasta), que está lá no ministério. Eu acho que não seria bom para o País desmontar uma equipe que está trabalhando bem, mas essa definição é o Presidente que irá fazer. Mas que eu gostaria, eu gostaria sim.

Como o senhor está vendo a relação do governo com o Centrão, que acaba tendo mais espaço e até mais voz nas decisões?
Veja, de certa maneira acaba sendo uma exposição da realidade política, que é extremamente conservadora, e o governo tem que aprovar os projetos, se não paralisa o país. Acho que o governo do presidente Lula está dando muito certo, a economia está começando a respirar, o desemprego está diminuindo, então eu acho que, de modo geral, dentro das limitações políticas que o governo está submetido, o governo está indo muito bem.

O senhor falou no evento sobre não ter formado a federação com o PT, até usou uma frase de que quando o partido deixa de tomar decisão, ele deixa de existir. O senhor acha que o PSB perdeu um pouco o protagonismo, acabou sendo engolido pelo PT?
Não. Acho que perderia se entrasse na federação. Nada contra o PT, o PT é um partido que nós apoiamos há muito tempo, desde a primeira eleição presidencial e em quase todas as demais, participamos de todos os seus governos, é um partido irmão.
Porém, a federação nos moldes que nos foi proposta nos colocaria numa situação de não poder decidir coisas estratégicas do nosso País. Por isso que eu falei isso, não é um desapreço ao PT. Nossa relação é a melhor possível.

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