Vaga de conselheiro no TCES: as questões que ficarão para depois do Carnaval

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Ficou para depois do Carnaval o encontro do presidente da Assembleia, Marcelo Santos (Podemos), com o governador Renato Casagrande (PSB) para tratar da vaga de conselheiro a ser preenchida no Tribunal de Contas.

Na última segunda-feira (05), na abertura do ano legislativo na Ales, Marcelo disse que tentaria se reunir com o governador e com membros da Corte de Contas ainda nessa semana, para tratar do assunto. Ele também disse que pretende resolver todo o processo de indicação do nome que irá ocupar uma cadeira no Tribunal nesse mês.

Nas últimas duas semanas, Marcelo se tornou um dos principais cotados para ocupar a vaga. O favoritismo ao seu nome vem após ter início na Assembleia o movimento “A vaga é da Ales”, que une base e oposição no propósito comum de que um deputado, e não alguém de fora, ocupe a vaga no Tribunal de Contas.

O presidente da Assembleia teria o apoio tanto de deputados da base aliada (nem todos) quanto de parlamentares da oposição (todos). Ele mesmo não admitiu, publicamente, que tem interesse pela vaga, mas todo o mercado político sabe que é um sonho antigo do deputado. Fora isso, seus interlocutores têm engrossado o coro de que o dono da vaga tem que ser o presidente.

Também é um nome que, se num passado recente, a possibilidade de ingressar no TCES era vista com resistência por parte dos conselheiros, hoje a situação mudou. A coluna apurou que a maioria dos conselheiros vê o nome de Marcelo com bons olhos.

Resta agora saber como o Palácio Anchieta tem visto essa movimentação. Na última terça-feira (06), o governador Renato Casagrande (PSB) foi questionado sobre a definição da vaga. Mesmo pertencendo à Assembleia, o chefe do Executivo participa das negociações, já que não é de interesse do governo que um opositor, por exemplo, vá para a Corte e amanhã julgue as contas do governo.

Casagrande, porém, desconversou: “É um assunto da Assembleia, Marcelo vai ter uma conversa comigo, mas ainda não conversamos. Ainda não tratei desse tema”.

O governador também foi questionado sobre um acordo que teria sido fechado entre o governo e Marcelo Santos na época das negociações para a formação da nova Mesa Diretora da Ales. Na ocasião, Marcelo chegou a dizer, em entrevista para a coluna, que não estaria em seus planos disputar a vaga de conselheiro.

“Foi uma conversa que tivemos na época da eleição dele, mas nós não voltamos a tratar do assunto”, disse Casagrande ao ser perguntado sobre o acordo e jogando pra frente algo que precisa ser esclarecido. Aliás, não só isso. Há outras questões em jogo que precisam de respostas.

Abertura do ano legislativo na Ales

Marcelo é ou não é candidato?

Se a ideia é que a Corte de Contas tenha a sétima cadeira preenchida ainda neste mês, o presidente da Assembleia vai precisar definir se é ou não é candidato ao posto. E logo. Em disputas anteriores, o posicionamento dele foi mais claro.

Agora, porém, o que se vê são sinais trocados: enquanto seus interlocutores lançam seu nome à vaga, Marcelo diz que não faz parte dos seus planos disputar. Porém, também não descarta a possibilidade, confundindo assim o mercado político.

O acordo será cumprido?

O que pode influenciar nessa decisão seria a conversa do presidente com o governador. Casagrande vai exigir que Marcelo Santos cumpra o acordo feito no ano passado, quando o presidente aceitou abrir mão da disputa de conselheiro em troca do apoio do Palácio Anchieta na eleição da presidência da Ales?

Afinal, foi a primeira vez que Casagrande saiu dos bastidores e veio a público apoiar um nome numa eleição de outro Poder. Na época, essa intromissão explícita chegou a gerar desgaste para o governo com outros aliados, que já tinham se comprometido com outro candidato à presidência, no caso, o deputado Vandinho Leite (PSDB).

Iria o governador agora cobrar essa fatura?

O governador vai bancar a candidatura de Davi Diniz?

Desde quando começaram as articulações visando a vaga de conselheiro – que foi aberta no mês passado com a aposentadoria de Sérgio Borges –, que o nome do chefe da Casa Civil é colocado como favorito na disputa.

Contando com a total confiança do governador Renato Casagrande, ele seria o nome preferido, pelo governo do Estado, para ocupar a cadeira. E ele é até muito bem-visto pela Assembleia. Ou, pelo menos, era.

Isso porque está ganhando corpo as movimentações para que o ocupante da vaga seja um deputado. Davi já enfrentaria a resistência da oposição, que dificilmente votaria num nome do governo para a vaga. Agora, porém, pode enfrentar a resistência da própria base aliada, principalmente se algum deputado conseguir se viabilizar com o apoio da maioria dos eleitores.

Na disputa passada, o governo do Estado bancou a candidatura de Luiz Carlos Ciciliotti, ex-presidente do PSB. Bancará agora a candidatura de Davi, ainda que encontre resistências na Ales? É bom lembrar que agora a votação de conselheiro conta com um elemento novo: o voto secreto, que pode tornar a eleição imprevisível.

Se Marcelo virar conselheiro, quem será o novo presidente da Ales?

Com o nome de Marcelo Santos ganhando adesão uma outra questão se torna urgente: quem ficará no lugar dele como presidente da Assembleia? Se o governo decidir apoiar Marcelo, esse ponto entrará na discussão e deve ser definido antes mesmo da votação na Ales para a vaga de conselheiro.

Hoje já há uma preocupação instalada com relação ao período de transição que o 1º vice-presidente, deputado Hudson Leal (Republicanos), ficará à frente caso Marcelo seja eleito conselheiro. Hudson terá cinco sessões para preparar uma nova eleição para o mandato tampão de presidente.

A preocupação se dá porque, segundo alguns deputados ouvidos pela coluna, Hudson tem estado muito mais próximo da oposição do que da base aliada, que tem um pé atrás com ele e desconfia que ele não poderá dar a governabilidade que o Palácio Anchieta quer e necessita.

E nada impede, também, que Hudson seja, ele mesmo, candidato a presidente. Hoje ele é um dos principais entusiastas que Marcelo seja eleito conselheiro.

Dizem que o ano só começa após o Carnaval. Verdade ou não, fato é que se tudo está morno e nebuloso agora, as próximas semanas prometem ser quentes e decisivas. Quem pode, que aproveite o feriado que deve ser o último período de descanso desse ano eleitoral.

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