Após ter a porta fechada no Republicanos, Neto Barros se filia ao PP

Da Vitória e Neto Barros em ato de filiação do ex-prefeito ao PP / crédito: Instagram

Após ser anunciado como nova aposta do Republicanos e ser rejeitado horas depois pelo partido, o ex-prefeito de Baixo Guandu Neto Barros está de casa nova. O abrigo, agora, é no PP, onde ele se filiou na semana passada pelas mãos do presidente estadual da legenda, deputado federal Josias da Vitória.

Neto é subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado e, até o ano passado, era presidente do PCdoB, partido onde construiu toda sua carreira política.

“É no Progressista! Hoje dei o passo mais importante da minha vida política nestes últimos anos. Uma etapa cheia de alegria e novos desafios. É a minha filiação ao PP, Partido Progressista, mais alinhado às políticas de centro. Recebi o convite do deputado federal Da Vitória com entusiasmo e otimismo. E espero somar ao time do PP! Se depender de mim, o partido estará muito bem representado em Baixo Guandu”, escreveu Neto, numa postagem em seu perfil do Instagram.

A intenção do subsecretário é voltar à Prefeitura de Baixo Guandu – que já comandou por dois mandatos – e, segundo ele, o PP lhe dará legenda para concorrer neste ano. Mas a chegada ao PP veio após dias de tribulação para Neto Barros.

No dia 23 de fevereiro, Neto deu uma entrevista à coluna falando sobre sua ida para o Republicanos, sigla que se autodenomina como o “verdadeiro partido conservador do Brasil”. A entrevista foi marcada após a assessoria do Republicanos enviar nota à imprensa anunciando a filiação futura do ex-comunista. A entrevista surpreendeu o mercado político.

Após passar 25 anos no PCdoB e pregar os ideais comunistas durante toda sua carreira, Neto disse que não acreditava mais na revolução como um caminho de transformação para o Brasil, que defendia reformas e que pesou bastante em sua decisão a imagem que o Partido Comunista tem hoje, principalmente num estado majoritariamente bolsonarista, como o Espírito Santo.

“Fiz uma ressignificação da minha vida pessoal e política”, disse Neto para justificar a escolha por um partido tão oposto à toda sua trajetória. Ele também contou que foi um diferencial a forma com que foi recebido pelo presidente estadual do Republicanos, Erick Musso.

“Eu conversei com muitos partidos. Tive muitas propostas, conversei com União Brasil, MDB, mas eu conversei com o Erick Musso e foi a conversa mais acolhedora, que mais me agradou. Ele falou que estava comigo no meu projeto, que eu poderia ser candidato a prefeito, indicar o vice”, afirmou Neto.

A entrevista foi publicada no dia seguinte (24 de fevereiro) à 1h (leia a entrevista completa aqui) e pouco mais de oito horas depois, Erick entrou em contato com a coluna De Olho no Poder para informar que Neto não se filiaria mais ao partido.

“Ele não é filiado ao partido, estava dialogando e eu dialogo com todas as forças, mas teve uma decisão partidária e ele não será recebido pelo partido. Já falei com ele”, disse Erick na ocasião.

Ao ser questionado na época se teria sofrido pressão para barrar a entrada de Neto, Erick negou, mas a coluna recebeu prints de grupos de WhatsApp de representantes de evangélicos, policiais, integrantes de movimentos de direita e até do próprio Republicanos criticando a entrada do subsecretário na legenda e colocando Erick contra a parede.

O deputado federal Messias Donato (Republicanos) mesmo foi um dos que colocou o pé na porta. “Eu disse que se o Republicanos insistisse em filiar o Neto Barros, que não contasse comigo. Eu estarei em outro palanque”, disse o deputado à coluna, na época.

Sem apoio até de seus correligionários, restou a Erick recuar em sua palavra e “desconvidar” Neto Barros que, ao ser procurado pela coluna na ocasião, disse que não tinha sido informado por Erick da decisão e que ficou sabendo pela imprensa.

Neto Barros, Erick Musso e Hudson Leal: costura desfeita

Ao ser procurado ontem (19), Neto confirmou, animado, sua entrada no PP e, novamente, acusou o atual prefeito de Baixo Guandu, Lastênio Cardoso, de estar por trás da resistência que sofreu no Republicanos. Ele é oposição à atual gestão.

“O prefeito de Baixo Guandu moveu céus e terra para atrapalhar, porque precisava que eu ficasse na esquerda para continuar com a velha política de ataques pessoais, embora ele sempre tenha sido eleito em partidos de esquerda, como PPS e Solidariedade. Quando ele viu que eu estava em outra, entrou em desespero. Já era esperado”.

Neto também se mostrou confiante, com relação à eleição. “A nossa vitória será acachapante. O anúncio da filiação ao Republicanos serviu como balão de ensaio. Já tinha tratado com o Da Vitória e o Progressista oferecia segurança e o apoio político necessário”.

Ele não disse, porém, como ficou a relação com Erick Musso após a confusão. Ao ser questionado pela coluna, ficou em silêncio.

O PP, assim como o Republicanos, também é um partido que forma o famoso “Centrão”, com perfil de centro-direita e bastante pragmático. Hoje, o partido está dividido, nacionalmente, entre o apoio ao presidente Lula e ao ex-presidente Bolsonaro – embora a legenda tenha indicação no ministério do governo federal.

Diferente do Republicanos, porém, o PP não tem como bandeira a pauta de costumes. Ao menos não por parte de suas principais lideranças.

No Estado, o PP está na base do governo Casagrande e ocupa uma cadeira no 1º escalão. Agora, ocupará outra, no 2º escalão, com a subsecretaria de Neto.

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