Majeski se filia ao PDT para disputar Vitória. Pedra no sapato de Coser?

Se o mercado político já vê o deputado Capitão Assumção (PL) como uma preocupação do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), com o risco real de dividir o eleitorado de direita e diminuir a intenção de voto do atual gestor nas eleições, do outro lado do espectro político, situação semelhante se forma.

O ex-deputado Sergio Majeski se filiou, na noite de quarta-feira (06) ao PDT, para disputar a Prefeitura de Vitória. Uma candidatura que pode rivalizar com a do petista João Coser e dividir os votos de centro e da esquerda.

A decisão de ter uma candidatura própria é inédita. Embora seja um partido grande, em Vitória, o PDT sempre ocupou a posição de coadjuvante, como registrado nas últimas eleições.

Em 2020, apoiou os candidatos Fabrício Gandini (1º turno) e João Coser (2º turno); em 2016, apoiou Amaro Neto. Em 2012, um militante do PDT (Jenner) até tentou impor seu nome na disputa, mas à revelia da decisão do partido. Acabou tendo a candidatura indeferida.

Dessa vez, porém, o partido – que é protagonista nas eleições da Serra – também quer papel de destaque na Capital e garantiu que não irá ceder a pressões para retirar a candidatura do ex-deputado e professor Sergio Majeski – que deixou o PSDB, pela segunda vez, por não encontrar espaço para disputar.

“Só tem uma pessoa que tira a candidatura de Majeski: o próprio Majeski. A gente não discute a possibilidade dele não ser candidato, pode vir a pressão que vier”, disse o presidente do PDT de Vitória, Junior Fialho.

Tradicionalmente, duas candidaturas no mesmo polo acabam dividindo votos e fortalecendo o lado opositor. Numa primeira leitura, seria grande a possibilidade da candidatura do PDT tirar votos da candidatura do PT. Mas Fialho não vê dessa forma.

Embora o PDT seja um partido de esquerda – ou de centro-esquerda, como prefere Fialho – o eleitor do Coser não seria o mesmo eleitor de Majeski, segundo o dirigente.

“Não temos essa avaliação que a candidatura de Majeski tira votos do Coser. São segmentos parecidos, mas não são os mesmos. Muitas pessoas querem fugir desse embate: partido do Bolsonaro x partido do Lula, querem fugir dessa polarização. E a gente vem com essa proposta, de apresentar um caminho diferente, de centro, como o próprio Majeski é”, disse o presidente municipal.

Segundo ele, o PDT já está conversando com outros partidos para somar na coligação. “Vamos procurar todas as legendas que estejam dispostas a caminhar no nosso projeto. Nossa bandeira, nosso carro-chefe é a educação”, disse Fialho.

“Todas as candidaturas são legítimas”

Karla e João Coser / crédito: Facebook

A vereadora de Vitória Karla Coser (PT) participou da filiação de Majeski, que ocorreu na Câmara da Capital. Ela foi convidada por dirigentes do partido e prestigiou o ato. “O PDT é um partido da base do governo Lula. E tenho muito respeito pelo Majeski”.

Questionada se a candidatura do agora pedetista poderia atrapalhar a candidatura do seu pai – o deputado João Coser, que deve disputar mais uma vez a Prefeitura de Vitória –, ela respondeu: “Todas as candidaturas são legítimas”. E disse não ter conhecimento sobre a possibilidade dos dois partidos formarem uma aliança.

Coser disputou em 2020 e foi para o segundo turno com Pazolini, que acabou sendo eleito prefeito. Ele foi procurado para falar sobre o assunto, mas ainda não retornou aos contatos da coluna.

Já a presidente estadual da legenda, a deputada federal Jack Rocha, sinalizou que o PT vai sim tentar compor com os partidos que estão na base do presidente Lula. E isso, claro, inclui o PDT.

“A definição da pré-candidatura de João Coser para a disputa de Vitória é uma prioridade nacional e estadual, é um projeto coletivo, de diversos setores e segmentos sociais, não só partidário”, disse a presidente. E acrescentou:

“Queremos fortalecer nossa aliança nas eleições municipais com nossa federação, que inclui o PCdoB e o PV, e também com partidos aliados e outros que possam somar neste projeto, especialmente aqueles que sustentaram a candidatura de Lula e Casagrande nas eleições passadas e que hoje fazem parte da base de sustentação dos dois governos”, afirmou.

Ou seja, a disputa em Vitória é prioridade para o PT, que já vem há algum tempo cobrando apoio do PSB e do governador Renato Casagrande (PSB) para esse pleito. Ao que tudo indica, as articulações irão aumentar para cima dos aliados de Lula – incluindo aí o PDT – à medida que as eleições se aproximam.

Já o PDT garante que está preparado para aguentar a pressão e que não irá recuar. A conferir.

 

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