Pesquisa em Vila Velha aponta que “maldição” de 12 anos pode ser quebrada em outubro

Crédito: Sobre Voar

A segunda pesquisa divulgada pelo instituto Futura Inteligência, em parceria com a Rede Vitória no projeto 100% Cidades, analisou o cenário de Vila Velha nas intenções de voto para prefeito.

O município, que é o segundo maior colégio eleitoral do Estado e até então aparentava que teria uma eleição tranquila, nos dois últimos meses enfrentou um rebuliço com novos e antigos players se apresentando para o jogo e já colocando fogo na pré-campanha.

De lá para cá, o cenário eleitoral canela-verde foi clareando também. O economista Edinho Wilson (PT), que é citado na pesquisa, saiu do jogo. Em consenso, o PT decidiu apoiar o nome do ex-vereador João Batista Babá para a disputa majoritária.

O presidente da Câmara, Bruno Lorenzutti (MDB), que já foi ventilado para disputar a Prefeitura, hoje é muito mais cotado para concorrer ao posto de vice na chapa de Arnaldinho à reeleição.

E é possível também que outros saiam de cena ou sejam substituídos, como é o caso da candidatura própria do PSDB. Embora Maurício Gorza seja hoje o pré-candidato da legenda, o mercado político aposta que, na hora ‘H’ quem irá disputar será mesmo o ex-prefeito Max Filho, do mesmo grupo político de Gorza.

Mas a pesquisa apontou para alguns cenários interessantes, que passam a ser analisados a seguir:

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1 – Maldição da não reeleição pode ser quebrada

Todos os cenários simulados na pesquisa apontam um favorito: o atual prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos). Ele pontua 53,9% na pesquisa espontânea de intenção de voto; vai de 62% a 64,8% nos três cenários estimulados; vence todos os cinco cenários propostos de 2º turno com intenções de voto que vão de 73,3% a 85,7% e tem uma rejeição baixíssima, de 5,2%.

Os números apontam que, após 12 anos, Vila Velha pode voltar a reeleger um prefeito. De 2012 para cá, os ex-prefeitos Neucimar Fraga (PP), Rodney Miranda e Max Filho (PSDB) tentaram, mas não tiveram sucesso na empreitada de conquistar um segundo mandato.

Há até um “lema”, que corre à boca miúda no município, que Vila Velha não elege prefeito pelo que ele fez, mas sim pelo que promete fazer. Ou seja, pesaria muito mais para os eleitores as necessidades do município que são abordadas em promessas de campanhas principalmente pelos novatos e desafiantes, do que os feitos dos experientes que já estão no cargo.

Fato é que, a cinco meses dos eleitores de Vila Velha irem às urnas, essa “maldição” pode ser quebrada. E há uma explicação para isso.

À frente da máquina pública, Arnaldinho conseguiu construir boas relações com outros Poderes, elegeu seu vice para a Câmara Federal, para ser uma ponte entre Brasília e Vila Velha (para recebimento de recursos e investimentos públicos) e é aliado do governador.

Ele sempre repete que Vila Velha nunca viu um volume de obras como agora. De fato, em alguns períodos ao longo desses três anos e meio de mandato, o município se confundia com um grande canteiro de obras a céu aberto.

Muitas das obras, porém, são do governo do Estado, o que não tira o mérito do prefeito, que já disse publicamente que seus antecessores viviam brigando com o Palácio Anchieta, o que prejudicava a cidade, e que ele sabe ter boa relação com todo mundo em prol do município.

Sendo o governo ou a prefeitura o pai da obra, fato é que Arnaldinho é o mais beneficiado com a visibilidade que as entregas proporcionam e deve colher esse fruto em forma de votos.

2 – Possibilidade de vitória no 1º turno

Outro ponto que a pesquisa mostra é a possibilidade da eleição terminar no 1º turno, tendo em vista os números alcançados por Arnaldinho – acima de 50% – em todos os cenários de intenção de voto, além da baixa rejeição, que ainda lhe daria teto para crescer.

Como se trata da primeira pesquisa, realizada em abril, no início da pré-campanha, antes de caminhadas, comícios, propaganda eleitoral na TV, pedido de voto nas ruas e debates, ainda é cedo para cravar que a eleição vai se encerrar no primeiro turno, mas a pesquisa aponta para essa possibilidade.

De fato, Arnaldinho já entra na corrida eleitoral muito bem, embora tenha um longo caminho a ser percorrido pela frente e adversários que estão com sangue nos olhos – o que já é visível nas redes sociais – para derrotá-lo.

Por ser o prefeito, deve virar vidraça para as pedradas dos adversários e seu desafio será o de não desidratar ao longo da campanha, o que não é tarefa fácil.

3 – Estreante bem posicionado

Outro ponto que chama a atenção é o bom posicionamento do estreante Coronel Ramalho (PL). Pela primeira vez disputando a Prefeitura de Vila Velha, Ramalho aparece em segundo lugar das intenções de voto na maioria dos cenários (três de quatro).

Sua pontuação está bem distante de Arnaldinho Borgo, somando de 12,3% a 13,5% nas intenções de voto dos cenários simulados. Mas marcar dois dígitos na primeira pesquisa e na primeira vez que disputa não é algo para se ignorar.

É claro que se for considerada a margem de erro de 4 pontos percentuais, Ramalho está empatado com Neucimar Fraga, para quem perde a segunda posição em um dos cenários propostos.

Mas, quando é analisado o índice de rejeição, Ramalho está atrás de Max Filho (com 44,4%) e do próprio Neucimar (38,7%). O coronel da PM tem 22,2% de rejeição – coincidentemente o mesmo número de sua sigla partidária, assim como a rejeição de Max se aproxima de 45%, número do PSDB.

Se a “maldição da não reeleição” não for quebrada e prosperar a máxima de que o eleitorado canela-verde prefere votar naquele que “promete fazer”, Ramalho tem grandes chances de crescer e até de surpreender.

Com um discurso pautado principalmente na bandeira da Segurança Pública, com a experiência de estar à frente da pasta no governo estadual e, agora, representando o bolsonarismo – que é forte no município –, Ramalho pode virar uma pedra no sapato e fazer balançar o favoritismo de Arnaldinho, levando a disputa para 2º turno.

4 – Centro e esquerda com poucas chances

Pelos primeiros números da pesquisa, tudo indica que os candidatos que representam o centro, como Max e Gorza, e os que representam a esquerda, como João Batista Babá e Edinho, terão poucas chances na disputa eleitoral.

Max Filho aparece com 2,2% na pesquisa espontânea e na estimulada soma 6,8%, ficando em quarto lugar. Pela margem de erro, ele até estaria empatado com Coronel Ramalho (12,3%) e Neucimar Fraga (7,2%), mas o que pesa para Max é a rejeição.

Ainda que o entrevistado pudesse escolher de forma múltipla, Max aparece como o primeiro do ranking na questão “qual candidato não votaria de jeito nenhum”, o que é um limitador de um eventual crescimento.

Gorza, que hoje é o pré-candidato tucano, tem uma rejeição baixa, de 7,2%, mas é ainda um candidato desconhecido do eleitorado e nas intenções de voto não soma 1%.

Babá, do PT, foi até lembrado na espontânea (0,3%), mas não chega a pontuar 2% nos cenários estimulados. E sua rejeição alcança 12,3%, mais de seis vezes seu índice de intenção de voto.

Sua pré-candidatura, que estava marcada para amanhã, foi adiada por conta de uma tragédia familiar, mas o PT quer marcar posição e representar o eleitorado de esquerda no município. Mesmo com poucas expectativas de sucesso, o PT vai disputar.

A representatividade é válida, até porque pode servir de trampolim para outras disputas, mas o partido não terá uma caminhada fácil, pelo que os números apontam. A grande disputa, a guerra por votos, o olho no olho deve ocorrer mesmo entre os demais pré-candidatos, que representam a direita e a extrema-direita.

5 – Votos de Max migram para Neucimar

Um outro movimento observado e que chama a atenção é a migração de votos de Max Filho, quando ele é retirado do cenário estimulado, para Neucimar.

No primeiro cenário estimulado, com a presença dos dois, Neucimar pontua 7,2% e Max, 6,8%. Quando Max é substituído por Gorza, no segundo cenário estimulado, Neucimar sobe para 11,7% e até para 13,3% (alcançando a segunda posição), num terceiro cenário.

Ou seja, com Max na disputa, Neucimar perde votos. Sem Max, tem a chance até de ir para um segundo turno, se houver.

Max e Neucimar herdam os votos dos insatisfeitos com a atual gestão e do recall que conquistaram pela trajetória política. São conhecidos, estão sempre aparecendo no cenário político, embora estejam fora de cargo público.

Os dois porém, tomaram rumos diferentes nos últimos anos. Max permanece no PSDB, é um social-democrata e está posicionado no centro ideológico. Já Neucimar deu uma guinada à direita, muito mais do que o partido em que está abrigado (PP), rompeu com antigos aliados e tem buscado espaço dentro do bolsonarismo e do conservadorismo.

Numa primeira análise, o que parece é que o eleitorado dos dois não conversa, mas como na política nem tudo é explicado pela lógica, os números mostram que os dois podem estar ligados pela única e legítima vontade do eleitor.

A pesquisa está registrada sob o número: ES-00672/2024

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