Política

Congresso aprova regras, mas mantém falta de transparência no orçamento secreto

Congresso aprova regras, mas mantém falta de transparência no orçamento secreto Congresso aprova regras, mas mantém falta de transparência no orçamento secreto Congresso aprova regras, mas mantém falta de transparência no orçamento secreto Congresso aprova regras, mas mantém falta de transparência no orçamento secreto

O projeto de resolução do orçamento secreto, que prevê novas regras de distribuição das emendas de relator, foi aprovado nesta sexta-feira, 16, pelo Congresso em uma sessão agendada às pressas após o Supremo Tribunal Federal (STF) adiar para segunda-feira, 19, o término do julgamento da constitucionalidade do mecanismo. A proposta agora será promulgada.

A proposta, contudo, não resolve a falta de transparência da RP9, uma das principais críticas às emendas de relator, e mantém com os líderes partidários o poder de distribuição da verba.

Por se tratar de uma sessão do Congresso, conjunta portanto, o PDL foi votado em duas etapas. Na primeira, com deputados, a proposta foi aprovada por um placar folgado, com 328 votos a favor e 66 contra. Em seguida, 44 senadores avalizaram o texto e 20 rejeitaram. Duas tentativas de alteração foram rejeitadas.

O projeto vai alterar o Regimento Comum do Congresso e prevê que 80% das emendas de relator sejam destinadas proporcionalmente para as bancadas, 7,5% para as Mesas Diretoras de cada Casa, e 5% para a Comissão Mista de Orçamento. Também destaca que “pelo menos 50% das indicações realizadas pelo relator-geral deverão ser executadas em ações e serviços públicos de saúde, educação e de assistência social”.

Essa proposta foi costurada pelos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como uma resposta e uma blindagem ao Congresso a partir da retomada, pelo STF, do julgamento do orçamento secreto que pode acabar com a prática.

A análise acabou suspensa na quinta-feira e teve o fim adiado para segunda, 19, depois de um pedido dos ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, que mencionaram justamente a resolução na qual o Congresso busca regulamentar as emendas de relator.

A expectativa dos parlamentares é que, após a votação desta sexta, a Suprema Corte olhe com mais boa vontade para o mecanismo e não acabe totalmente com ele. Até o momento, há maioria para acabar com a prática, que vem empoderando o Congresso desde 2019 ao ter transferido do Executivo para o Legislativo a prerrogativa de definir o destino das emendas, sem transparência.

Lira é um dos principais interessados na manutenção das emendas de relator, já que depende delas para cumprir promessas com pares e conseguir se reeleger ao comando da Casa, que vai disputar em fevereiro de 2023. Por isso, ele tem acompanhado com lupa o andamento da análise na Corte Suprema e, sobretudo, as movimentações do presidente eleito da República Luiz Inácio Lula da Silva nos bastidores.

O petista nunca escondeu ser contra o orçamento secreto e desejar que a execução das emendas retornem para as mãos do Executivo. Como já mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), ele teve uma série de conversas com os ministros do STF em diversos momentos. A reportagem apurou, que os diálogos ocorreram, inclusive, em agosto, no auge da campanha eleitoral.

O julgamento no STF tem travado o andamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da transição, com a qual o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pretende cumprir parte dos seus compromissos de campanha, como a manutenção do pagamento do auxílio de R$ 600 a famílias de baixa renda, além de R$ 150 para mães com filhos menores que 6 anos. Para isso, a PEC amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões e coloca R$ 13 bilhões em receitas extraordinárias fora da regra fiscal.

Mas Lira também cobra cargos no governo. O Broadcast Político vem informando que ele colocou na mesa de negociações os Ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Regional (que deve ser dividido em Cidades e Integração Nacional), mas Lula ainda não deu uma sinalização clara sobre quais serão os espaços do cacique do Centrão e de seus aliados.