Política

Corte cobra Brasil por sentença do Araguaia

Corte cobra Brasil por sentença do Araguaia Corte cobra Brasil por sentença do Araguaia Corte cobra Brasil por sentença do Araguaia Corte cobra Brasil por sentença do Araguaia

Rio de Janeiro – A Corte Interamericana de Direitos Humanos elaborou resolução em que lista determinações que não foram cumpridas pelo Estado brasileiro desde o fim do julgamento de ação sobre a guerrilha do Araguaia, em dezembro de 2010. Na época foram editadas 11 medidas que deveriam ser seguidas pelo governo do Brasil.

A resolução estabelece que o Estado foi o responsável pelo desaparecimento de 62 guerrilheiros no Araguaia – a guerrilha rural foi organizada pelo PC do B no fins dos anos 60 e início dos 70. Defende ainda que a forma como a Lei de Anistia foi interpretada impede “a investigação, persecução, captura, julgamento e eventual punição dos responsáveis por violações contínuas e permanentes, como os desaparecimentos forçados”. Para a corte internacional, tais crimes são imprescritíveis.

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR) sustenta que a Lei de Anistia “não impede a investigação e a propositura de ações penais, portanto a obrigação imposta pela Corte está sendo implementada”. “Há uma ambiência jurídica favorável à punição dos agentes responsáveis pelos fatos da presente sentença”, diz comunicado oficial.

Segundo a SDH-PR, há 187 procedimentos penais e oito ações judiciais movidas pelo Ministério Público Federal a respeito de seis desaparecidos, contra o coronel Lício Augusto Maciel e o major Sebastião Curió, que atuaram no Araguaia contra a guerrilha. Duas foram arquivadas, de acordo com a resolução. O governo confirma. O documento também fala sobre buscas, localização e identificação de desaparecidos ou restos mortais, que deveriam ser entregues aos familiares. Até o momento, foram gastos quase R$ 10 milhões em 23 expedições. Só os guerrilheiros Maria Lúcia Petit e Bergson Gurjão Farias foram identificados.

Outro item da resolução fala sobre a tipificação do crime de desaparecimento forçado e julgamento efetivo. Dois projetos de lei foram aprovados pelo Poder Legislativo, mas a presidente Dilma Rousseff (PT) não os promulgou. A Comissão da Verdade é citada como “um mecanismo importante, entre outros aspectos, para cumprir a obrigação do Estado de garantir o direito de conhecer a verdade sobre o ocorrido” e porque “pode contribuir para a construção e preservação da memória histórica, o esclarecimento de fatos e a determinação de responsabilidades institucionais, sociais e políticas”. Segundo a resolução, o governo tem até março para apresentar documentos que indiquem as medidas adotadas para o cumprimento da sentença de 2010.