Política

Criação de CPMI para investigar JBS corre risco no Congresso Nacional

Criação de CPMI para investigar JBS corre risco no Congresso Nacional Criação de CPMI para investigar JBS corre risco no Congresso Nacional Criação de CPMI para investigar JBS corre risco no Congresso Nacional Criação de CPMI para investigar JBS corre risco no Congresso Nacional

Brasília – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o frigorífico JBS no Congresso Nacional corre o risco de não ser criada, nesta terça-feira, 30, por falta de apoio. Deputados e senadores da base aliada conseguiram número de assinaturas pouco acima do necessário para a criação do colegiado. Neste cenário, caso algum parlamentar retire seu apoio, o pedido de instalação pode acabar rejeitado.

Para criar a CPMI, são necessários 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores. No entanto, de acordo com um dos autores do pedido, o líder do Podemos (antigo PTN), deputado Alexandre Baldy (GO), somente 174 foram reconhecidas, três a mais do que o mínimo necessário. No Senado, outras 32 assinaturas foram validadas, cinco a mais do que o mínimo necessário para abrir uma comissão. Entre os apoiadores da CPMI estão parlamentares de PMDB, PSDB e PT, entre outros partidos.

Diante do risco, Baldy e o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) atuam para garantir mais apoiadores. “Continuarei a colher assinaturas nesta terça-feira (30) para eximir este risco”, afirmou o deputado. O requerimento que pedia a instalação da comissão foi lido na semana passada pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Se nenhum parlamentar retirar assinatura, a expectativa é de que o ato de criação seja lido durante sessão do Congresso, marcada para 19h30.

A partir daí, os líderes partidários terão de indicar os membros. Só depois dessa fase é que a comissão poderá ser instalada. “Acredito que até a semana que vem possamos iniciar os trabalhos da CPMI para investigar essas questões”, explicou o senador.

Como é praxe, os dois principais autores do pedido de instalação da CPMI devem comandar o colegiado. O acordo é para que Baldy seja o relator principal da comissão e o senador, o presidente. Os focos da CPI serão fiscalizar os contratos de empréstimos do BNDES às empresas do grupo J&F, o acordo de delação premiada dos donos e executivos da JBS, as operações no mercado de dólar e na Bolsa de Valores dos donos da empresa dias antes da delação ser divulgada e possíveis irregularidades fiscais e previdenciárias dessas empresas.

Hoje, a JBS já é investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula e fiscaliza o mercado financeiro, por ter supostamente lucrado com a compra de dólar no mercado futuro em valor equivalente a R$ 1 bilhão, horas antes da divulgação das primeiras notícias sobre a delação da JBS.

Oliveira e Baldy afirmam que um dos primeiros atos do colegiado deve ser a convocação dos atuais e ex-executivos e acionistas de empresas do grupo J&F, os irmãos Joesley e Wesley Batista, bem como executivos ex-executivos do BNDES, inclusive o novo presidente do banco de fomente, Paulo Rabello de Castro. Rabello foi escolhido na última sexta-feira, 26, e assumiu o comando da instituição no lugar de Maria Silvia Bastos, que pediu demissão. Ao serem convocadas para depor na CPI, essas pessoas são obrigadas a comparecer. Se fossem apenas convidadas, teriam o poder de escolha.

A CPI mista da JBS faz parte do pacote de retaliação articulado no Congresso Nacional contra a empresa. Além da instalação do colegiado, a retaliação envolve fiscalização da companhia por outras comissões temáticas do Legislativo e uma proposta que obriga delatores a devolverem o dinheiro que lucraram no mercado com ajuda de informações privilegiadas de suas delações.

O projeto obrigando a devolução dos recursos foi apresentado na semana passada pelo líder da maioria na Câmara, deputado Lelo Coimbra (PMDB-RJ). A matéria estabelece que o delator, parentes ou outra pessoa e empresa a ele associados que obtiverem benefícios financeiros, comerciais, acionários, industriais, imobiliários e cambiais resultantes de informação privilegiada originária da delação terão de devolver integralmente esses lucros, com juros de 2% ao mês e correção monetária.

O texto prevê também que o delator terá de pagar multa de 50 vezes o valor que lucrou. Além disso, terá de indenizar pessoa ou empresa que eventualmente tenha sido lesada. Se comprovado dolo ou culpa do colaborador, a proposta estabelece ainda que a delação estará “sujeita à revisão” e o delator, condenado a até 15 anos de prisão. Segundo o conteúdo, as sanções cíveis previstas podem retroagir até 2 agosto de 2013, quando a lei das delações entrou em vigor. A proposta passará por duas comissões na Câmara em caráter conclusivo. Caso nenhum deputado requisite votação em plenário, a matéria será enviada diretamente para análise do Senado após passar nesses colegiados.

Fiscalização e Controle

Em outra ação de retaliação à JBS, o líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB), propôs que a Comissão de Fiscalização e Controle da Casa faça uma fiscalização oficial sobre operações das empresas do grupo JBS e de seus donos no mercado acionário e de câmbio. A proposta contou com apoio dos líderes do governo, da base aliada e até da oposição, como o líder do PT, Carlos Zarattini (SP), e do PDT, Weverton Rocha (MA). O pedido já foi aprovado pela comissão.