Política

Cunha diz que governo envia propostas que não são "críveis"

Cunha diz que governo envia propostas que não são “críveis” Cunha diz que governo envia propostas que não são “críveis” Cunha diz que governo envia propostas que não são “críveis” Cunha diz que governo envia propostas que não são “críveis”

São Paulo – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comentou a possibilidade de perda de grau de investimento pelo Brasil nos próximos meses, considerada por ele um risco real. O peemedebista disse que as adaptações para evitar o downgrade não são tarefas somente do Parlamento e devem ser entendida como uma crítica ao próprio governo. Segundo Cunha, um passo para a recuperação da credibilidade do governo é que sejam estipuladas “metas críveis” e não “mais fantasias para amanhã não se cumprir”.

“O governo envia propostas que não são críveis, aí gera contestação do outro lado e um ambiente político ruim. O governo quando manda um sinal como esse está contribuindo para que o Brasil perca o grau de investimento”, disse, ao comentar a edição da MP 683, que só entra em vigor após a aprovação do projeto de repatriação de recursos que, segundo ressaltou Cunha, não foi enviado pelo governo. “Não dá para o governo querer confiar na terceirização de sua iniciativa parlamentar e editar MP e dizer que sua meta fiscal depende disso”, completou.

Cunha lembrou que o governo estabeleceu a meta de 0,15% do PIB para o superávit primário considerando arrecadação de R$ 5 bilhões com concessões, de R$ 10 bilhões com a Medida Provisória na recuperação de impostos, além de receitas com a repatriação de recursos no exterior projeto que ainda precisa ser apreciado pelo Congresso.

Meta fiscal

O presidente da Câmara colocou em dúvida o cumprimento da nova meta fiscal do governo federal dizendo que ela se baseia em premissas difíceis de serem alcançadas. “Eles colocaram a redução da meta para 0,15% baseado em três situações”, disse Cunha citando a arrecadação de R$ 5 bilhões com concessões, de R$ 10 bilhões da Medida Provisória na recuperação de impostos e receitas com a repatriação de recursos no exterior, um projeto que ainda precisa ser apreciado pelo Congresso.

Cunha disse que não vai votar o projeto de lei se ele não for enviado pelo próprio governo ao Congresso. A proposta que está atualmente em tramitação é de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP).

“A cúpula do Congresso apreciar ou não (projeto sobre repatriação) vai depender de o governo mandar o projeto. Se governo mandar, a Câmara não terá nenhum problema em apreciá-lo. Se o governo não mandar, não vamos apreciar um projeto de um parlamentar”, disse o peemedebista. Sobre a possibilidade de aprovação do projeto na Câmara, Cunha foi impreciso. “Não é um tema pelo qual a Casa se sensibilize. Mas a Casa pode até aprová-lo se o governo colocar seu interesse e a sua necessidade de arrecadação”, completou. (

Delação

Cunha defendeu, ao responder a uma questão do advogado Luiz Flávio D’Urso, mudanças na regra da delação premiada. O advogado, que defende o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, fez uma pergunta durante o almoço em que sugeria mudanças na regra de delação, com a proibição de acordos para investigados que estejam presos cautelarmente. Cunha concordou e falou em aperfeiçoar a delação, método que “pode ser muito útil a algumas investigações, desde que não seja instrumento de coação”.

“O doutor D’Urso colocou, e eu particularmente concordo com a argumentação dele, que a gente não pode deixar ninguém com a espada, na condição de só ter liberdade se algo for delatado”, disse o presidente da Câmara. Para Cunha, o fato de a legislação ter sido aprovada durante as manifestações de 2013 fez com que alguns pontos importantes não fossem devidamente discutidos.

Mais tarde, durante a coletiva, Cunha se preocupou em dizer que não era ele quem fazia críticas ao instrumento da delação premiada, mas que apenas tinha achado “razoável” a alteração sugerida por D’Urso.

“Eu não critiquei, respondi a uma pergunta com uma sugestão feita por um advogado conceituado, que levantou o debate sobre uma alteração que acho que é razoável. Qualquer legislação é passível de alteração”, disse Cunha, dizendo que o aperfeiçoamento faz parte do processo democrático.