Cotado para disputar o governo do Estado no ano que vem mas sem partido desde março, o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, iniciou conversas com o PSD, uma das maiores siglas de centro-direita do País.
Na última terça-feira (13), Arnaldinho esteve com o presidente nacional do partido, o ex-ministro Gilberto Kassab. O dirigente abriu as portas de sua casa, em São Paulo, para receber o prefeito e o deputado federal Victor Linhalis (Podemos), num encontro de apresentação, mas que já apontou para alguns sinais.
No encontro, Arnaldinho teria falado da sua gestão à frente de Vila Velha. Apresentou dados, investimentos, obras, projetos e a possibilidade de uma nova construção do PSD no Estado. Victor também teria falado sobre sua atuação na Câmara Federal e a intenção de buscar investimentos para o Espírito Santo.
Já Kassab teria explanado os projetos nacionais do partido e para São Paulo – ele é ex-prefeito da capital paulista – e, em determinado momento, também teria feito o convite para Arnaldinho integrar a legenda, o que teria deixado o prefeito animado.
Como foi um primeiro encontro – nem o prefeito e nem o deputado conheciam pessoalmente Kassab –, não teria sido tratado detalhes da disputa para o governo do Espírito Santo e nem sobre a entrada no partido do ex-governador Paulo Hartung – marcada para a próxima segunda-feira (26).
Mas, nas entrelinhas, o prefeito teria passado sua intenção que é de entrar numa legenda onde possa ter voz de comando para viabilizar sua candidatura ao Palácio Anchieta.
Arnaldinho já é pré-candidato?
Cotado pelo próprio governador Renato Casagrande (PSB) como um possível nome à sua sucessão, Arnaldinho Borgo não admite publicamente, mas está com os dois olhos fixos no Palácio Anchieta.
Interlocutores do prefeito ouvidos pela coluna não têm dúvidas de que ele é pré-candidato ao governo do Estado. Afirmam que o prefeito está convicto de que é o “momento dele” e que já tem feito articulações para viabilizar o próprio nome, como por exemplo, a busca por um partido e o fechamento de alianças.
O otimismo do prefeito não é à toa. No ano passado ele foi reeleito em 1º turno com 79,04% – lembrando que Vila Velha tem o segundo maior colégio eleitoral do Estado, ficando atrás apenas da Serra.
Ele também rompeu com uma tradição (ou maldição) que estava se criando no município. Nas três eleições anteriores, os eleitores de Vila Velha se negaram a reeleger os prefeitos. Neucimar Fraga (2009-2012), Rodney Miranda (2013-2016) e Max Filho (2017-2020) até tentaram, mas viram a reeleição escapar ao longo da campanha e da apuração dos votos.
A aprovação que teve nas urnas e na gestão credenciam, ao menos no cenário político de hoje, o prefeito a alçar voos maiores para o ano que vem. Mas, ele fará isso a qualquer custo?
Arnaldinho é aliado de Casagrande, faz parte do mesmo grupo político, seu vice – Cael Linhalis – é quadro histórico do PSB, partido do governador. Acontece que, o grupo do governador tem como prioridade para 2026 eleger Casagrande ao Senado e o vice Ricardo Ferraço (MDB) ao governo do Estado.
Somente no caso do vice não se viabilizar, se lá na frente pesquisas mostrarem que ele não terá condições de ter uma candidatura competitiva, é que o nome poderá ser trocado. Mas, por ora, Ricardo segue sendo o pré-candidato do Palácio.
E, ao que tudo indica, Arnaldinho não quer ser o plano B. A leitura que aliados do prefeito fazem é que se Arnaldinho não for o escolhido, o grupo poderá ter dois candidatos ao governo, com a justificativa de que Casagrande seria o grande beneficiado por ter duas lideranças pedindo votos para ele ao Senado.
Em entrevista, Arnaldinho declarou apoio a Ricardo
No início do ano, ao dar entrevista para a coluna De Olho no Poder no quadro “Cidades e Desafios”, o prefeito de Vila Velha disse estar “pronto e preparado” para a disputa ao governo do Estado.
Na ocasião, porém, ele ponderou que apoiaria o vice-governador Ricardo Ferraço, caso ele fosse o nome escolhido pelo grupo à sucessão de Casagrande. Ele chegou a dizer que o vice seria o nome natural da disputa.
“Eu sou do grupo do governador Renato Casagrande, o candidato natural é o vice-governador, Ricardo Ferraço, que a gente irá apoiar se o nome dele for, de fato, o escolhido. Mas, eu sempre falo: eu quero concluir o meu mandato até 2028, porque eu estou feliz e agora a gente vai ter condições de entregar projetos grandiosos para a cidade, mas eu estou pronto e preparado”.
Na ocasião, ele chegou a dizer que não iria “queimar etapas” e que poderia esperar. “Eu só não vou queimar a largada e nem fazer nada sozinho. Eu posso esperar, eu sou grupo e eu sei o meu momento. Sou muito novo, mas é aquela história: estou pronto e preparado se assim houver a necessidade”.
Conversas com outras legendas
Além do PSD, Arnaldinho também estaria conversando com outras legendas, sondando se haveria espaço para abrigá-lo ou para caminhar com ele rumo a 2026.
No mês passado, o prefeito se encontrou com o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso. O encontro foi postado nas redes sociais de Arnaldinho que escreveu na legenda que a pauta discutida foi, entre outras coisas, “o futuro do Espírito Santo”.
O Republicanos tem um pré-candidato ao governo do Estado, que é o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), e, pelo cenário de hoje, o partido ficaria no campo oposto ao grupo de Casagrande nas eleições do ano que vem.
Arnaldinho também tem conversado com o PRD, que no Estado é liderado por Bruno Lourenço. O dirigente abriu as portas do partido e declarou apoio ao prefeito.
“Tivemos uma ótima conversa, mas ele acredita que ainda não é o momento para essa decisão (filiação). Mas, da minha parte, ele pode contar com meu apoio, estando filiado ou não. Ele é um grande player para o próximo ano. Deixei claro que o partido está de portas abertas e que estaremos no mesmo barco”, disse Bruno.
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