Política

Defesa de Mauro Cid nega coação pela PF para firmar delação premiada

Criminalistas se revezaram para buscar manter acordo de colaboração do tenente-coronel que entregou Jair Bolsonaro e seus aliados

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Mauro Cid
Foto: Gustavo Moreno/STF

O advogado Jair Alves Pereira, que representa o ex-ajudante de ordens Mauro Cid negou nesta terça-feira (2) uma suposta coação ao ex-braço-direito do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a celebração de sua delação premiada no bojo da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.

O advogado lembrou de mensagens em que Cid divulgadas pela revista Veja em que o delator citava a Polícia Federal e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. “Não é coação, reclamar do delegado da PF é direito”, destacou.

A defesa de Cid espera que os advogados dos demais réus ataquem a delação premiada do militar com vistas a tentar derrubar as alegações contra Bolsonaro e aliados. Em resposta, Pereira destacou que a validade da delação de Cid foi reiterada em “mais de uma oportunidade.

Ainda com relação aos áudios, Pereira chegou a brincar com Moraes, destacando que, nas mensagens divulgadas pela Veja, Cid também citava o relator da ação penal. Moraes sorriu.

“Vossa excelência deve estar acostumado com isso”, disse o advogado. “Se o ministro Alexandre de Moraes tivesse declarado minha prisão também teria reclamado dele e isso não sairia no jornal”, afirmou, destacando que os áudios vazados em “nenhum momento” tratam do teor da delação premiada do militar.

Uma eventual anulação da delação premiada prejudicaria Cid, que corre risco de perder os benefícios firmados em acordo com a PF. Mas a PGR sustenta que a delação foi apenas um ponto de partida para as provas e, por isso, o processo no Supremo não seria encerrado.

Há suspeitas de que ele teria utilizado um perfil falso no Instagram para manter contato com a defesa de outro réu, o que configuraria um descumprimento das medidas cautelares.

A defesa, no entanto, contesta os argumentos levados pelos demais réus sobre tais conversas. O principal questionamento é quanto à ata que teria sido apresentada pelo advogado Eduardo Kuntz, que defende Marcelo Câmara (réu do núcleo 2 da ação penal do golpe). Os advogados de Cid dizem que o documento não é válido.