Política

Defesa de Vaccari pede para Justiça anular ação do caso Bancoop

Ao longo das alegações, o advogado Luiz Flávio Borges D’urso afirma que o Ministério Público cometeu erros no relatório apresentado durante o processo

Defesa de Vaccari pede para Justiça anular ação do caso Bancoop Defesa de Vaccari pede para Justiça anular ação do caso Bancoop Defesa de Vaccari pede para Justiça anular ação do caso Bancoop Defesa de Vaccari pede para Justiça anular ação do caso Bancoop
A defesa do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, pediu à Justiça de São Paulo que anulasse a ação penal contra ele e outros cinco réus. Foto: Agência Brasil

São Paulo – A defesa do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, pediu à Justiça de São Paulo que anulasse a ação penal contra ele e outros cinco réus acusados de causar prejuízo de R$ 100 milhões aos cooperados da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), quando ela foi presidida por Vaccari, de 2004 a 2009.

Nas alegações finais de 108 páginas entregues nesta quarta-feira (08) no processo que corre contra Vaccari desde 2007, os advogados do petista pedem que, caso o pedido de anulação do processo seja negado, a defesa tenha mais prazo para analisar um relatório de 17 mil páginas do Centro de Apoio Operacional à Execução do Ministério Público de São Paulo protocolado em outubro de 2015 nos autos da ação penal.

Por fim, o criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende Vaccari, pede ainda que, se nenhuma das solicitações acima for acatada, o ex-tesoureiro do PT seja absolvido das acusações de lavagem de dinheiro, estelionato e formação de organização criminosa.

“Diante de todo o exposto, restou evidente que o acusado Sr. Vaccari não participou de qualquer ato de gestão da Bancoop até assumir a presidência, primeiro interinamente, em novembro de 2004, depois efetivamente, em 2005, não podendo ser responsabilizado por qualquer conduta criminosa, no âmbito da Cooperativa, antes disso”, assinala o advogado nas alegações finais.

“Aliás, nada de ilícito pode ser imputado ao acusado, pois, como visto, assim que assumiu a presidência da Cooperativa foi sensível a mudança de rumo e a disposição em aperfeiçoar os procedimentos internos da Bancoop, postura que foi reconhecida por quase todos.” segue o pedido da defesa do petista.

Ao longo das alegações, D’Urso afirma que o Ministério Público cometeu erros no relatório apresentado durante o processo, e que foi posteriormente substituído pelo documento de 17 mil páginas em outubro do ano passado, e compara a situação de Vaccari à do atual ministro da Secretaria de Governo Ricardo Berzoini, que também foi diretor da Bancoop no mesmo período em que Vaccari e não foi denunciado.

“Não se pode aceitar que as mesmas circunstâncias valham contra o acusado Sr. Vaccari, como prova, segundo o Ministério Público, de “conhecimento das negociatas criminosas na BANCOOP”, e para o Sr. Ricardo Berzoini valham como prova de inocência ou pouca participação na administração da Bancoop”, diz a defesa, em referência a contratos assinados pelos dois.

As investigações dos supostos desvios na Bancoop deram origem, anos mais tarde, à denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua família devido ao tríplex no Guarujá (SP), construído inicialmente pela cooperativa, mas depois repassado para a empreiteira OAS após a Bancoop ficar insolvente, em 2009.

A denúncia contra o ex-presidente foi encaminhada ao juiz federal Sérgio Moro, por decisão da Justiça paulista e, posteriormente, para o ministro do Supremo Teori Zavascki, que vai avaliar qual parte das investigações contra o petista ficam com a Corte e qual fica em primeira instância.

O promotor José Carlos Blat, um dos autores da denúncia contra Vaccari, afirmou que “qualquer nulidade e erros materiais apontados em relatórios técnicos foram corrigidos e a defesa teve a oportunidade de se manifestar. As provas são contundentes”.