Caso Alexandre Martins

Desembargador aceita relatar processo contra juiz Leopoldo

Fábio Brasil Nery foi o quarto sorteado para relatar o caso; juiz aposentado é acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Alexandre Martins, há 22 anos

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Desembargador Fábio Brasil Nery aceita relatoria do caso juiz Leopoldo
Fotos: Divulgação/TJES

O caso do juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, denunciado como mandante do assassinato do também juiz Alexandre Martins de Castro Filho, há 22 anos, finalmente começou a andar no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).

Após a recusa de três desembargadores, Fábio Brasil Nery aceitou a relatoria do processo, distribuída por sorteio. No último dia 5, ele intimou as partes para que se manifestem em até 10 dias.

O advogado que faz a defesa de Leopoldo disse à reportagem que ainda não apresentou a manifestação solicitada.

A ação penal está no TJES desde o fim de julho, quando a corte entendeu que o juízo criminal de Vila Velha – onde o caso estava – era incompetente para realizar o julgamento. Isso se deu graças ao foro por prerrogativa de função, visto que, à época dos fatos, Leopoldo ainda atuava como juiz.

O assassinato do juiz Alexandre Martins

Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado em 24 de março de 2003, aos 32 anos, com três tiros quando chegava a uma academia no bairro Itapoã, em Vila Velha

No total, dez pessoas foram acusadas de envolvimento na morte do magistrado, sendo que apenas o juiz Leopoldo ainda não foi julgado. Ele nega a acusação.

Por conta da série de recursos que o denunciado interpôs em instâncias superiores, seu julgamento já foi adiado por diversas vezes.

A polícia chegou ao nome de Leopoldo em 2005. Depois de prestar depoimento, ele foi preso preventivamente e levado para o Quartel da Polícia Militar, em Vitória. Lá, passou mais de oito meses na cadeia até conseguir um habeas corpus.

Além do juiz, outras duas pessoas foram denunciadas como mandantes do assassinato de Alexandre.

Motivação do crime

O magistrado assassinado se destacou por investigar e combater o crime organizado no Espírito Santo. Ele formou-se em Direito em 1991, quando tinha 21 anos. 

Alexandre Martins era especialista em direito penal e processual penal, e lecionou durante três anos em uma faculdade particular de Vitória. A atuação do juiz à frente da Vara de Execuções Penais era destaque.

Em 2002, um ano antes da sua morte, o juiz Alexandre Martins integrou a missão especial federal de investigações contra o crime organizado. 

Um documento explicou que os magistrados Alexandre e Carlos Eduardo Lemos, que também atuava na Vara de Execuções Penais, passaram a ser ameaçados de morte logo após comunicarem ao Tribunal de Justiça as anomalias existentes na Vara. No dia do assassinato, Alexandre dispensou a segurança.

Sete pessoas foram presas: dois atiradores e cinco intermediários acusados de auxiliar na elaboração do crime. Todos foram julgados e condenados a penas que vão de oito a 25 anos de prisão. Hoje, quase todos já estão soltos.

Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.