Eleições 2026

Disputa ao Governo do ES: Guerino Zanon vice de Pazolini?

Nome do ex-prefeito de Linhares passou a ser cotado para compor a chapa com o prefeito de Vitória na disputa pelo Palácio Anchieta

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Guerino e Pazolini: juntos em 2026?
Guerino e Pazolini: juntos em 2026?

Fora de disputas eleitorais desde 2022, quando perdeu a corrida ao Governo do Estado, Guerino Zanon (PSD) pode estar prestes a voltar à cena política. O ex-prefeito de Linhares está com o nome cotado para compor como vice, numa eventual chapa ao Palácio Anchieta liderada pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos).

O nome de Guerino começou a circular no mercado político na semana passada, após articulações entre a cúpula do PSD e do Republicanos no Estado – mais precisamente entre o ex-governador Paulo Hartung (PSD) e Erick Musso, presidente do Republicanos-ES.

PSD e Republicanos são aliados e, se nada mudar no plano nacional e local, devem caminhar juntos nas eleições do ano que vem.

Segundo interlocutores do grupo – que conta também, hoje, com o Partido Novo – Hartung teria iniciado um diálogo sobre o assunto com os filhos de Guerino na semana passada.

O encontro teria ocorrido durante um evento político-empresarial em Linhares, em que Hartung foi um dos palestrantes. Guerino não estava presente, mas teria sido informado e dado sinal verde para tocar a agenda.

Na sexta-feira (12), Erick e Hartung se reuniram para um café. O ex-governador chegou a postar foto do encontro, chamando o ex-deputado de “nosso coordenador”. Não há dúvidas de que as eleições de 2026 fizeram parte do cardápio.

Embora falte pouco mais de um ano para o pleito e o nome do vice seja, tradicionalmente, o último a ser definido, lideranças dos dois partidos já estariam agendando uma conversa presencial com Guerino para discutirem o projeto, que agrada a maior parte do grupo, segundo apurou a coluna.

Abaixo, alguns pontos que foram abordados como positivos, numa possível aliança entre Pazolini e Guerino rumo ao Palácio Anchieta.

Reforço no interior

A estratégia na composição de uma chapa majoritária é basicamente achar um vice que acrescente. Ou seja, que contribua levando consigo eleitores de um reduto ou de um setor em que o cabeça de chapa seja mais fraco ou que não tenha tanta proximidade.

Isso é calculado em pesquisas qualitativas. Por exemplo, quando o candidato a prefeito ou a governador atrai mais votos masculinos, é escolhida uma mulher para compor a vice e, assim, atrair votos femininos. Quando o cabeça de chapa atrai mais votos de regiões nobres, escolhe-se um vice com reduto na periferia, e por aí vai.

Pazolini é o prefeito da Capital do Estado. É muito conhecido na Grande Vitória. Mas, fora da Região Metropolitana, seu nome não tem a mesma capilaridade. E ele sabe disso.

Tanto que tem feito incursões pelo interior de forma ostensiva, participando de eventos, de reuniões políticas e caminhadas, tendo Erick e o deputado federal Evair de Melo (PP) na função de abrir caminho.

Não que essa estratégia não seja boa, mas por melhor que seja não se compara a ter alguém da própria região, e de preferência bem avaliado, compondo e pedindo votos para a chapa.

Linhares é o sexto maior colégio eleitoral do Estado – perde apenas para a Região Metropolitana (Serra, Vila Velha, Cariacica e Vitória) e para Cachoeiro. É também o reduto de Guerino.

Em 2022, ele “venceu” a eleição para o Governo do Estado no município. Teve 43,59% dos votos contra 28,26% do governador Renato Casagrande (PSB), que foi reeleito – Guerino ficou em terceiro lugar.

Já no ano passado, não conseguiu transferir votos para reeleger seu candidato, o então prefeito Bruno Marianelli (Republicanos). Bruno obteve 39,23% dos votos e perdeu para Lucas Scaramussa (Podemos), que teve 52,92% e foi eleito prefeito de Linhares.

Ainda assim, Guerino conserva um capital político relevante no maior município do Norte do Estado e que não pode ser ignorado.

Apoio financeiro

Em 2022, quando disputou o Governo do Estado, Guerino foi o maior doador financeiro de sua campanha.

Dos R$ 473.767,80 arrecadados, R$ 413.767,80 – ou seja, 87,34% dos recursos – foram desembolsados por Guerino. Outros R$ 10 mil foram doados por sua esposa, segundo dados disponíveis pelo TSE.

O partido (PSD), que na época tinha outra direção partidária, contribuiu com R$ 50 mil – valor bastante irrisório para uma eleição majoritária.

Se a chapa Pazolini-Guerino vingar, não é difícil imaginar a possibilidade do ex-prefeito de Linhares injetar recursos próprios e dar uma turbinada na campanha. É bom lembrar que campanha custa caro.

E, claro, o poderio financeiro do ex-prefeito torna seu nome ainda mais atrativo para a composição majoritária.

Peso da experiência

Aos 69 anos de idade, eleito cinco vezes prefeito de Linhares e duas vezes deputado estadual, Guerino carrega na bagagem a maturidade de décadas de vida pública, o que pode também agregar ao projeto do jovem prefeito de Vitória.

Há um discurso constante no mercado político sobre o fim do ciclo Casagrande-Hartung no comando do Estado e a abertura para novos líderes ocuparem esse espaço. E novos não só nos nomes, mas também no sentido geracional.

É nessa tese, por exemplo, que insiste o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, que quer ser candidato a governador pelo grupo de Casagrande – que tem, hoje, como prioridade a candidatura do vice Ricardo Ferraço (MDB). Arnaldinho bate na tecla que os eleitores querem alguém mais jovem na disputa.

E onde o Guerino entra nisso?

O nome do ex-prefeito entraria para dar um equilíbrio na chapa encabeçada por Pazolini (o novo + o experiente), no sentido de agregar não somente na votação do Norte do Estado, mas entre eleitores mais antigos, que acompanham a trajetória política de Guerino.

Da mesma forma, do outro lado, há burburinhos da possibilidade de Ricardo ter um vice mais novo, para puxar o voto principalmente da juventude.

Guerino foi procurado para se manifestar a respeito da cotação que ronda seu nome, mas não retornou aos contatos da coluna.

Em tempo: Há um ponto que precisa ser colocado e que pode mudar todo o cenário. Trata-se do fator PH. Se Hartung decidir entrar na disputa, o jogo muda, assim como a prioridade do grupo. Se o ex-governador quiser voltar ao Palácio Anchieta, o PSD sairia do posto de vice para cabeça de chapa.

Em tempo II: Outra situação, hipotética, é que, caso o PSD emplaque mesmo o vice ou o titular, dificilmente vai indicar o nome ao Senado – as duas cadeiras serão negociadas para atrair mais partidos para a coligação.

E isso atinge e deve preocupar o deputado estadual Sergio Meneguelli (Republicanos), que tem dialogado com o PSD para disputar, por lá, uma vaga à Câmara Alta.

Esse, porém, é um assunto para uma próxima coluna.

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.