Eleições 2026

Disputa ao Senado já tem 15 nomes cotados no ES: saiba quem são (Parte I)

Duas cadeiras estarão em jogo e os interessados já se movimentam, o que tem agitado o mercado político capixaba

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Plenário do Senado Federal em Brasília
Plenário do Senado Federal em Brasília. Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

A eleição do ano que vem promete ser acirrada. E não só na disputa para o Governo do Estado. Pelo menos 15 nomes já são cotados para concorrer às duas vagas que estarão em jogo no Senado e as movimentações dessas lideranças estão agitando o mercado político capixaba.

Alguns já declaram abertamente que são pré-candidatos e se articulam em busca de apoio. Há também quem não tenha admitido a participação no pleito, mas que é lembrado por correligionários ou aliados.

É certo que esse número tende a afunilar, tendo em vista que muitos nomes são do mesmo grupo político ou ainda não têm uma legenda para bancar uma candidatura majoritária. Apenas para comparação, na eleição de 2018, quando também foram abertas duas vagas, a eleição para o Senado contou com 11 candidatos.

Na ocasião, foram eleitos os senadores Fabiano Contarato (PT, mas na época estava na Rede) e Marcos do Val (Podemos, na época no PPS). Justamente essas duas cadeiras que estarão em disputa no ano que vem.

A coluna traz abaixo oito dos 15 que já são lembrados na corrida ao Senado:

Fabiano Contarato (PT)

O senador Fabiano Contarato.
Contarato (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

Iniciando por quem já ocupa uma das cadeiras e é um dos poucos que tem a garantia para disputar a reeleição, o senador Fabiano Contarato é a principal aposta do PT capixaba para o ano que vem.

Em conversa com a coluna De Olho no Poder, lideranças petistas confirmaram que Contarato é a prioridade do partido, que pode até não ter candidato ao governo para focar na reeleição do delegado.

Contarato foi eleito pela Rede, em 2018, numa eleição em que a renovação foi a grande marca. Três anos depois, em dezembro de 2021, anunciou que deixaria a Rede para se filiar ao PT.

Em 2022, chegou a ensaiar uma candidatura ao governo do Estado, mas o PT recuou de lançar candidato após uma costura nacional para apoiar o governador Renato Casagrande (PSB) à reeleição. Nacionalmente, PT e PSB fecharam coligação.

Mesmo fazendo parte da base aliada de Casagrande, o PT não deve caminhar junto ao PSB, primeiro porque deve priorizar um palanque próprio para a campanha de reeleição do Lula. Segundo porque no grupo do governo as vagas de Senado estão bastante concorridas.

Marcos do Val (Podemos)

Marcos do Val (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

Também eleito na esteira da renovação de 2018 sem nunca ter exercido nenhum mandato eletivo, o senador Marcos do Val (Podemos) quer disputar a reeleição.

Num vídeo gravado e divulgado em grupos de conversas na última sexta-feira (05), Do Val afirma que vai tentar a reeleição: “Vou disputar a reeleição (…) Vão tentar me destruir antes de chegar 2026, mas estou pronto”.

A situação de Do Val, porém, é bastante delicada. Dificilmente ele terá legenda no Podemos para a disputa e mais difícil ainda será encontrar uma legenda disponível para bancar sua candidatura majoritária – maioria já está comprometida com outros nomes.

O senador está licenciado do mandato. Oficialmente, por motivos de saúde. Nos bastidores, teria sido a saída encontrada para que o senador se livrasse da tornozeleira eletrônica e voltasse a receber salário. Do Val foi alvo de medidas cautelares impostas pelo STF após ter viajado aos Estados Unidos mesmo estando proibido de sair do País.

Renato Casagrande (PSB)

Renato Casagrande governador ES tarifaço
Renato Casagrande, governador do Espírito Santo. Foto: Hélio Filho/Secom

À frente de uma base ampla de aliados, o governador Renato Casagrande (PSB), que está em seu terceiro mandato como governador, também é pré-candidato ao Senado. E é o que concentra o maior número de apoiadores até agora.

Casagrande já foi senador, mas ficou na Casa apenas metade do mandato (2007-2010). Ele renunciou ao cargo após ser eleito governador, para o seu primeiro mandato. Agora, o plano “A” do seu grupo é levá-lo novamente à Câmara Alta.

Embora o mercado político dê como certa sua eleição ao Senado – apostando que das duas cadeiras em jogo, uma já é do governador –, Casagrande também cogita a possibilidade de não disputar nada e continuar no mandato até o fim.

Essa decisão será tomada se o governador avaliar que há risco de perder aliados no processo ou ainda a sucessão no governo do Estado.

Rose de Freitas (MDB)

Rose de Freitas durante sessão no Senado, em 2022 (foto: Roque de Sá/Agência Senado)

A ex-senadora Rose de Freitas (MDB) também quer voltar para sua antiga Casa. Ela teve um único mandato no Senado (2015-2022), perdendo a reeleição para o senador Magno Malta (PL), há três anos.

Em entrevista para a coluna publicada no último sábado (06), Rose disse que se entrar na disputa será de “corpo e alma” e que pretende apostar na presença feminina na política e no municipalismo – uma de suas principais bandeiras, o que costuma resultar num amplo apoio de prefeitos.

A questão é que o partido de Rose, o MDB, é o partido do pré-candidato ao governo, Ricardo Ferraço. Não que haja qualquer impedimento da mesma sigla emplacar dois candidatos majoritários na mesma chapa, a questão é que, por estratégia para atrair e prestigiar aliados, isso não deve ocorrer. E Rose não está disposta a trocar de legenda.

Além disso, há outro emedebista de olho na mesma vaga.

Euclério Sampaio (MDB)

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Euclério Sampaio (Foto: Thiago Soares/Folha Vitória)

Após receber o incentivo de lideranças evangélicas, o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), também resolveu se lançar como pré-candidato ao Senado.

Euclério já foi cotado para a disputa ao governo do Estado, ao ser citado pelo próprio Casagrande como um dos nomes à sucessão. Porém, partiu do prefeito a resolução de apoiar publicamente Ricardo Ferraço para o Palácio Anchieta.

O prefeito faz parte do mesmo partido do vice-governador, mas, ao contrário de Rose, não vê problemas em trocar de legenda se essa for a condição para concorrer ao Senado.

Além dos religiosos, representantes das forças de segurança também já declararam apoio a Euclério que, com seu perfil de direita e conservador, pretende fazer uma dobradinha com Casagrande.

Para disputar o Senado, Euclério terá de renunciar ao mandato de prefeito até abril do ano que vem.

Enivaldo dos Anjos (PSB)

Enivaldo dos Anjos, prefeito de Barra de São Francisco (foto: divulgação)

Há um outro prefeito com a mesma disposição de Euclério de também a renunciar ao mandato para ser candidato ao Senado ao lado de Casagrande.

Trata-se do prefeito de Barra de São Francisco, Enivaldo dos Anjos (PSB), que inclusive já avisou que encerrará seu mandato à frente do município no ano que vem. Ele foi reeleito na eleição de 2024.

Se conseguir viabilizar o nome para a disputa, Enivaldo sai em abril. Do contrário, termina o ano e entrega 2027 para o vice, Wanderson Melgaço (PSB).

Uma questão que pode virar uma barreira para o prefeito é a partidária. Enivaldo é correligionário de Casagrande e, dificilmente o mesmo partido – ainda que seja a sigla do governador – irá emplacar duas candidaturas ao Senado. E isso pelos mesmos motivos já abordados com relação aos pré-candidatos do MDB.

Em entrevista à coluna em julho, Enivaldo chegou a dizer que “ou o PSB me permite dar um voo mais alto ou vai encerrar minha carreira”. Foco do PSB é em Casagrande.

Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB)

Luiz Paulo (Foto: Thiago Soares/ Folha Vitória)

No último dia 28, o ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) teve o nome lançado como pré-candidato ao Senado, na presença do presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo.

Em julho, Luiz Paulo já tinha conversado com a coluna e revelado a disposição de disputar. “O cansaço com o radicalismo é notório e crescente. O momento precisa de sensatez, bom senso, equilíbrio (…) Acho que meu nome é um bom nome para representar o Espírito Santo no Senado nesse momento”, disse, na ocasião.

Ele, como outros pré-candidatos do grupo de aliados, também quer fazer uma dobradinha com Casagrande. Aliás, a presença do dirigente nacional no Estado, além de chancelar a pré-candidatura de Luiz Paulo, também abriu diálogo com o governador sobre alianças e formação de chapas para o ano que vem.

Algo que pode atrapalhar os planos de Luiz Paulo também tem a ver com questões partidárias.

O PSDB passa por um momento difícil. O partido perdeu capital político, encolheu em votos e em representantes no Congresso, vem de uma federação fracassada com o Cidadania e de uma fusão frustrada com o Podemos ainda no campo das negociações.

Os tucanos estão lutando para sobreviver à cláusula de barreira e, para isso, precisam eleger mais deputados federais, o que pode fazer com que o partido mude os planos e coloque foco total na chapa federal.

Outro ponto é que, como já dito, a segunda cadeira ao Senado no grupo do governador está concorridíssima, com partidos de peso na disputa. E, nessa briga, costuma vencer quem tem mais a oferecer, no caso, mais recursos e mais tempo de TV para a campanha.

Josias da Vitória (PP)

Josias da Vitória na Câmara Federal

Na categoria “peso pesado” na disputa ao Senado, o deputado federal Josias da Vitória (PP) sai na frente. E nem tanto pelo PP, que já é um partido bastante expressivo. Mas pela federação União Progressista, formada pela junção do PP com o União Brasil, que o deputado irá comandar no Estado.

A federação nasce poderosa, terá a maior bancada no Congresso e, consequentemente, a maior fatia do bolo de recursos partidários para as campanhas. Não à toa que está sendo cobiçada pelos pré-candidatos ao governo.

E, quando a procura é muita, o valor de mercado aumenta.

Em maio, após uma reunião no Palácio Anchieta, Da Vitória declarou apoio ao grupo de Casagrande, mas deixou bem claro que quer protagonismo no jogo.

Em 2022, ele abriu mão de ser candidato ao Senado porque o grupo do governo decidiu apoiar Rose de Freitas. Agora, Da Vitória não está disposto a abrir mão. Ele quer participar da disputa majoritária, seja como segundo nome ao Senado ou como substituto de Ricardo Ferraço ao governo – o que já seria mais difícil.

Na próxima coluna serão analisados outros sete nomes que também estão de olho nas duas vagas ao Senado.

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.