Eleições 2026

Disputa ao Senado já tem 15 nomes cotados no ES: saiba quem são (Parte II)

A disputa pelas duas cadeiras do Senado promete embaralhar alianças e colocar até correligionários em rota de colisão

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Fachada do Palácio do Congresso Nacional - Senado.  (Foto: Carlos Moura/Agência Senado)
Fachada do Palácio do Congresso Nacional - Senado. (Foto: Carlos Moura/Agência Senado)

A pouco mais de um ano das eleições gerais de 2026, 15 nomes já despontam como pré-candidatos às duas cadeiras do Senado que estarão em jogo.

Uns se dizem prontos para encarar a disputa, outros ainda estudam o terreno, mas todos já aparecem nas conversas de bastidores como peças importantes no tabuleiro político capixaba.

Na manhã desta terça-feira (09), a primeira parte da coluna De Olho no Poder trouxe oito pré-candidatos que já se articulam.

São eles: os senadores Fabiano Contarato (PT) e Marcos do Val (Podemos), o governador Renato Casagrande (PSB), a ex-senadora Rose de Freitas (MDB), os prefeitos Euclério Sampaio (MDB) e Enivaldo dos Anjos (PSB), o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) e o deputado federal Josias da Vitória (PP) – leia aqui a primeira parte da coluna.

Agora, a coluna traz mais sete nomes que também são cotados para o Senado, numa disputa que promete embaralhar alianças e colocar até correligionários em rota de colisão.

Evair de Melo (PP)

Evair de Melo / crédito: Câmara dos Deputados

No PP e, futuramente na federação União Progressista, não é só o deputado Da Vitória que está de olho na vaga do Senado. O correligionário e deputado federal Evair de Melo também quer entrar na disputa. Principalmente depois que foi incentivado publicamente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

À coluna, o deputado disse que após acompanhar pesquisas de intenção de votos, sua pré-candidatura “começa a se viabilizar” e que está disposto a ir para o campo. Acontece que, como citado na coluna anterior, o PP tem Da Vitória no jogo. O deputado preside o PP e será o presidente da federação União Progressista.

Além disso, o partido também já firmou, no Estado, um compromisso com o grupo de Casagrande – de quem Evair é adversário. Ainda assim, Evair descarta deixar o partido.

“Não existe esse debate. Estou feliz e seguro no PP. Minhas posições são públicas. O mais importante é combinar com os eleitores (…) Não existe nenhum prego batido e ponta amassada. Ainda teremos muitas emoções até março”, afirmou Evair, sem revelar detalhes.

Maguinha Malta (PL)

Maguinha Malta (foto: Homerson Barreto)

Em abril, quando o PL mudou o comando do partido em Vitória, também definiu o nome que irá disputar o Senado no ano que vem: será Maguinha Malta, filha do senador Magno Malta (PL).

Maguinha atuava no gabinete do deputado federal Gilvan da Federal, que até então era o nome trabalhado pelo PL para a disputa. Gilvan, porém, recuou e vai disputar a reeleição.

Outros nomes surgiram no PL com a intenção de disputar a mesma vaga, mas o martelo já foi batido pelo presidente estadual da legenda, que vem a ser o senador Magno Malta.

O PL, em todo o País, está focado em aumentar a bancada no Senado para fazer frente ao STF. No Estado, o partido é oposição a Casagrande.

Wellington Callegari (DC, possivelmente)

Deputado Callegari
Callegari (Foto: JV Andrade/Ales)

O deputado estadual Wellington Callegari é um dos nomes que, no PL, tinha a intenção de disputar o Senado também. Porém, sem espaço para colocar seu projeto em campo, pediu desfiliação do partido.

Ele recebeu carta de anuência do senador Magno Malta, para se desfiliar do PL sem correr o risco de perder o mandato na Assembleia por infidelidade partidária. Ele está migrando para o Democracia Cristã (DC) e vai tentar, por lá, viabilizar sua candidatura ao Senado.

Embora sua filiação já esteja costurada e o partido comprometido em apoiá-lo na empreitada, o DC tem poucos recursos para bancar uma candidatura majoritária.

Mesmo assim, Callegari está disposto a arriscar e vai apostar em bandeiras da direita e do conservadorismo para ganhar espaço na disputa. Ele está em seu primeiro mandato de deputado na Ales.

Carlos Manato (PL, mas de saída)

Carlos Manato (foto: arquivo pessoal)

O ex-deputado federal Carlos Manato é outro que, filiado ao PL, também colocou na mesa sua intenção de disputar o Senado, mas não encontrou espaço.

Manato concorreu ao Governo do Estado em 2022 e conseguiu levar a disputa para o segundo turno contra Casagrande, sendo, ao final, derrotado. Manato então se recolheu, passou um tempo dedicado às suas atividades empresariais e, do ano passado para cá, tem manifestado o desejo de disputar o Senado.

Porém, o PL não vai dar legenda a Manato. Além da decisão de apoiar Maguinha Malta, Manato e o senador andaram se estranhando e se afastaram – resquícios de desentendimentos durante a campanha de 2022.

Manato então se aproximou do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), e emplacou a esposa – a ex-deputada federal e médica Soraya Manato (PP) – no comando da Secretaria de Assistência Social do município.

Soraya é pré-candidata à deputada federal e, para apoiar a esposa, Manato pode recuar na disputa ao Senado, embora esse não seja o plano atual.

Sergio Meneguelli (Republicanos)

Sergio Meneguelli / crédito: Ales

Quem não quer nem ouvir sobre a possibilidade de recuar na disputa ao Senado é o deputado estadual Sergio Meneguelli (Republicanos). O parlamentar mais votado na história da Assembleia Legislativa (138.523 votos) já decidiu que não irá disputar a reeleição e nem a Câmara Federal.

“Meu projeto político é disputar o Senado. Não tenho interesse na Câmara e não vou para a reeleição”, disse Meneguelli à coluna De Olho no Poder, numa entrevista em março deste ano.

Meneguelli está filiado ao Republicanos, mas como não tem garantia do partido de que poderá disputar a Câmara Alta e temendo passar pelo que passou em 2022, ele deve se desfiliar.

Há três anos, Meneguelli se preparava para disputar o Senado, quando teve a candidatura rifada pelo partido.

Segundo ele, teria ocorrido um acordo nos bastidores entre a cúpula do Republicanos, o PL e o ex-presidente Jair Bolsonaro para que ele não disputasse para não tirar votos do senador Magno Malta. Pesquisas da época mostravam que os dois empatavam e havia apenas uma vaga ao Senado.

O PSD já abriu as portas para o deputado e havia garantido legenda para ele disputar. Mas um outro fator pode dificultar o caminho de Meneguelli.

Paulo Hartung (PSD)

Paulo Hartung (fogo: arquivo pessoal)

O ex-governador Paulo Hartung voltou ao cenário político. Não que ele estivesse totalmente fora, mas agora ele se filiou ao PSD e tem estado mais presente no debate, principalmente com relação às eleições do ano que vem.

Embora Hartung tenha sinalizado, em entrevista para a coluna, que não disputaria as eleições do ano que vem, defendendo uma renovação política, seu nome é sempre lembrado e colocado no jogo. Fora que aliados têm insistido, nos bastidores, para que ele seja candidato.

Uma das possibilidades aventadas seria de Hartung disputar justamente o Senado, numa coligação do PSD com o Republicanos, tendo a chapa encabeçada por Pazolini, na candidatura ao governo.

Se resolver disputar, é certo que Hartung venha ter prioridade no PSD, uma vez que se filiou ao partido pelas mãos do presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab. Disputando ou não, Hartung deve participar do processo eleitoral.

Leonardo Monjardim (Novo)

Leonardo Monjardim (foto: Câmara de Vitória)

O vereador de Vitória Leonardo Monjardim é a aposta do Partido Novo para a disputa ao Senado. No ano que vem, o partido deve caminhar com o Republicanos e com o PSD, que já têm debatido os postos-chave de uma eventual chapa completa para as eleições.

Em 2022, o Novo teve candidato ao governo, com Aridelmo Teixeira na disputa. Ele terminou em quinto lugar e, recentemente, se filiou ao PSD. Para o ano que vem, a ideia do Novo é focar na chapa federal e no Senado.

Monjardim está em seu segundo mandato como vereador, é vice-presidente da Câmara de Vitória e líder do prefeito Pazolini na Casa. Tem perfil de direita, pautas conservadoras e nada a perder se resolver disputar o Senado.

Como vereador, ele não precisa renunciar para concorrer e se não for eleito, volta para sua cadeira na Câmara de Vitória, com maior visibilidade do que antes da disputa.

Emprego dos sonhos

Há quem defenda que o cargo de senador é o melhor posto da República, por uma série de razões que vão além do subsídio que, diga-se de passagem, não é nada ruim – o salário atual de um senador é de R$ 46.366,19, segundo o Portal da Transparência do Senado.

O mandato é de oito anos, o mais longo entre os cargos eletivos no País – embora a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado tenha aprovado uma PEC que unifica as eleições e reduz o mandato dos senadores para 5 anos, a partir de 2034.

O Senado é a Casa que representa, igualitariamente, os estados. O Espírito Santo tem direito a três cadeiras, o mesmo que São Paulo, o maior estado do País.

Isso representa, por exemplo, um contrapeso à Câmara dos Deputados, onde cada estado tem um número de representantes proporcional à sua população.

A responsabilidade também é maior, uma vez que o Senado além de ser a Casa revisora é também o espaço onde se sabatina, aprova ou desaprova embaixadores, diretores do Banco Central e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

É lá também que se pode pautar o impeachment de um ministro e dar a palavra final para o impeachment de um presidente da República – temas bastante em voga nos últimos tempos.

O prestígio político e a visibilidade são maiores no Senado, em parte por contar com apenas 81 membros – contra 513 da Câmara Federal. O senador torna-se uma referência no estado, capaz de articular recursos, construir alianças e até projetar sua carreira para voos mais altos.

Além do subsídio, para exercer o mandato, o parlamentar tem garantido auxílio-moradia (R$ 5.500) ou apartamento funcional, além de toda a estrutura para manter seu gabinete em Brasília e no estado de origem: diárias, passagens, combustível, gastos com comunicação, e etc… Tudo está incluído na cota parlamentar mantida com recursos públicos.

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.