
Para além da polarização, as eleições de 2026 vão enfrentar novos obstáculos, como a transformação do eleitorado e a alta rejeição do chefe do Executivo no poder. Essas são as reflexões do painel Cenário Macroeconômico e Político do evento BUY ES, realizado nesta segunda-feira (1º) no Cais das Artes, em Vitória.
Segundo José Luiz Orrico, diretor político da Futura, ainda não é possível prever com clareza os rumos do próximo pleito porque “o eleitorado não está ativado”.
Isso significa que, a menos de um ano das eleições gerais de 2026, os eleitores ainda não estão engajados e, portanto, nas pesquisas de intenção de voto, o que se vê é que aqueles candidatos mais citados são os que têm maior recall: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Por enquanto, para o especialista, o que mais traz informações sobre a disputa para o cargo de presidente é a rejeição.
Rejeição é um fator importante. Em 2022, a rejeição da população aos dois candidatos (Lula e Bolsonaro) era alta. Hoje nós temos o presidente com cerca de 50% e os oponentes não chegam a 20%.
José Luiz Orrico, diretor político da Futura
Considerando que Bolsonaro está inelegível até o fim do cumprimento da pena de 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, Orrico afirma que a situação é “mais confortável” para os adversários de Lula do que para o próprio presidente, justamente pelo fator rejeição.
O que falta definir agora, segundo o diretor da Futura, e que pode influenciar nos resultados do pleito é o nome que vai disputar a eleição pela direita; se o ex-presidente vai declarar apoio ao candidato; e se o concorrente da direita será ou não da família Bolsonaro.
Mais evangélico; menos populista
O cientista político da CAC Consultoria Luciano Dias concorda que neste momento é difícil prever o que vai acontecer no próximo ano. Segundo ele, os números atuais são verdadeiras “anomalias”.
“No Brasil, um ano antes das eleições, o presidente, o governador, o prefeito que está no poder é o grande favorito.”
Dias explica que este cenário incomum é fruto não apenas da polarização política, mas da transformação do eleitorado que se dá principalmente pela emergência do voto evangélico e pela redução do impacto de medidas populistas.
Primeiro, ele pontua que o número de evangélicos tem crescido e, com isso, aumentam também as demandas por governos alinhados aos seus valores e preferências.
Em segundo lugar, as políticas públicas do governo Lula 3 são limitadas e insuficientes, conforme o cientista político, para alcançar índices capazes de fazer o presidente conquistar uma vantagem ampla.
Impacto das eleições presidenciais no ES
Orrico afirma que o cenário no próximo ano no Espírito Santo deve ser semelhante ao de 2022. Naquele ano, a maior parte dos capixabas votou em Jair Bolsonaro. “Teremos um governo a favor de um candidato de centro ou direita”, afirma o especialista.
Já para Luciano Dias, o cenário conturbado permite que os políticos locais inovem e sejam mais arrojados na proposta de transição de governo, “porque a esquerda não é mais um obstáculo.”
“Se no plano nacional, a esquerda ainda controla, no plano local a transformação é mais rápida.”
Arilton Teixeira, economista-chefe da Apex, afirma que o Estado tem crescido e se destacado com boa gestão e finanças em dia e, por isso, não deve sofrer com os “estresses” do pleito.
“O agro é muito dinâmico e somos também um grande exportador. Se a economia crescer, nós vamos para frente. Se o estresse crescer, também ganhamos. Nós temos condições de passar por uma situação de estresse.”
Buy ES
O Buy ES é um encontro que marca um movimento para consolidar o Espírito Santo como uma das economias mais competitivas do país. Pensando nisto, o tema deste ano é “DNA Capixaba: legado que constrói o futuro”.
Com realização da Apex e da Rede Vitória, o evento reúne no Cais das Artes, em Vitória, nomes do mercado, indústria e administração pública para debater o futuro econômico capixaba.