Política

Elogiada por Lula, reforma trabalhista passa 'raspando' na Espanha

Aprovada por diferença de um único voto, proposta que revoga reforma anterior precisou de apoio de parlamentares da oposição

Elogiada por Lula, reforma trabalhista passa ‘raspando’ na Espanha Elogiada por Lula, reforma trabalhista passa ‘raspando’ na Espanha Elogiada por Lula, reforma trabalhista passa ‘raspando’ na Espanha Elogiada por Lula, reforma trabalhista passa ‘raspando’ na Espanha


Elogiada e citada como referência pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a reforma trabalhista proposta pela coalizão de esquerda que governa a Espanha foi aprovada por apenas um voto de diferença nesta quinta-feira (3) no país europeu. As alterações estavam em vigor desde janeiro, mas ainda precisavam ser referendadas pela Câmara.

O presidente espanhol, Pedro Sánchez, teve dificuldades para aprovar o texto no parlamento; a proposta não obteve aval de vários aliados tradicionais do Partido Socialista Operário (PSOE), ao qual pertence Sánchez. 

A aprovação do texto só foi possível graças ao voto de um deputado do Partido Popular, que alega ter havido um erro técnico no momento de computar seu voto. O PP entrou com recurso para tentar anular o resultado.

A proposta aprovada revoga normas aprovadas na reforma de 2012, que, segundo o PSOE, havia provocado um excesso de contratos precários e temporários.

No Brasil, a mudança promovida pelo governo de esquerda foi saudada por Lula, que esteve na Espanha no ano passado e, mais tarde, de volta a São Paulo, participou de reunião virtual com políticos ligados a Sánchez no início de janeiro. Para os petistas, a nova lei espanhola deveria servir de exemplo para a revogação da reforma trabalhista aprovada no governo de Michel Temer.

Lideranças petistas, incluindo a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, argumentam que a legislação teria “retirado direitos” da classe trabalhadora brasileira, mas o texto não mexeu em questões fundamentais e previstas na Constituição, como o salário mínimo e direito a férias remuneradas. Uma das principais alterações efetuadas na reforma de Temer foi o fim da obrigatoriedade da contribuição para sindicatos, tradicional base de apoio petista.

Se eleito, Lula estuda revogar, ainda, outras propostas aprovadas por Temer e pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), como o teto de gastos e a autonomia do Banco Central – embora a discussão em torno desta última ainda não esteja amadurecida no partido. Também já anunciou que pretende mudar a política de preços da Petrobras, o que afetou o valor das ações da petroleira.

O ex-presidente ainda não se manifestou sobre a aprovação da lei espanhola no parlamento. Guilherme Boulos (PSOL) foi às redes nesta quinta-feira (4) comemorar o resultado da votação e reforçar o movimento de “revogaço” no Brasil. “Parabéns ao povo espanhol! Agora é revogar aqui no Brasil!”, escreveu. O PSOL estuda firmar uma federação com o PT de Lula para a próxima legislatura.