Política

Em ano eleitoral, Covas quer dobrar os gastos com zeladoria urbana

Os valores serão agora discutidos pelos vereadores e em audiências públicas. O Legislativo tem de aprovar o texto até o fim do ano

Em ano eleitoral, Covas quer dobrar os gastos com zeladoria urbana Em ano eleitoral, Covas quer dobrar os gastos com zeladoria urbana Em ano eleitoral, Covas quer dobrar os gastos com zeladoria urbana Em ano eleitoral, Covas quer dobrar os gastos com zeladoria urbana
Foto: EBC

No ano em que tentará a reeleição, o prefeito Bruno Covas (PSDB) quer quase dobrar os gastos da Prefeitura de São Paulo com ações de zeladoria urbana, como recapeamento, calçadas, tapa buracos, poda de árvore e limpeza de áreas verdes. Esta área é tida como primordial no primeiro escalão para garantir aprovação à atual gestão municipal. Para 2020, são previstos cerca de R$ 3 bilhões, quase o dobro dos cerca de R$ 1,5 bilhão previsto para este ano.

O valor está na projeto da Lei Orçamentária Anual, enviada pelo prefeito nesta segunda-feira, 30, à Câmara Municipal. Hoje vencia o prazo legal para o envio da lei. Os valores serão agora discutidos pelos vereadores e em audiências públicas. O Legislativo tem de aprovar o texto até o fim do ano.

Dos R$ 3 bilhões previstos para zeladoria, cerca de R$ 1,2 bilhão irá só para o recapeamento de vias. Quando o antecessor de Covas, João Doria (PSDB), lançou o programa Asfalto Novo, em 2017, a previsão de gastos para aquele ano era de R$ 350 milhões.

Covas prevê fazer investimentos de R$ 7,4 bilhões ao longo do ano que vem. Para comparar, até a última sexta-feira, a Prefeitura havia empenhado (autorizado o gasto) de R$ 2,3 bilhões. A previsão de investimentos este ano era de R$ 5,4 bilhões.

Entre as obras que Covas deve terminar, estão os hospitais de Brasilândia, na zona norte, e de M’Boi Mirim (aberto parcialmente, na zona sul). Há ainda a entrega de oito Centros de Educação Unificados (CEUs), obras que o antecessor, Fernando Haddad (PT), começou mas não terminou.

“A gente tem caixa porque gasta bem o dinheiro público”, disse Covas. “Renegociamos contratos para a gente ter tranquilidade de entregar todas as obras que encontramos (ele e Doria) pela metade quando assumimos”, afirmou. O prefeito vinha sofrendo críticas na Câmara e de até alguns secretários por não ter investido tanto quanto podia neste ano. Os balancetes da Prefeitura apontam um caixa de cerca de R$ 6 bilhões em recursos já arrecadados que podem ser usados ainda neste ano.

Além da zeladoria, Covas pretende reforçar os gastos em duas outras áreas tidas pelos aliados como sensíveis: a saúde e o atendimento aos moradores de rua, população que está aumentando na capital. Para a saúde, o orçamento deve subir 11,5% em relação a este ano, de R$ 10,5 bilhões para R$ 11,8 bilhões. Para a Secretaria da Assistência Social, o aumento é de R$ 1,3 bilhão para R$ 1,5 bilhão (15%).

Segundo nota da Prefeitura, o orçamento destina um total de R$ 8,9 bilhões para atingir todos os índices previstos no Plano de Metas aprovado pela Câmara Municipal para este mandato. No ano passado, após assumir o governo e depois de enfrentar crises como o desabamento do Viaduto da Marginal do Pinheiros, Covas revisou para baixo parte das metas aprovadas.

Reajustes

O orçamento apresentado pelo prefeito também prevê aumento de 7,25% na arrecadação de impostos. No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o aumento de receitas será de 7,7%.

“Não houve nenhuma lei aprovada neste ano aumentando a carga tributária. Muito pelo contrário: enviamos para a Câmara um projeto que trata da manutenção dos 10% de limite de aumento do IPTU inclusive para aqueles que perdem a isenção” no ano passado, disse Covas, ao descartar um novo pacote de correções da Planta Genérica de Valores (PGV), documento que serve de base para reajustar o IPTU.

Ao todo, a previsão de arrecadação com impostos, taxas, multas e repasses obrigatórios vindo dos demais entes federativos (governos do Estado e federal) deve subir 7,25%. Os recursos vindos de linha de crédito e empréstimo para financiar obras passará de R$ 4,4 bilhões para R$ 5,6 bilhões.

Outro ponto sensível é a tarifa de ônibus. No orçamento, Covas reservou um total de R$ 2,7 bilhões para os subsídios à tarifa do transporte pública, ou 10% a menos do que o valor para o orçamento deste ano.

Nesta segunda, quando falou brevemente com a imprensa após entregar o orçamento ao presidente da Câmara, Eduardo Tuma (PSDB), o prefeito não descartou reajustar a tarifa no ano que vem. “O aumento da passagem ainda não está decidida e, até dezembro, a gente deve tomar uma decisão conjunta com o governo do Estado”. Seus antecessores Doria, Haddad e Gilberto Kassab (PSD) não aumentaram tarifa em anos eleitorais.