Política

Em comissão na Câmara, acordo de Alcântara não avança com Eduardo Bolsonaro

Em cinco meses à frente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Casa, o filho do presidente acumulou desentendimentos com parlamentares

Em comissão na Câmara, acordo de Alcântara não avança com Eduardo Bolsonaro Em comissão na Câmara, acordo de Alcântara não avança com Eduardo Bolsonaro Em comissão na Câmara, acordo de Alcântara não avança com Eduardo Bolsonaro Em comissão na Câmara, acordo de Alcântara não avança com Eduardo Bolsonaro
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Escolhido pelo pai, o presidente Jair Bolsonaro, como o futuro embaixador do Brasil nos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) não conseguiu avançar com o principal acordo assinado com os americanos em discussão na Câmara dos Deputados.

Em cinco meses à frente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Casa, o filho do presidente acumulou desentendimentos com parlamentares, derrotas em votações e viu acumular outros 16 acordos internacionais assinados pelo Brasil. Na sua gestão, só quatro foram aprovados.

O mais significativo é o da base de Alcântara, anunciado como uma das principais conquistas de Bolsonaro em sua primeira viagem aos Estados Unidos, em março. O acordo de salvaguardas tecnológicas entre os dois países permitiria o uso de foguetes americanos na base, possibilitando a exploração comercial da estrutura.

Eduardo tentou acelerar a proposta colocando na relatoria um parlamentar alinhado com o governo. O deputado José Rocha (PL-BA) emitiu um parecer favorável à proposta no dia 11 de junho, cinco dias após o documento chegar oficialmente à comissão. Sem discutir com os demais membros do colegiado, o filho do presidente tentou levar a proposta direto à votação, mas foi barrado por deputados da oposição e de partidos de centro.

‘Tratorar’

Deputados ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmaram que Eduardo tentou “tratorar” – termo usado para quando se tenta acelerar uma votação – sem calcular se tinha maioria ou não para ganhar a votação. “Foi uma atitude de quem não sabe negociar”, afirmou a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC).

Eduardo teve de recuar e aceitar um cronograma de audiências que levará a discussão para a segunda quinzena de agosto.

Não foi a primeira vez que a comissão reagiu à condução do filho do presidente. Na primeira sessão do colegiado, o parlamentar tentou aprovar uma série de requerimentos de sua própria autoria para diminuir o espaço de atuação da oposição. A manobra foi criticada pela maioria do colegiado e ele recuou tirando parte dos pedidos.

O parlamentar também foi acusado de blindar aliados em áreas da política externa.

Em maio, ele rejeitou a convocação do chanceler Ernesto Araújo para explicar demissões na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Em troca da convocação do chanceler, Eduardo sugeriu o convite à amiga Letícia Catelani, então recém-demitida da diretoria de Negócios da Apex. O filho do presidente garantiu que ela compareceria “em breve” para dar esclarecimentos. Dois meses depois, a data da audiência ainda não foi marcada.

O jornal procurou o deputado Eduardo Bolsonaro para tratar da sua atuação à frente da comissão da Câmara, mas ele não se manifestou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.