Política

Empreiteira alvo da Lava Jato listou obra do Terminal de Barra do Riacho com propina

Em delação premiada Ricardo Pernambuco declarou que entre 2008 e 2012 a Carioca teve quatro obras na Petrobras, entre elas uma no Espírito Santo

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Terminal Aquaviário de Barra do Riacho, no Espírito Santo é citado em delação de Ricardo Pernambuco. Foto: Divulgação/Transpetro

São Paulo – O empresário Ricardo Pernambuco, um dos sócios da Carioca Engenharia, listou em sua delação premiada quatro obras da Petrobras em que houve “cobrança de vantagens indevidas”. O executivo e seu filho, Ricardo Pernambuco Júnior, são delatores da Operação Lava Jato. Uma das obras é a do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio, alvo da Operação Abismo, 31ª fase da Lava Jato, que também mirou no ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira.

Ricardo Pernambuco declarou que entre 2008 e 2012 a Carioca teve quatro obras na Petrobras. Além do Cenpes, na qual a Carioca, com participação de 20%, estava consorciada com outras quatro empresas (Construcap, Schahin, Construbase e OAS), a empreiteira também teve obras no Gasoduto Coarimanaus, no Amazonas, em consórcio com a Andrade Gutierrez, no Píer de GNL, na Baía de Guanabara, e no Terminal Aquaviário de Barra do Riacho, no Espírito Santo.

“Em todas essas obras houve a cobrança de vantagens indevidas perante a Carioca”, relatou Ricardo Pernambuco. O dono da empresa prestou depoimento em 1º de outubro de 2015. Suas declarações foram anexadas aos autos na sexta-feira passada, dia 1º de julho.

Segundo o executivo, a cobrança era feita pelo lobista Mário Góes, que se tornou um dos delatores da Lava Jato. O empreiteiro afirmou que Góes dizia que estava agindo em nome do ex-gerente executivo da Petrobras Pedro Barusco e citou o ex-diretor de Serviços da petrolífera Renato Duque.

“A atuação de Mario Góes como operador de Pedro Barusco era notória no meio empresarial; o depoente não recebeu informação de seus funcionários de que Mario Góes estivesse agindo em nome de Renato Duque; o montante das vantagens indevidas variava entre 0,5% e 1 % do valor das obras”, disse Pernambuco no seu depoimento.

O empresário afirmou que os pagamentos foram feitos, em parte, no exterior. Ele entregou à Procuradoria-Geral da República tabelas e extratos bancários da conta Cliver, mantida por ele no Banco Delta, na Suíça, “nos quais se podem verificar pagamentos destinados à conta Mayana, mantida por Mário Góes no Banco Lombar-Odier também na Suíça.

“Esses pagamentos ocorreram em 22 de março de 2012, no valor de US$ 711 mil, e em 24 de março de 2012, no valor de US$ 851 mil; o depoente irá verificar se foram feitos outros pagamentos a Mario Goes no exterior a partir de outras contas bancárias; além disso, houve pagamentos da Carioca a Mário Goes no Brasil, por meio de repasse de valores em espécie, provavelmente no montante de R$ 9 milhões; o depoente estima que, no total, foi pago a Mário Goes algo em torno de R$ 12 milhões”, aponta a delação de Pernambuco.