Política

Engenheiro diz que Dilma Rousseff foi avisada sobre compra de refinaria em Pasadena

Em depoimento de delação premiada, o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró afirmou que a compra da refinaria rendeu propina para os envolvidos no negócio

Engenheiro diz que Dilma Rousseff foi avisada sobre compra de refinaria em Pasadena Engenheiro diz que Dilma Rousseff foi avisada sobre compra de refinaria em Pasadena Engenheiro diz que Dilma Rousseff foi avisada sobre compra de refinaria em Pasadena Engenheiro diz que Dilma Rousseff foi avisada sobre compra de refinaria em Pasadena
Dilma saberia da compra em Pasadena Foto: Reprodução/TV NBR

O engenheiro Otávio Pessoa Cintra afirma, de acordo com a revista Veja, que a presidente Dilma Rousseff foi avisada sobre as irregularidades na compra da refinaria de Pasadena (EUA). Ele ocupou o cargo de gerente da Petrobras América, braço da estatal com sede em Houston, no Texas, e ainda é funcionário da Petrobrás.

Essa testemunha secreta era Cintra. Ele afirmou à revista Veja ter certeza de que Dilma foi avisada das irregularidades. “O Paulo César, assessor do Bittar, me confirmou. Quando estourou a Operação Lava Jato, tivemos outro encontro, em 2014, no mesmo Edifício Di Paoli. O Paulo falou: ‘O pior é que sua denúncia foi levada à Casa Civil e ao Gabrielli’. A Dilma e o Gabrielli sabiam. O Bittar foi à Casa Civil e ao Gabrielli. Eu só tomei conhecimento agora em 2014 que a Dilma sabia de tudo”, disse.

Em depoimento de delação premiada, o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró afirmou que a compra da refinaria rendeu propina para os envolvidos no negócio. O senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) também confirmou em delação as irregularidades na compra da refinaria e citou Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Conforme revelou o Estado em março de 2014, a presidente deu aval para a compra da primeira metade da refinaria, em 2006. Ao jornal, ela justificou que o então diretor da Petrobrás Cerveró omitiu cláusulas prejudiciais do contrato. Do contrário, alegou, vetaria o negócio, hoje considerado um dos piores já feitos pela Petrobrás – o Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que houve prejuízo de US$ 792 milhões.

Lula

Cintra também disse ter tentado avisar Lula. “Em uma cerimônia (no Chile), salvo engano em 2013, um representante do Itamaraty me colocou sentado ao lado dele, e me apresentou como funcionário da Petrobrás. Pensei em aproveitar a oportunidade e falar com o ex-presidente, mas não foi possível. O ex-presidente tinha bebido um pouco de uísque, me olhou, deu um tapa forte no meu peito e disse, sorrindo: ‘Petrobraaasssss’. Aí todo mundo riu, mas não teve jeito de conversar com ele.”

Ainda de acordo com Cintra, ele foi perseguido na estatal depois ter feito a denúncia a Gabrielli e teme pela vida dele e de seus familiares. A Petrobrás e o Planalto não se manifestaram até a publicação desta reportagem. À revista Veja, o ex-deputado Jorge Bittar negou as afirmações.