Política

ES perdeu capacidade de investimentos com recursos próprios, diz coordenador da equipe de Hartung

Após o resultado das eleições, o ex-secretário estadual de Educação, Haroldo Corrêa Rocha, assumiu a coordenação da equipe de transição do futuro governador Paulo Hartung (PMDB)

ES perdeu capacidade de investimentos com recursos próprios, diz coordenador da equipe de Hartung ES perdeu capacidade de investimentos com recursos próprios, diz coordenador da equipe de Hartung ES perdeu capacidade de investimentos com recursos próprios, diz coordenador da equipe de Hartung ES perdeu capacidade de investimentos com recursos próprios, diz coordenador da equipe de Hartung
Haroldo esquivou-se quando questionado sobre a possibilidade de assumir cargos no novo governo Foto: Divulgação / Assessoria de imprensa

Ex-secretário de educação do governo Paulo Hartung (PMDB), o professor Haroldo Corrêa Rocha assumiu a coordenação da equipe de transição do peemedebista, que retorna ao Palácio Anchieta, em janeiro do próximo ano. O grupo foi apresentado no dia 10 de outubro, e será responsável pela elaboração de estratégias a serem executadas durante os três primeiros meses do novo governo.

Haroldo também disputou as últimas eleições para deputado estadual e conquistou 8.550 votos. Após a derrota nas urnas, o coordenador esquiva-se sobre a possibilidade de assumir cargos no governo. Confira a entrevista exclusiva ao Folha Vitória:

Folha Vitória: Qual o papel e importância de uma equipe de transição?

Haroldo Corrêa: No Espírito Santo, as eleições se resolveram no primeiro turno, e o governo eleito tem que aguardar até o dia 01 de janeiro para assumir. Temos aí, quase 90 dias de espera. O governo que está em curso precisa ter plenos poderes para agir. Mas, por questões éticas e republicanas, no Brasil é comum o governo que está chegando consultar o que está saindo. E as decisões que são tomadas não podem impactar o governo que vai entrar. Então, ambos os governos constituíram equipes que vão trocar informações, para que nada seja decidido com grande impacto. 

FV: Os integrantes da equipe de transição ocuparão cargos no governo? Existe alguma definição sobre isso?

HC: Os trabalhos da equipe de transição se encerram no dia 31 de dezembro. A partir do dia 01 de janeiro o que vai haver é uma equipe de governo. Pode ser que alguns estejam, e outros não. A equipe foi constituída para interagir com o governo atual, e traçar ações para os três primeiros meses de governo. 

FV: Como o governador eleito Paulo Hartung acompanha os trabalhos da equipe? Como funcionam as reuniões?

HC: Sempre que há uma necessidade, ele reúne toda a equipe ou apenas alguns membros. E sempre que a equipe precisa também é construída uma agenda. Não há definição de dias específicos para que as reuniões ocorram. Mas, a equipe em si, tem três reuniões por semana. O que podemos garantir é que o grupo está trabalhando todos os dias, para garantir que o melhor seja feito para os capixabas.

FV: Recentemente, a equipe de transição disse que não concorda com a peça orçamentária, apresentada pelo atual governo, para o ano de 2015. As polêmicas em torno do assunto não causaram mal-estar com a equipe de Casagrande, visto que vocês ainda dependem de informações? Como está essa relação?

HC: Houve uma disputa eleitoral. Se há disputa, é porque existem visões diferentes na condução do Estado. Nós temos uma visão diferente do modo de gestão. Sendo assim, é natural que haja divergências. Agora, existe uma questão central que independe da visão existente, que são os dados e informações. Já fizemos duas solicitações. As informações sobre o orçamento são essenciais. Existem os gastos com pessoal, e o governo não pode gastar dinheiro só com isso. Uma parte tem que ficar para que sejam feitos os investimentos com recursos próprios. O que sabemos é que o Estado, nos últimos anos, tem perdido a capacidade de investimentos com recursos próprios. Infelizmente não recebemos respostas dos primeiros 20 itens solicitados. E também encaminhamos novos pedidos sobre todas as obras em andamento. Não sei em que prazo vamos receber. Isso atrapalha a nossa compreensão, e prejudica o trabalho da equipe. Encontramos dificuldade em cumprir nosso papel por falta de fornecimento rápido. Se essas informações vierem somente no final do ano serão de pouca utilidade.

FV: Considerando a possível supervalorização do orçamento, conforme anunciado pela equipe, é possível que o Estado adote novas metas para custeio de pessoal no próximo ano? 

HC: O que nós identificamos na primeira avaliação do orçamento é que ele está pouco realista. Temos uma receita superestimada, e uma despesa subestimada. O princípio fundamental que seguimos é de que o orçamento não pode ser peça de ficção. Não podemos estimar uma receita que não vai se realizar. O próximo ano será de baixo crescimento econômico para todo o Brasil. Por outro lado, temos a despesa que também precisa ser realista. Vamos interagir com a Assembleia, e também com o governo. Se estimam uma receita maior, e depois ela fica menor, como é que vamos pagar? O governo não é do governante A ou B. O dinheiro é da população, e o cidadão tem o direito de saber para onde vai do dinheiro dele.

FV: Além da análise econômica, a equipe está elaborando projetos em outras áreas e conta com experiências desenvolvidas em outros estados. Quais são essas áreas de atuação, e como essas propostas poderão ser desenvolvidas por aqui?

HC: Temos um trabalho prioritário com a educação. Neste mês de novembro vamos aprofundar as discussões sobre a “Escola Viva”, e como esse sistema será operacionalizado no Estado. Também vamos analisar as inovações para a saúde. Temos ainda trabalhos na área de ocupação social, que são projetos que serão desenvolvidos no combate à violência urbana. Vamos analisar ainda questões relacionadas à mobilidade urbana, que é um tema central no país, além do desenvolvimento econômico. Neste campo, o governador já deixou claro que manterá uma diplomacia ativa para atração de investimentos. Ele já visitou a cidade de São Paulo, onde conheceu alguns projetos, e também deve visitar Santa Catarina.

FV: O senhor frisou que a mobilidade urbana é uma questão central no país. Aqui no Estado, dentre as propostas em discussão está o sistema BRT, que promete trazer melhorias para quem depende do transporte público. O novo governo dará continuidade a este projeto?

HC: O novo governo terá a mobilidade urbana como um grande debate. A solução ainda não temos. Tudo será analisado. Não podemos dar respostas definitivas, ainda mais no setor de transportes, em que as novidades tecnológicas surgem diariamente. O sistema de transporte tem que ser de massa, com elevado grau de conforto, e velocidade adequada com a cidade onde será implantado. O transporte coletivo é uma prioridade.

FV: Falamos sobre a possibilidade de integrantes da equipe de transição ocuparem cargos também no governo. O senhor, que já foi secretário de Hartung, aceitaria assumir alguma pasta novamente?

HC: Não fui convidado. Não posso dizer. Temos que esperar. Estamos contribuindo nessa fase de transição. Damos o máximo que podemos para que os projetos da equipe de transição sejam realizados. Mas, o próprio governador já falou que só vai tratar da equipe de governo a partir do dia 01 de dezembro. O serviço público demanda muita dedicação. Cada pessoa convidada terá que encontrar um ponto de convergência entre os anseios profissionais e as exigências do cargo. O Paulo é muito conhecido pela sua capacidade de montar equipes. Sempre consegue formar grupos de alta performance.