Política

Escolha de Pinato para relatar processo contra Cunha não surpreende deputados

Escolha de Pinato para relatar processo contra Cunha não surpreende deputados Escolha de Pinato para relatar processo contra Cunha não surpreende deputados Escolha de Pinato para relatar processo contra Cunha não surpreende deputados Escolha de Pinato para relatar processo contra Cunha não surpreende deputados

Brasília – A escolha do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) para relatoria do processo disciplinar contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não surpreendeu os deputados. Entre os três sorteados no Conselho de Ética para a função, desde o primeiro momento, seu nome era dado como “a escolha por exclusão”. O novato é visto pelos colegas como um parlamentar experiente na área jurídica, conservador, de atuação independente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), incisivo na defesa de suas ideias e de temperamento explosivo. “Ele é preparado, tem formação jurídica, mas não é de rodeios, nem de meias palavras. É oito ou 80”, resumiu um colega da CCJ.

Pinato é o segundo vice-presidente do Conselho de Ética, membro titular da CCJ e defensor ferrenho da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. Os parlamentares avaliam que, como relator da representação por quebra de decoro parlamentar do presidente da Casa, Pinato terá a chance de ganhar notoriedade e se reeleger sem precisar contar com os votos da coligação, como aconteceu em sua eleição. “Essa é a oportunidade de sua vida: ou marca independência ou será um deputado de passagem”, comentou um colega do Conselho de Ética.

O deputado tem 38 anos, foi eleito com pouco mais de 22 mil votos e graças à votação expressiva do líder da bancada do PRB, Celso Russomanno (SP). Advogado desde os 21 anos, atuou nas esferas criminal, eleitoral e administrativa. Segundo sua assessoria, iniciou a trajetória política como assessor parlamentar na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa de São Paulo. Também foi assessor especial da Secretaria de Gestão Pública do governo paulista.

Sangue novo

Membros antigos do colegiado viram com bons olhos a escolha de um estreante para relatar um caso que ninguém queria pegar. O fato de ter apenas 11 meses de mandato e ser, até então, um desconhecido entre a maioria dos pares, é considerada uma vantagem porque o relator não tem, em tese, “relações estabelecidas” na Casa. “Acho positivo ele ter menos tempo de mandato. A pessoa está chegando e ainda não tem raízes, relação pessoal com ninguém”, disse o deputado Marcos Rogério (PDT-RO).

Ex-relator do processo que culminou com o pedido de cassação do ex-deputado Luiz Argolo, Rogério disse que o silêncio é a melhor maneira de um relator se blindar das pressões. Como não há como evitar as abordagens a favor e contra Cunha, Rogério já recomendou a Pinato que aja de forma técnica e sem proferir juízo de valor antecipado para “proteger a probidade do processo”, evitando assim questionamentos futuros que culminem com a nulidade do rito. “A estabilidade emocional é fundamental neste processo. A gente se desgasta muito porque é um julgamento”, aconselhou.

O líder do partido de Cunha, Leonardo Picciani (RJ), era um dos que já esperavam pela indicação de Pinato. “Me parece que, pela formação, é o que tem o perfil mais técnico”, comentou o peemedebista.

O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), disse esperar que o relator atue de maneira independente, isenta e aja com equilíbrio. “Que não tenha nem a sanha da vingança, nem a disposição para blindagem. Quem julga tem que ter o equilíbrio”, afirmou Mendonça.