O prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido), afirma que pesquisas têm mostrado que a população capixaba busca “novos nomes” para assumir o comando do Espírito Santo, desde que estas pessoas já tenham sido testadas. Segundo ele, “isso acaba criando uma persona muito próxima” a dele.
Sendo assim, o chefe do Executivo da cidade canela-verde disse que pode concorrer ao governo estadual nas eleições de 2026 e que, para ele, é natural que isto ocorra, tendo em vista que ele foi citado como possível sucessor pelo governador Renato Casagrande (PSB).
Eu acho que é natural isso acontecer. E eu falo natural a partir do momento em que o governador cita o meu nome como uma das pessoas que podem ser candidatas em 2026.
O prefeito falou sobre a provável candidatura e a busca por um partido que o apoie e dê espaço em entrevista à colunista de política Patrícia Scalzer, da TV Vitória, para o canal do Jornal da TV Vitória no YouTube.
A conversa faz parte de uma série com os prefeitos da Grande Vitória sobre os primeiros 180 dias do mandato, iniciado em janeiro deste ano.
O objetivo é que os eleitos em outubro de 2024 possam expor os feitos nestes primeiros seis meses e também o que ainda está por vir. Para isso, os gestores entrevistados comentam sobre diversas áreas, como segurança pública, educação, economia e política.
Arnaldinho também comentou sobre casos de violência no município, projetos para evitar alagamentos e investimentos na educação e na mobilidade.
Confira a entrevista com Arnaldinho Borgo
Quais foram os principais desafios destes seis primeiros meses de segundo mandato?
O principal desafio é a gente continuar fazendo investimentos e entregando o que a sociedade deseja e anseia há mais de 20 anos na cidade de Vila Velha. Mas a gente tem conseguido fazer essas entregas.
Uma delas, muito importante, foi a entrega da estação de tratamento de esgoto de Araçás, que está saindo da capacidade de 400 litros por segundo de tratamento para 900 litros por segundo de tratamento de esgoto tratado.
Isso significa que, até o final do ano de 2026, nós vamos ter a universalização do saneamento básico, ou seja, todas as residências e todas as empresas estarão interligadas à rede coletora de esgoto.
Como está a despoluição do Canal da Costa?
Esse projeto depende muito da estação de tratamento de esgoto de Araçás. E nós temos também a estação de tratamento de esgoto de Ulisses Guimarães, que vai inaugurar nos próximos dias e fazer o tratamento de esgoto de toda a região 5, da Grande Terra Vermelha e da região litorânea, que é Barra de Jucu, Ponta da Fruta, Nova Ponta da Fruta.
E serão também construídos 290 quilômetros de rede coletora de esgoto para que a gente possa ligar. Então, para falar em universalização, precisa falar também dessas entregas.
Mas o Canal da Costa especificamente fica para o ano que vem?
Fica para o ano que vem, em dezembro do ano que vem. Inclusive, nós estamos fazendo a obra do tamponamento do Canal da Costa nesse exato momento. São dois quilômetros e cem metros de parque linear. Estamos colocando as galerias…
Teremos pista de skate, quadra de tênis, quadra poliesportiva, campo de grama sintética, parquinho, academia, área para festa, estacionamento, área para food trucks.
Nesses seis meses foram R$ 670 milhões de investimentos. São recursos da prefeitura, do Estado e federais também?
Sim, tem recurso da Prefeitura de Vila Velha, do governo federal e do governo estadual. A cidade de Vila Velha, como todo mundo sabe, é uma cidade que não tem muito recurso. E por não ter muito recurso, a gente tem que fazer o dever de casa.
De 2021 até 2025, já dobramos o orçamento da cidade. Era R$ 1,2 bilhão. Hoje são R$ 2,4 bilhões, sem aumentar R$ 1 de imposto.
O que merece destaque na área da educação?
Eu destaco que a gente acabou de publicar a licitação de ar-condicionado para 120 escolas. Vamos climatizar todas as salas de aula – são mais de 1.200 – até o final desse ano, porque a licitação deve abrir nos próximos dias.
Paralelo a isso, já inauguramos mais duas novas creches até o dia de hoje. A creche de Jaburuna e a creche de Jabaeté. E vamos agora também fazer a licitação de mais cinco novas creches na cidade de Vila Velha, em parceria com o governo do Estado, em parceria também com o governo federal.
As obras do binário na Rodovia do Sol já começaram?
Vão começar em breve. As obras do canal do binário da Rodovia do Sol, que a gente chama de Binário Sul, estão sendo licitadas neste momento.
Ele vai compreender do viaduto da Darly Santos com a Rodovia do Sol até o Hospital Santa Mônica. Ali será mão única no sentido Guarapari até Vila Velha, e o retorno será pela Saturnino Rangel Mauro.
Teremos uma requalificação da pavimentação asfáltica, nova iluminação, retirada do canteiro central e novas faixas para desafogar o trânsito nessa região.
Agora um assunto delicado: havia um homem em situação de rua atacando as pessoas… Como que a prefeitura pode ajudar nessa situação?
Muitas das vezes, a população não tem conhecimento e orientação, e acredita que a gente precisa tirar à força essas pessoas da rua. A prefeitura não tem autonomia para retirar à força as pessoas que estão em situação de rua. Nesse caso específico, essa pessoa, além de estar em situação de rua, tem problemas psiquiátricos.
Nós, Prefeitura de Vila Velha, junto com a Secretaria de Saúde e a Secretaria de Assistência Social, já demos todo o suporte possível. Ele já ficou internado três vezes, mas ele foi liberado. A política psiquiátrica libera essas pessoas e elas voltam para rua, porque não tem para onde ir.
Nesse exato momento, estamos tentando fazer novamente a internação compulsória desse homem para evitar que ele cometa agressões, que ele cometa algum crime na nossa cidade. Ele foi preso inclusive recentemente, apreendido por duas vezes pela Guarda Municipal, mas ele chega na delegacia e é solto, porque o problema dele é de saúde.
Em parceria com o governo, estamos fazendo essa relação para que a gente possa interná-lo compulsoriamente, mas a gente não sabe até quando.
*Esta entrevista foi feita antes da internação compulsória, ocorrida no último dia 10, do homem mencionado. Ele foi levado por agentes da Guarda Municipal de Vila Velha para uma ambulância onde recebeu atendimento médico e logo depois levado para o hospital.
Mas não é só o caso dele. Tem outras situações e isso é um problema muito grave.
É, e não é algo fácil de ser resolvido, mas a Prefeitura de Vila Velha tem abrigo, tem albergue, nós damos todas as condições necessárias, não só para esse rapaz, mas para qualquer pessoa em situação de rua, para que ela possa sair da rua, ter a sua identidade fortalecida, voltar para o seio familiar, fortalecer seu vínculo familiar, sua independência financeira…
A Prefeitura de Vila Velha tem políticas de assistência social capazes de transformar a vida dessas pessoas, mas para isso, elas precisam querer. A gente não consegue de forma forçada retirá-las da rua.
O abrigo tem regras: tem horário para dormir, para se alimentar, para acordar, tem que cumprir as oficinas de fortalecimento de vínculo. Então, tem toda uma sistemática, um protocolo a seguir, que muitas vezes eles não querem, preferem estar na rua, que é mais atrativo.
Sobre turismo, vemos cada vez mais pessoas visitando Vila Velha, se hospedando na cidade. Tivemos a inauguração da Ponte da Madalena. Como é que está o projeto do Morro do Moreno?
A cidade de Vila Velha, seus moradores, para qualquer um que você pergunte, eles falam: “A cidade de Vila Velha tem que ser cidade turística”. E é essa cidade que estamos planejando para o futuro.
Quando a gente entrega a Ponte da Madalena, que se transforma num cartão-postal da cidade, uma unidade de conservação na sede de Jacarenema, a gente começa a mudar a cultura organizacional da cidade.
Quando a gente inicia uma obra no Morro do Moreno, que nesse exato momento está sendo feito o estudo ambiental para a obra de fato começar, começamos a ser uma indústria sem chaminé, que é a indústria do turismo.
E a gente já começa a se preparar para o futuro. Porque no futuro, com a mudança tributária, o recurso de imposto vai ficar onde o serviço/produto for consumido, não onde for produzido. Então, a cidade de Vila Velha também está se preparando para a mudança tributária, investindo muito no turismo.
No Morro do Moreno teremos três mirantes até o topo, mais um lá no topo 360 graus, uma cafeteria para dar oportunidade para as pessoas fazerem a contemplação do nascer e do pôr do sol.
O parque linear que nós estamos construindo na Praia da Costa também é outro atrativo; o mercado de pescado que nós vamos licitar agora, na Prainha… Então, estamos começando a mudar a cultura, a resgatar a história, mas principalmente a atrair os turistas para a cidade de Vila Velha.
Como está a relação com o governador Renato Casagrande?
Eu e o governador Renato Casagrande somos iguais a unha e carne. Eu sempre falo que a pior coisa de um político é brigar. E a cidade de Vila Velha passou muito tempo experimentando isso e ela acabou ficando esquecida.
Temos que abrir as portas para quem ama Vila Velha e quem ama Vila Velha hoje está caminhando com a gente, fazendo investimentos, ajudando o desenvolvimento da cidade, ajudando a enfrentar os desafios que a cidade impõe, como o governador faz.
Desde o meu primeiro momento, conversamos, dialogamos, e hoje ele tem feito investimentos em projetos que a cidade nem sonhava em ter.
Por exemplo: a cidade nem sonhava em acabar com os alagamentos. Hoje, a cidade pode dormir tranquila. Lembrando que ainda nem concluímos as obras de macrodrenagem, mas já diminuímos os alagamentos crônicos que tínhamos na nossa cidade.
É uma parceria que, se Deus quiser, vai ser duradoura, eterna, para que a gente possa estar caminhando juntos sempre e construindo um Estado e uma cidade melhor.
O senhor, por enquanto, está sem partido porque se desfiliou do Podemos. A escolha de um novo partido pode abalar essa boa relação com o governo?
Eu acho que não. A minha relação com o governador é independente de relação partidária. Nós temos uma relação, posso dizer até, muito pessoal, muito próxima. E de se identificar: eu trabalho muito, acordo muito cedo, durmo muito tarde, não tem final de semana, não tem feriado, e o governador da mesma forma. Então, acho que a relação partidária não abala, na minha avaliação.
O que eu posso falar é que eu estou sem partido, mas dialogando com os partidos que têm aberto as portas para o diálogo comigo, para que eu possa, no futuro, talvez, tentar uma candidatura majoritária.
O senhor coloca o seu nome para disputar o governo do Estado no ano que vem?
Eu acho que é natural isso acontecer. E eu falo natural a partir do momento em que o governador cita o meu nome como uma das pessoas que podem ser candidatas em 2026.
Quando pegamos uma pesquisa qualitativa que mostra que a sociedade acredita que a eleição de 2026 será uma eleição geracional, ou seja, uma eleição com novos nomes, com pessoas novas, mas não quaisquer pessoas, com pessoas que já foram testadas em gestões, isso acaba criando uma persona muito próxima da minha.
Então, acreditamos que através dessa persona, através do que a gente vem fazendo na cidade de Vila Velha, a gente vai ter a oportunidade de, quem sabe, ser candidato em 2026.
Veja a entrevista de Arnaldinho Borgo no YouTube: