Política

Facebook derruba páginas da QAnon no Brasil após reportagem

Ao todo, a reportagem constatou que saíram do ar grupos e páginas que promoviam a conspiração e tinham, juntos, 572 mil membros ou seguidores

Facebook derruba páginas da QAnon no Brasil após reportagem Facebook derruba páginas da QAnon no Brasil após reportagem Facebook derruba páginas da QAnon no Brasil após reportagem Facebook derruba páginas da QAnon no Brasil após reportagem
Foto: Divulgação

O Facebook removeu da rede social alguns dos principais grupos e páginas que promoviam o movimento conspiratório QAnon no Brasil. As suspensões ocorreram após o Estadão revelar a adesão à versão tupiniquim da teoria da conspiração criada pela extrema-direita americana entre usuários brasileiros, com campanhas de desinformação contra adversários do presidente Jair Bolsonaro e contra medidas sanitárias de combate à pandemia.

Ao todo, a reportagem constatou que saíram do ar grupos e páginas que promoviam a conspiração e tinham, juntos, 572 mil membros ou seguidores. Somente o maior grupo de adeptos da QAnon reunia mais de 22 mil membros. Páginas identificadas como “oficiais” e dedicadas à publicação de conteúdos agressivos ou falsos também foram encerradas.

A QAnon não é banida do Facebook. A rede social aceita os conteúdos conspiratórios, desde que não celebrem ou incentivem comportamentos violentos. A empresa não detalhou os motivos específicos que provocaram os banimentos, mas confirmou a ação a partir da reportagem.

“O Facebook removeu cinco Páginas e Grupos por violações de suas políticas. Reforçamos, ainda, que conteúdos associados com o movimento QAnon serão removidos quando identificadas discussões de potencial violência. Agradecemos ao Estadão por ter sinalizado os conteúdos violadores”, disse a rede social, em nota.

A empresa não informou os links atingidos. Entre as páginas que promoviam a farsa até a semana passada e agora estão indisponíveis, porém, estão “Brasil o País Do Futuro”, “O Vetor Oculto”, “Q Anon Brasil”, “Revelação Total” e “Marcos Mendes”.

Nesses fóruns havia compartilhamento de campanhas que inventavam ameaças à vida dos que usam máscaras de proteção facial e dos que se submetem à aferição de temperatura com termômetros de infravermelho. Além disso, diversas publicações buscavam associar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a “orgias com garotas” organizadas pelo médium conhecido como João de Deus.

Em 19 de agosto, o Facebook havia anunciado a remoção de 790 grupos ligados ao movimento nos Estados Unidos. As páginas brasileiras que agora foram retiradas do ar não haviam sido alcançadas pela decisão anterior. Com o impacto, extremistas passaram a reconvocar adeptos para redes no Instagram e Telegram.

Nos Estados Unidos, a QAnon foi classificada pelo FBI, em 2019, como potencial ameaça doméstica de terrorismo pela possibilidade de incentivar violência por parte de extremistas. Os adeptos da QAnon acreditam que o presidente Donald Trump foi escolhido por um exército secreto para uma batalha contra governantes ocultos do mundo, que lucram com tráfico de seres humanos e pedofilia.

As teorias conspiratórias partem de um anônimo que se identifica como “Q” para lançar mensagens cifradas na internet e cada um interpreta à maneira que prefere. O QAnon virou um “guarda-chuva” de extremistas de temas que vão da política ao meio ambiente e às vacinas.

A versão brasileira da QAnon inclui o presidente Jair Bolsonaro entre os líderes escolhidos pelo “exército secreto”, embora a conspiração original não o mencione. Nas redes sociais, os seguidores da teoria conspiratória defendem Bolsonaro e atacam seus adversários e as instituições.