Política

Governo avalia escalar oficial da Marinha para comandar Apex

A saída de Vilalva foi interpretada como uma derrota do grupo dos militares - e uma vitória do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a quem a Apex é subordinada

Governo avalia escalar oficial da Marinha para comandar Apex Governo avalia escalar oficial da Marinha para comandar Apex Governo avalia escalar oficial da Marinha para comandar Apex Governo avalia escalar oficial da Marinha para comandar Apex
Foto: Divulgação/ Apex

O presidente Jair Bolsonaro deverá indicar um militar para dirigir a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) – o cargo está vago desde a exoneração do embaixador Mário Vilalva, ocorrida há duas semanas.

De acordo com fontes da área, o presidente deverá nomear o contra-almirante Sérgio Ricardo Segovia Barbosa, atual subchefe de Inteligência Estratégica do Ministério da Defesa. O martelo ainda não foi batido, mas o militar está “bem cotado”, segundo integrantes do governo.

A saída de Vilalva foi interpretada como uma derrota do grupo dos militares – e uma vitória do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a quem a Apex é subordinada. O entendimento é de que a escolha de um novo nome militar para o cargo pode “reequilibrar as forças” dentro da agência.

É de Araújo a indicação dos outros dois diretores da Apex que se indispuseram com Vilalva. O embaixador saiu depois de criticar o chefe publicamente – ele disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que o chanceler deu um “golpe”, ao mudar o estatuto da Apex sem consultá-lo. O novo texto do estatuto retira poderes do presidente e amplia a força de seus diretores.

Sérgio Ricardo Segovia Barbosa fez carreira na Marinha. É engenheiro eletrônico, com pós-graduação em Ciência Naval pela Escola de Guerra Naval e em Política e Estratégia pela Escola Superior de Guerra.

Divergências

Vilalva foi o segundo presidente da Apex a ser demitido no governo Bolsonaro. Ainda em janeiro, o primeiro escolhido do presidente para o cargo, Alex Carreiro, foi dispensado depois de apenas uma semana no cargo.

Nos dois casos, a disputa foi a mesma. Tanto Carreiro quanto Vilalva bateram de frente com a diretora de Negócios da Apex, Letícia Catelani, que é próxima de Araújo e do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Vilalva também se desentendeu com o diretor de Gestão da agência, Márcio Coimbra, também indicação do chanceler.

Depois da crise, o Palácio do Planalto chegou a avaliar retirar a Apex do guarda-chuva do Itamaraty e transferir a agência para o Ministério da Economia. A Apex já foi vinculada ao Ministério da Indústria e Comércio, pasta hoje incorporada ao Ministério da Economia. Durante a transição, quando o governo preparava o desenho da Esplanada dos Ministérios, Paulo Guedes, ministro da Economia, defendeu que a Apex ficasse sob seu comando.

Na semana passada, porém, ele sugeriu que o governo acabasse com a agência. Em entrevista à Globonews, Guedes disse que extinguiria o órgão caso fosse transferido para sua alçada. “Ela não está comigo, está lá (no Itamaraty). Se estivesse comigo, acabava. A Apex para mim é um órgão redundante”, declarou o ministro.

‘Joia’

Criada em 2003 durante o governo Lula, a Apex era considerada a “joia” para negociações e distribuição de cargos. A agência é responsável por promover produtos e serviços no exterior e atrair investimentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.