Política

Governo deve expor déficit nas contas em proposta de Orçamento ao Congresso

Governo deve expor déficit nas contas em proposta de Orçamento ao Congresso Governo deve expor déficit nas contas em proposta de Orçamento ao Congresso Governo deve expor déficit nas contas em proposta de Orçamento ao Congresso Governo deve expor déficit nas contas em proposta de Orçamento ao Congresso

Brasília – O governo tende a deixar explícita a previsão de déficit primário nas contas do setor público, em 2016. A proposta de Orçamento do ano que vem será enviada ao Congresso nesta segunda, 31, e a presidente Dilma Rousseff convocou nova reunião com ministros, neste domingo, 30, para bater o martelo sobre o assunto, no Palácio da Alvorada.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vê com grande preocupação a sinalização de novo déficit, por considerar que embute um sinal negativo para o mercado e pode levar o Brasil a perder o grau de investimento, com consequências ainda mais severas para a economia, que já está em recessão. Levy ainda luta por um corte maior de despesas.

Mesmo assim, uma preocupação da Fazenda é fazer com que as projeções incluídas do Orçamento não sejam mascaradas. Em conversas com um integrante da equipe econômica, o vice-presidente Michel Temer defendeu “realismo” na elaboração do Orçamento de 2016.

Sem a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF), porém, o governo não tem muitas alternativas para cobrir o rombo de R$ 80 bilhões. Tudo indica que a meta de superávit primário de 2016, de 0,7% do PIB, seja reduzida novamente e é possível que haja corte de programas sociais.

Grande Berta

O governo desistiu de incluir a nova CPMF no Orçamento depois de forte reação negativa de empresários e políticos. A ideia inicial do Palácio do Planalto era ressuscitar o imposto do cheque com o nome de Contribuição Interfederativa da Saúde, mas, diante da crise política e econômica, o plano foi bombardeado até por aliados e por Temer.

Um integrante da equipe econômica admitiu ao jornal O Estado de S.Paulo que houve uma “ilusão” no governo de que a CPMF poderia resolver o problema fiscal de 2016, como uma espécie de “Grande Berta”, canhão produzido para a Primeira Guerra Mundial, que disparava munições de até 830 quilos de peso, a uma distância de12 quilômetros. Era uma “colossal” peça de artilharia com capacidade para destruir as fortificações francesas, mas que pesava 70 toneladas e era muito difícil de ser transportado, o que limitava bastante sua eficácia.

No Ministério da Fazenda há preocupação com o risco de uma nova sinalização de déficit primário nas contas do governo em 2016. Em 2014, as contas fecharam no vermelho e não está descartado um novo déficit esse ano diante do rombo já anunciado nos sete primeiros meses do ano. Quando o governo reduziu a meta de superávit primário de 2015 de 1,1% do Produto Interno Bruto para 0,15% do PIB, foi introduzida uma regra de abatimento que permite que as contas fechem o ano deficitárias.

A avaliação é de que a proposta de Orçamento terá que ser reformulada pelo Congresso Nacional em conjunto com a “Agenda Brasil”, lançada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que contou com apoio de Levy. A Fazenda avalia que, desta vez, o papel do Congresso será determinante para a “construção” do equilíbrio fiscal. “O Congresso vai ter de acertar o Orçamento nos próximos quatro meses”, disse ao Portal um integrante da equipe econômica.