Política

Governo do ES envia carta para Dilma contra importação de café peruano

A cafeicultura é o maior patrimônio nacional e uma das atividades de maior importância socioeconômica. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café

Governo do ES envia carta para Dilma contra importação de café peruano Governo do ES envia carta para Dilma contra importação de café peruano Governo do ES envia carta para Dilma contra importação de café peruano Governo do ES envia carta para Dilma contra importação de café peruano
Em 2014, o Espírito Santo produziu 12,8 milhões de sacas Foto: Divulgação/Governo

O governador Paulo Hartung enviará uma carta à presidente Dilma Rousseff, na próxima segunda-feira (18), em que solicitará a suspensão da Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Nº 6, de 29 de abril de 2015, que autoriza a importação de grãos de café arábica produzidos no Peru.

O documento reflete a apreensão de toda a cadeia produtiva capixaba com a medida unilateral do governo federal, que poderá gerar graves impactos sociais, ambientais e econômicos para o Setor Cafeicultor nacional.

“Uma medida como essa, sem precedentes em nossa história republicana, deveria, no mínimo, ser discutida coletivamente com as representações componentes da cadeia produtiva em todos os níveis e setores da economia, sob pena de beneficiar apenas alguns interessados, em detrimento e sacrifício de muitos”, afirma o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Octaciano Neto, que está auxiliando o governador na elaboração do documento.

A importação do café peruano representa uma ameaça real às plantações locais, devido ao risco de trazer doenças patogênicas e pragas quarentenárias de outras culturas para as lavouras brasileiras e capixabas. Com a importação de café verde pode-se estar facilitando a entrada de materiais infectados.

Um grão verde de café pode ser o veículo de pragas e doenças para a lavoura cafeeira e até mesmo para outras culturas. No Peru, há uma praga letal para o cacau, um fungo chamado monília, que pode trazer consequências desastrosas para os cultivos nacionais.

“Não é justo colocar em risco a agricultura brasileira, liberando importações sem a devida segurança. Além disso, estamos iniciando nossa colheita e sabemos que em momento de safra há oferta de café novo no mercado, culminando com expectativas de preços baixos. Essa notícia também afeta mercados e cria uma enorme tensão no meio rural”, destaca o secretário Octaciano Neto.

Competição desleal

Na carta a ser encaminhada à presidente Dilma, o governador Paulo Hartung vai destacar, ainda, que as leis brasileiras relativas às questões sociais, trabalhistas e ambientais estão entre as mais rigorosas do mundo e que o Código Florestal brasileiro impõe aos agricultores a preservação e a recuperação dos recursos naturais, o que aumenta significativamente os custos de produção. Porém, outros países, como é o caso do Peru, não têm esse mesmo rigor e, por isso, seus custos de produção são bem menores. A importação dos grãos peruanos caracteriza, portanto, uma competição desleal com os produtores capixabas e brasileiros.

“Essa decisão é um desrespeito a tudo e a todos que estão envolvidos numa cafeicultura sustentável. No caso do Espírito Santo, uma cafeicultura construída com muito investimento, pesquisa e sacrifício dos cafeicultores, que este ano já estão sofrendo com a grave estiagem que prejudicou a qualidade e a produtividade da safra”, ressalta o secretário de Agricultura.

Importância socioeconômica da cafeicultura

A cafeicultura é o maior patrimônio nacional e uma das atividades de maior importância socioeconômica. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e também o segundo maior consumidor do produto. O Espírito Santo é o segundo maior produtor nacional e primeiro produtor de conilon. A cafeicultura é a atividade mais importante para a grande maioria dos municípios capixabas, representando entre 40 e 45% da renda rural do Estado.

Em 2014, o Espírito Santo produziu 12,8 milhões de sacas, sendo 9,9 milhões de sacas de conilon, com produtividade média de 35 sacas por hectare; e 2,9 milhões de sacas de café arábica, com produtividade média de 19 sacas por hectare. Vale lembrar, que o Espírito Santo é o único Estado a produzir em quantidade e em qualidade os dois tipos de cafés consumidos no mund o.

“A cafeicultura também gera emprego e renda direta para mais de 400 mil pessoas envolvidas nos diversos elos dessa cadeia produtiva no Estado. Produzimos uma diversidade de tipos e sabores de cafés que estão disponíveis no Brasil e jamais vistas em outros países produtores. A importação de café é completamente desnecessária e abre precedentes para outras importações indesejadas e sem regulamentação adequada, trazendo consequências catastróficas para a cafeicultura nacional”, finaliza o secretário.

Suellen Araújo

Repórter

Formada pela Faculdades Integradas Hélio Alonso ( FACHA-RJ), com experiência em assessoria de imprensa, mídias sociais e televisão.

Formada pela Faculdades Integradas Hélio Alonso ( FACHA-RJ), com experiência em assessoria de imprensa, mídias sociais e televisão.