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Governo reitera, em nota, que não aceita PEC sobre demarcação de terras indígenas

Governo reitera, em nota, que não aceita PEC sobre demarcação de terras indígenas Governo reitera, em nota, que não aceita PEC sobre demarcação de terras indígenas Governo reitera, em nota, que não aceita PEC sobre demarcação de terras indígenas Governo reitera, em nota, que não aceita PEC sobre demarcação de terras indígenas

Brasília – A Secretaria de Governo da Presidência da República e o Ministério da Justiça divulgaram nota nesta quinta-feira, 29, onde reiteram a posição contrária do governo à aprovação do texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, em Comissão Especial, na última terça-feira, 28. De acordo com a nota, a medida “ofende o princípio da separação dos poderes e não se alinha com o direito originário consagrado na Constituição acerca das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas”.

A PEC transfere a decisão sobre demarcação de terras indígenas do Poder Executivo para o Legislativo, permite a revisão das terras já delimitadas e propõe mudança nos critérios e procedimentos para a demarcação das áreas indígenas, que passariam a ser regulamentados por lei e não por decreto, como é atualmente.

A presidente Dilma Rousseff é contra a PEC e a orientação do Palácio do Planalto é convencer os deputados da base aliada a derrubarem esta proposta no plenário da Câmara. Se não conseguir, o Planalto vai trabalhar para derrubar o texto no Senado, onde grande parte dos senadores já se posicionou contra.

A nota lembra ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia reconhecido que o direito de demarcação de terras é do Poder Executivo. O texto avançou na Câmara, liderado pela bancada ruralista, no momento em que o governo está fraco e ainda não conseguiu reconstituir sua base parlamentar. A PEC tramita há 15 anos no Congresso.

Ontem, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, avisou que, “mesmo se prosperar no Congresso, a proposta não será aceita pelo Judiciário por ser inconstitucional”. Ressaltou, no entanto, que “o simples fato de (a proposta) andar incendeia o conflito, acirra os ânimos e coloca querosene na fogueira”, acrescentando que “a discussão não é boa para os índios e os agricultores”.

Cardozo disse que começará, agora, um mutirão de entendimento entre lideranças indígenas, agricultores, Fundação Nacional do Índio (Funai), Ministério Público e Judiciário para solucionar os impasses. “A PEC é inconstitucional, pois o artigo 2º da Constituição prevê o princípio da separação de poderes e uma demarcação de terras é típica do Executivo. A discussão é técnica, não pode se dar por conveniências políticas”, completou. “Essa proposta só trouxe o efeito colateral de um acirramento de conflitos.”