Política

Governo tenta costurar acordos em projetos econômicos da oposição

Governo tenta costurar acordos em projetos econômicos da oposição Governo tenta costurar acordos em projetos econômicos da oposição Governo tenta costurar acordos em projetos econômicos da oposição Governo tenta costurar acordos em projetos econômicos da oposição

Brasília – O governo decidiu tentar sair do isolamento e começou a costurar acordos para a votação de propostas econômicas defendidas pela oposição no Senado. Após ter fechado um acerto em torno do projeto que acaba com a exclusividade da Petrobrasno pré-sal, o Planalto tem atuado para mudar (e no que for possível ter acordo) duas importantes pautas defendidas pelo presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG): uma que altera as regras de governança em estatais e outra com o mesmo teor para os fundos de pensão.

A estratégia é semelhante à posta em prática na semana passada, quando, na iminência da derrota, articulou mudanças no projeto do pré-sal. Mas, agora, o governo quer a ajuda da bancada petista para fechar o acordo em torno das propostas da oposição – no pré-sal, o PT ficou isolado e votou contrariamente ao acordo. Ao Estado, o presidente do PSDB reconhece que o governo tem dado sinais recentes de disposição para dialogar em cima das propostas da oposição, mas vê com ressalvas a iniciativa. “Não estou ainda julgando, mas, como esse governo não é digno de confiança, precisamos aguardar um pouco para saber se é digno de propósito.”

Gestão de estatais

No movimento de aproximação que faz com a oposição, o governo elegeu como a principal preocupação a chamada Lei de Responsabilidade das Estatais. A proposta define regras de gestão e transparência para serem aplicadas às sociedades de economia mista e empresas públicas vinculadas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou que a proposta será votada em plenário na próxima quarta-feira.

A tentativa do governo de se aproximar da oposição vem no momento em que tanto o presidente do Senado quanto o da Câmara, Eduardo Cunha, disseram que vão colocar em votação uma agenda econômica própria, diferente dos interesses do governo, como a autonomia do Banco Central.

Desde o início da semana, o governo escalou o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, o secretário executivo da pasta, Dyogo Oliveira, e senadores aliados para discutir os termos da proposta de mudança na governança das estatais com o relator, o tucano Tasso Jereissati (CE), e com os líderes partidários. Numa rara deferência política para a gestão petista, Oliveira e o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), reuniram-se na última terça-feira com Tasso no gabinete dele para discutir o projeto.

Costa também conversou com dois críticos da proposta, Lindbergh Farias (PT-RJ) e Roberto Requião (PMDB-PR), para chegar a um consenso em torno do projeto. A intenção é evitar a apresentação de emendas ou textos alternativos.

Um dos principais pontos de entrave é o que proíbe filiados de partidos políticos a integrarem conselho de administração de estatais. Tasso é a favor, mas o governo e o PT são contra. Outro ponto polêmico é o que impede que ministros de Estado também façam parte desses conselhos. A tendência é que pelo menos esses dois pontos sejam votados separadamente do texto principal, que poderá ser aprovado por acordo.

O presidente do Senado disse à reportagem que “90%” do texto já está pacificado após a rodada de conversas. “O que não estiver pacificado, acerta um procedimento para votar. O Congresso não pode deixar de votar essas matérias controversas e não pode substituí-las por uma pauta-bomba que acabe de inviabilizar o Brasil do ponto de vista fiscal”, disse Renan.

Fundos

No caso do projeto que institui novas regras de governança para os fundos de pensão, o presidente do PSDB e relator da proposta, senador Aécio Neves (MG), concordou em não votar ontem o projeto na Comissão de Constituição e Justiça, após um pedido do líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE).

Segundo Aécio, um dos pontos de divergência com o governo é o estabelecimento de uma quarentena para que dirigentes partidários possam participar de conselhos e diretorias dos fundos de pensão. “Eles (o governo) têm uma visão tão tacanha, é uma proposta tão estruturante para o País, mas eles querem salvar os dirigentes que estão nos fundos”, criticou.

Aécio disse ter ressalvas aos sinais de abertura de diálogo pelo Planalto. Ele lembra que o governo apoiou, no Senado, o projeto do senador tucano José Serra (SP) sobre o pré-sal, mas posteriormente Dilma queria o apoio do PDT para derrubar a proposta na Câmara.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.