Política

"Houve tentativa de golpe de estado violentíssimo", diz Moraes

Relator da ação que analisou denúncia sobre a tentativa de golpe de Estado votou hoje para tornar Bolsonaro e mais sete denunciados réus

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“Houve tentativa de golpe de estado violentíssimo”, diz Moraes “Houve tentativa de golpe de estado violentíssimo”, diz Moraes “Houve tentativa de golpe de estado violentíssimo”, diz Moraes “Houve tentativa de golpe de estado violentíssimo”, diz Moraes
Alexandre de Moraes, ministro do STF
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Durante a sessão que analisou a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por golpe de Estado, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu mostrar um vídeo para comprovar a “materialidade” dos crimes cometidos no 8 de janeiro, mostrando a gravidade do caso “ao invés de falar meia hora”.

A gravação mostrou, por exemplo, os acampamentos montados em frente a quartéis do Exército e atos violentos no dia da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo Moraes, “não há dúvida” da materialidade dos delitos, narrados em sequência pela PGR. “Isso não é violência?”, questionou Moraes ao mostrar o vídeo.

“Ninguém estava passeando”, seguiu, indicando que é possível ver pedidos de intervenção nas imagens.

O ministro chegou a se referir ao 8 de janeiro como “uma verdadeira guerra campal”.

“Nenhuma bíblia é vista, nenhum batom é visto. Agora, a depredação e o ataque ao patrimônio é visto”, destacou.

Moraes também indicou que servidores, policiais, foram feridos gravemente. “É um absurdo pessoas dizerem que não houve agressão (no 8 de janeiro) e consequentemente não houve materialidade”, destacou.

O vídeo mostrado no Plenário da Primeira turma mostrou o capacete de uma policial ferida no 8 de janeiro, o qual foi classificado por Moraes como símbolo da violência.

Segundo o ministro, houve uma “tentativa de golpe de estado violentíssimo”, com “incivilidade total” e “violência selvagem”.

Justa causa para instauração de ação penal

Ainda durante a sessão, Moraes disse que está presente “justa causa” para a instauração de ação penal sobre tentativa de golpe de Estado.

Segundo o magistrado, a peça da PGR “descreveu satisfatoriamente fatos típicos e ilícitos” imputados aos denunciados, “dando aos acusados amplo conhecimento dos motivos pelo que foram acusados”.

As declarações ocorreram durante o seu voto no julgamento da Primeira Turma do STF que recebeu denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete acusados de tentarem um golpe de Estado após as eleições de 2022.

“Não há, portanto, nenhuma inépcia da denúncia, como alegado pelas defesas, porque a descrição fática da denúncia permite o pleno exercício do contraditório, da ampla defesa, não havendo, me parece, com certeza, nenhuma dúvida de todos os requisitos exigidos”, afirmou Moraes.

O ministro prosseguiu: “Da mesma forma, está presente a justa causa para a instauração da ação penal. Sabemos que o recebimento da denúncia, além dos requisitos previstos no Artigo 41 do Código de Processo Penal, exige a justa causa, que deve ser analisada dentro do tripé da tipicidade, punibilidade e viabilidade.”

Na ocasião, Moraes lembrou que o Código de Processo Penal prevê a necessidade de suporte probatório mínimo para a denúncia avançar. Segundo o ministro, porém, apesar de indícios mínimos e razoáveis, o recebimento da denúncia não representa culpa.

“O recebimento da peça acusatória não representa análise de culpabilidade de nenhum dos denunciados. O recebimento da peça acusatória depende da materialidade dos crimes, que está comprovada, mas não é uma cognição exauriente dos fatos”, declarou.