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Impasse deixa caso de Bolsonaro no Conselho de Ética sem relator

Impasse deixa caso de Bolsonaro no Conselho de Ética sem relator Impasse deixa caso de Bolsonaro no Conselho de Ética sem relator Impasse deixa caso de Bolsonaro no Conselho de Ética sem relator Impasse deixa caso de Bolsonaro no Conselho de Ética sem relator

Brasília – O Conselho de Ética não conseguiu dar andamento nesta quarta-feira, 6, ao processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). O relator escolhido para o caso foi o deputado Wellington Roberto (PR-PB), que recusou a função alegando sobrecarga de atividade em virtude da campanha eleitoral na Paraíba. O deputado disse aos colegas de conselho que não votaria contra o colega.

Bolsonaro é alvo de representação do PV por ter dedicado seu voto a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura militar. O PV pede sua cassação por apologia ao crime de tortura. Embora o prazo regimental de 90 dias úteis para o processo ser concluído já esteja em andamento, só na próxima semana haverá uma definição sobre a relatoria do caso.

No dia 28 de junho, o colegiado sorteou três titulares para relatar o processo, entre eles os petistas Zé Geraldo (PA) e Valmir Prascidelli (SP). Pela regra do conselho, não podem relatar o processo disciplinar deputados que são do mesmo Estado, do mesmo partido ou do bloco parlamentar do representado. Pela configuração do conselho, só seis deputados do PT e do PR estavam aptos a relatar o caso. O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), sinalizou que não pretende dar a relatoria aos petistas e por isso vai ouvir a consultoria jurídica para decidir se faz o sorteio do terceiro nome ou se será obrigado a escolher entre os deputados do PT.

O deputado Laerte Bessa (PR-DF) fez uma questão de ordem na sessão desta tarde de quarta-feira, 6, argumentando que os petistas não poderiam ser relatores porque a direção do partido já defendeu a cassação de Bolsonaro, portanto não haveria imparcialidade dos parlamentares. “Observamos a total parcialidade dos membros do PT”, afirmou.

Prascidelli alegou que disputas partidárias não podem nortear a escolha dos relatores no conselho e que não há impedimento regimental ou legal para que ele ou Zé Geraldo exerçam a função. “Vou buscar as condições regimentais para que esse sorteio seja mantido”, avisou.

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) saiu em defesa de Bolsonaro e disse que é inadmissível que um partido ataque o princípio da inviolabilidade do mandato parlamentar. “Eu respeito o Partido Verde, (mas) é uma excrescência um partido pensar que vai ter um ganho político, que vai em algum momento fazer um bem ao País ao tentar sacar contra a inviolabilidade do deputado no exercício do mandato”, criticou. O petista Zé Geraldo reagiu ao discurso com ironia. “Como teve a tropa de choque de Cunha, agora tem aqui a tropa de choque do Bolsonaro”, comentou.

Consulta

O conselho aprovou hoje um parecer que estabelece novas regras para a substituição de membros titulares e suplentes. Pela regra aprovada nesta tarde, o deputado que renunciar à vaga não poderá retornar ao colegiado enquanto durar o mandato de dois anos do grupo. A substituição se dará pelo suplente do mesmo partido e caberá ao líder da bancada indicar o substituto do suplente que for nomeado titular.

A consulta é apenas um entendimento do colegiado e não tem força de projeto de lei. A medida foi aprovada após uma série de mudanças na composição do conselho durante o processo disciplinar contra o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). As alterações eram vistas como forma de garantir votos favoráveis a Cunha.