Política

Incra pede auditoria geral em compra de terras para a reforma agrária

O ofício, que fala em restringir novos assentamentos, acompanhou as propostas de reestruturação do órgão feitas por um grupo de trabalho criado em fevereiro

Incra pede auditoria geral em compra de terras para a reforma agrária Incra pede auditoria geral em compra de terras para a reforma agrária Incra pede auditoria geral em compra de terras para a reforma agrária Incra pede auditoria geral em compra de terras para a reforma agrária
Foto: Divulgação

Um ofício enviado pela presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ao Ministério da Agricultura propõe uma auditoria geral nas aquisições de terras para a reforma agrária. O documento, assinado pelo presidente João Carlos de Jesus Corrêa e encaminhado à pasta no dia 31, cita “interferências ideológicas e político-partidárias, fruto de gestões administrativas e financeiras no mínimo questionáveis”, como causas do “relevante atraso” no processo de distribuição de terras no País.

O ofício, que fala em restringir novos assentamentos, acompanhou as propostas de reestruturação do órgão feitas por um grupo de trabalho criado em fevereiro. “Na atual conjuntura, parece desaconselhável a alocação de recursos públicos para a criação de novos projetos de assentamentos, até que áreas excedentes sejam ocupadas pelas unidades familiares”, afirma o grupo de trabalho.

No parecer ao Ministério da Agricultura, o presidente do Incra diz ainda que “diagnósticos indicam a existência no órgão de uma cultura permeada pela ideia de impunidade e uma eventual aceitação de desvios de conduta, além de frequente inobservância de processos, regulamentos e normas”. Ainda segundo ele, “percebeu-se que interferências político-partidárias nos processos técnicos da autarquia impactaram negativamente as sistemáticas de planejamento, coordenação e controle, o que prejudicou gravemente a efetividade e a eficiência das ações do Incra”.

Corrêa informou ainda que as propostas buscam criar condições necessárias para a conquista de objetivos estratégicos marcados pelo Planalto.

Fiscalização

Conforme o grupo de trabalho, é necessária também uma auditoria nos recursos públicos usados no desenvolvimento de áreas reformadas, após a criação e implantação dos projetos criados, com a verificação “da verdadeira situação fática” em que se encontram as famílias de agricultores que ali vivem e trabalham.

O grupo propõe “rever os processos de obtenção de terras em trânsito na autarquia” e “limitar a criação de projetos de assentamentos a somente quando o imóvel estiver devidamente incorporado ao patrimônio da autarquia”.

O diretor da Confederação Nacional das Associações de Servidores do Incra, Reginaldo Marcos Aguiar, disse que, nos termos em que foi encaminhado ao Ministério da Agricultura, sem citar nomes, o documento pode causar risco de generalização. “O problema é que até agora não se fez nada para melhorar a situação dos assentados, que o próprio Incra admite ser de abandono.”

Procurado, o Ministério da Agricultura não respondeu até a publicação desta matéria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.