Política

Juízes federais repudiam ataque de 'cunho sexista' contra Cármen Lúcia

Juízes federais repudiam ataque de ‘cunho sexista’ contra Cármen Lúcia Juízes federais repudiam ataque de ‘cunho sexista’ contra Cármen Lúcia Juízes federais repudiam ataque de ‘cunho sexista’ contra Cármen Lúcia Juízes federais repudiam ataque de ‘cunho sexista’ contra Cármen Lúcia

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) publicou neste sábado, 22, uma nota em solidariedade à ministra do Supremo Cármen Lúcia em virtude dos ataques sofridos em um vídeo veiculado pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) nesta sexta, 21. A entidade afirma que a manifestação foi “duplamente grave”, por “atentar contra o exercício da Magistratura” e por se apoiar em “estereótipos de cunho sexista”.

O vídeo gravado pelo petebista ataca pessoalmente a ministra pelo voto que ela deu no julgamento em que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) determinou que a rádio Jovem Pan se abstenha de se referir a Luiz Inácio Lula da Silva por meio de termos considerados ofensivos pela defesa do petista. Carmen Lúcia acompanhou o voto de Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski e Benedito Gonçalves, ministro da Corte.

“Não se pode permitir a volta de censura sob qualquer argumento no Brasil. Este é um caso específico. Estamos na iminência do 2º turno das eleições. A proposta de inibição é até o dia 31 de outubro, exatamente ao dia subsequente, para que não haja o comprometimento da lisura, da higidez, da segurança, do processo eleitoral e dos direitos do eleitor. Mas eu vejo isso como uma situação excepcionalíssima”, disse a ministra para justificar o voto.

Jefferson começa o vídeo dizendo que foi “rever o voto da Bruxa de Blair da Carmen Lúcifer, da censura prévia à Jovem Pan”. Ele insinua que a ministra estaria habituada a dar decisões em prol de inconstitucionalidades.

No final, o ex-deputado afirma que Carmen Lúcia “é podre por dentro e horrorosa por fora” e que “se puser um chapéu bicudo e uma vassoura na mão, voa”. Ele encerra comparando o Supremo a uma latrina.

Desde agosto de 2021, Jefferson está em prisão domiciliar. Ele foi condenado em 2013 nos processos do Mensalão, mas recebeu um indulto em 2015. O retorno à prisão domiciliar foi determinado no curso do inquérito das milícias digitais. Ele tentou disputar a Presidência da República, mas teve o registro da sua candidatura rejeitado em votação unânime do TSE.

LEIA A NOTA DA AJUFE NA ÍNTEGRA

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), entidade representativa da magistratura federal brasileira, se solidariza com a Ministra do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia, em face dos ataques injustificáveis e inaceitáveis sofridos em decorrência de sua atividade jurisdicional.

A manifestação é duplamente grave, porque atenta contra o exercício da Magistratura e também porque se apoia em estereótipos de cunho sexista, que historicamente sedimentam violações de direitos das mulheres, o que exige uma forte reação para que não se naturalizem comportamentos repugnantes como estes, vindos de quem quer que seja.

O Estado Democrático de Direito se caracteriza pela pluralidade de valores, sendo imprescindível que todos os cidadãos, em especial figuras públicas, dediquem igual dignidade e respeito a todas as pessoas.

Por isso, a reação da Magistratura deve ser firme e inequívoca, de forma que essas atitudes não sejam banalizadas ante tantas ofensas que vêm sendo proferidas durante este momento da história brasileira.

Ao tempo em que presta irrestrita solidariedade à Ministra Cármen Lúcia, a Ajufe reitera sua posição de banimento desse tipo de conduta e a necessidade de responsabilização em todos os âmbitos, inclusive o criminal, para que se possa avançar na construção de uma sociedade mais justa, plural e solidária.

Brasília, 22 de outubro de 2022

Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe)